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Presença marcante
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Era uma rodada recheada com alguns clássicos regionais. Assim, com o recinto totalmente ocupado, o Bar VIP da Vila Piroquinha viveu (mais um) de seus dias de glória e apoteose, segundo Beronha, que diz frequentar o estabelecimento “só ocasionalmente todos os dias”.
Professor Afronsius, que reza pela mesma cartilha do nosso anti-herói de plantão, deixou escapar, depois, que, independentemente dos resultados, o que chamou a atenção da maioria – “ainda em condições de enxergar corretamente alguma coisa” – foi a camisa de um torcedor.
– Camisa? Qual? De algum time amador da Escandinávia? – interveio Natureza Morta.
– Não. Do Corinthians.
– Alguma novidade nisso?

Torcida organizada (ela toda?)

O vizinho de cerca (viva) foi ao detalhe: atrás, junto ao distintivo e o nome do Timão, lia-se “Torcida Organizada Uraí”.
A pergunta que brotou em mesas ao lado: onde fica?
– Norte do Paraná – arriscaram alguns poucos.
E não faltou quem brincasse:
– Então, está presente aqui toda a torcida organizada do Corinthians em Uraí…
O solitário da Vila Piroquinha aproveitou para falar um pouco de e sobre Uraí. Criado em 1947, o município tem uma população que ronda a casa de 11 mil habitantes, numa área de 235,7km², o que dá 45,04 habitantes por quilômetro quadrado. Era distrito de Assaí, com o nome Pirianito.

De Pirianito a Uraí

Recorrendo à sempre preciosa ajuda da seção Achados&Perdidos, exclusiva do blog, pôde acrescentar que, em 1944, precisamente em 12 de abril, Pirianito deixou de ser distrito do município de Assaí e a se chamar Uraí. Três anos depois, foi elevado à condição de município.
Controvérsias à parte, a escolha do nome, segundo um dos pioneiros, Basileu Marfará, está ligada à colonização japonesa (1936). “Antigos moradores queriam dar à cidade um nome mais brasileiro possível”. Assim, pesquisaram o vocabulário de tribos indígenas. Detiveram-se em mandioca e curare, ou uraí. Optaram por Uraí.
O município teve fase áurea com o cultivo do rami, nome que vem de ramish, palavra de origem malaia. A planta tinha ampla utilização, do fabrico de tecidos, cordas e barbantes à produção de celulose. Tanto que Uraí já foi chamada de “Capital Mundial do Rami”. Com produção anual de 7 mil toneladas da fibra, a exportação atendia Japão, Itália, França, Suíça e Estados Unidos.

Braços e mãos pelo rami

Em 1980, Uraí virou notícia nacional. Culpa da máquina chamada periquito, utilizada para o desfibramento do rami. A “cidade dos homens sem braço”, como relatou na época o jornal Folha de Londrina, tanto eram os casos de mutilação e amputação de trabalhadores rurais, ao colocar o rami na boca das máquinas.
Muitas denúncias e protestos depois, o uso das máquinas foi proibido. Finalmente, apesar das queixas do patronato, alegando prejuízos.

De novo nas páginas

Mais recentemente, Uraí ganhou as páginas com a cassação do “prefeito mais velho do Brasil”. Susumo Itimura (PSDB) tinha 93 anos. Reeleito em 2008, produtor rural, estava no quinto mandato. E apresentou uma das maiores declarações de bens à Justiça Eleitoral entre os candidatos pelo país: mais de R$ 55 milhões. Por 6 votos a dois, a Câmara cassou seu mandato. Itimura nasceu no Japão e chegou ao Brasil com um ano de idade.
Segundo o noticiário, “além do título de prefeito mais velho do país, que detém pelo menos desde a eleição de 2004, ficou conhecido também pela contratação maciça de parentes para cargos na prefeitura”.
– É melhor ficar festejando a marcante presença do solitário torcedor do Coringão… – encerrou o professor Afronsius.

ENQUANTO ISSO…


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