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Pesadelos de campanha
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É dura a vida do candidato, notadamente quando se lança a vereador, o que exige campanha corpo a corpo, o tal contato direto com o eleitor.
Conta Natureza Morta que um conhecido seu mergulhou nessa aventura e, depois, citou alguns pesadelos, ocorridos à noite e à luz do dia.
Relatou o infeliz que tudo começa com o sorriso:
– É preciso sorrir sempre e demonstrar com isso otimismo e confiança, mesmo sabendo não ter a menor chance de vitória.

“Voto” até de manequim

Durante uma incursão à cata de votos, muito nervoso, posto que era reta final de campanha, o infeliz – como diz Natureza – depois de percorrer a pé boa parte de um bairro, entrou numa loja de roupas. E, automaticamente, todo sorrisos, foi apertando a mão dos funcionários. Na saída, mais automaticamente ainda, estendeu a mão para dois manequins de plástico junto à porta.
Não sabe o infeliz se conquistou algum voto, mas provocou risos e gargalhadas. E quase foi aplaudido.

A cantilena modernosa

Para aumentar e apertar o nó na cabeça do infeliz, o candidato é forçado a encarar um chorrilho diário de manifestações bem à moda dos novos tempos. Repertório que se limita às recorrentes expressões:
– Belê! Com certeza! E até a do fundo do baú tô contigo e não abro…
Concluída a jornada, novo pesadelo: fugir do mapa na primeira pesquisa de boca de urna.
Mas, pelo que consta, não se pode fugir dessa roda viva. A busca do voto do tal povão.

Total identificação com o candidato

Sobre essa empreitada, o professor Afronsius contou uma história, que lhe foi repassada por uma jornalista que participou de uma campanha eleitoral. Integrou a assessoria de imprensa de um candidato a senador, em Curitiba. Seu trabalho era editar os depoimentos colhidos nas ruas, para o horário gratuito na televisão.
Quando dava tudo certo, o “popular” declarava que iria votar no candidato, era fácil montar o programa. Mas teve um que, embora anunciando com entusiasmo que iria votar no candidato, não pôde ir ao ar.
– Eu vou votar no Zé do Chapéu porque ele é gente simples, pobre e trabalhador como a gente.
O Zé do Chapéu tinha outro apelido, antes de se lançar candidato. Próspero banqueiro, dono um dos estabelecimentos mais importantes do país, era chamado de Zé do Banco.
– E o infeliz, seu amigo, venceu? – quis saber Beronha.
– Que nada. Não pagou nem placê…

ENQUANTO ISSO…


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