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Pior foi em 38
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Disputada na França, a terceira Copa do Mundo, 1938, teve como pano de fundo o ensaio geral para a II Guerra. A Itália ergueu o caneco, mas o Brasil, que ficaria em terceiro, conseguiu se destacar, principalmente pelo futebol de Leônidas da Silva, que tinha nos pés “um toque mágico”, segundo os europeus. Foi o Craque da Copa, com 7 gols, ganhando o cognome Diamante Negro.

Além dos adversários, a seleção teve de enfrentar a arbitragem (“penalties só contra o Brasil!”) e o próprio Jules Rimet, presidente da Fifa, que recusou (sem ler) o recurso encaminhado no episódio do pênalti em favor da Itália. A bola não estava em jogo, mas o árbitro suíço Hans Wuethrich, ou Wutrich, assinalou uma penalidade.

Início do segundo tempo,10 minutos, Colaussi abriu o placar para os italianos. Cinco minutos depois, o árbitro suíço marcou o tal pênalti de Domingos da Guia sobre o atacante Piola. Apesar das reclamações, Giuseppe Meazza cobrou com perfeição e ampliou a vantagem italiana. No fim do jogo, aos 42 min, Romeu descontou para o Brasil, mas já era tarde.

– O jogo estava parado. Piola vinha na corrida e me atingiu com um pontapé, que eu revidei. O juiz não podia prejudicar o time com o jogo parado – declaração de Domingos da Guia.

Copa A

Itália, a primeira bi

Da Seção Achados&Perdidos, exclusiva do blog: com 15 equipes – houve países que não marcaram presença devido à iminência do conflito mundial -, a Copa foi disputada de 4 a 19 de junho. Nos 18 jogos, 84 gols – média de 4.7 por partida. Público: 481 mil.

Embora tenha impressionado o mundo (“Nunca joguei contra melhor back do que Domingos”, confessaria atacante italiano Piola), o Brasil não chegou lá. Campeã de 1934 (público de 395 mil), a Itália bateu a Hungria na finalíssima, 4 a 2, com 2 gols de Piola. Tornou-se a primeira seleção da história a conquistar um bicampeonato consecutivo, façanha que só se repetiria 28 anos depois, com o Brasil.

Último grande evento esportivo mundial antes da guerra, a Copa não contou com a Espanha (não pôde viajar devido à Guerra Civil Espanhola, ou Guerra de Espanha, como corretamente prefere o jornalista Jorge Eduardo Mósquera), e a Áustria (anexada pela Alemanha nazista), que, no entanto, “emprestou” vários jogadores à seleção alemã. Da América Latina, a Argentina e o Uruguai ficaram de fora. Os argentinos queriam que a Copa fosse em casa.

Na primeira fase, Leônidas da Silva marcou três gols na vitória por 6 a 5 sobre a Polônia, mas foi o polonês Ernest Wilimowski quem entrou para a história: o primeiro jogador a marcar quatro gols em uma partida da Copa. No tempo regulamentar, como se diria hoje, Brasil e Polônia ficaram no 4 a 4. Na prorrogação, 2 a 1 para o Brasil – dois gols de Leônidas.

Copa E

* Na foto, Leônidas marca o sexto gol do Brasil. Depois do empate de 4 a 4, houve prorrogação (2 a 1).

Índias Orientais Holandesas e Socoro 

Por outro lado, a Suécia se classificava sem fazer nenhum esforço. A Áustria tinha desistido.E duas seleções tiveram a sua primeira e única participação no evento: as Índias Orientais Holandesas (Indonésia, após a independência) e Cuba, que empatou em 3 a 3 com a Romênia, forçou um jogo extra e chegou à segunda fase após bater os romenos por 2 a 1.Os cubanos contaram com os gols de um jogador de nome Socorro. Mas, na fase seguinte, Cuba levou de 8 a 0 da Suécia.

Depois de passar pela Noruega (gol de Piola na prorrogação), a Itália, seleção medalha de ouro nas Olimpíadas de 1936, eliminou a França na segunda fase (59 mil espectadores) no Estádio Olímpico de Colombes,”periferia de Paris”. 3 a 1. Piola, sempre ele, marcou dois gols. A Itália jogou de preto por ordem do ditador Benito Mussolini.

Já em Bordeaux, Brasil x Tchecoslováquia envolveram-se em tremenda confusão: três expulsões no 1 a 1 e graves contusões: o goleiro František Plánička quebrou o braço e o atacante Oldřich Nejedlý sofreu fratura na perna. Na prorrogação, empate de 0 a 0. Na partida de desempate, Brasil 2 a 1.

E assim, final da Copa, restaria cumprimentar os italianos, que bateriam a Hungria na sequência, por 4 a 2. Isso e, conforme o jornal O Globo, “depois de vencer o nosso seleccionado nas condições conhecidas, o grande paiz amigo levanta brilhantemente campeonato mundial.”

Grande país amigo. Pois é… Haja simpatia por Mussolini.

Copa D

As imagens são do livro O Globo de Todas as Copas, 1982, Editora Nova Fronteira.

ENQUANTO ISSO…

15 junho (1)

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