Enquanto a bola da Copa não rola oficialmente, a Gibiteca de Curitiba continua dando de goleada. Nesta quarta-feira, 11, mais um lançamento, às 19 horas. Com direito a bate-papo com Franco de Rosa e Gonçalo Júnior. Gibi? Beronha gostou.
– Sou do tempo em que a nossa gibiteca funcionava na frente do Cine Curitiba, para a troca de gibis.
De fato. Hoje, fica no Solar do Barão, Rua Carlos Cavalcanti nº 533, Centro.
– Este detalhe é importante, posto que a cidade está cheia de visitantes – aproveitou professor Afronsius, outro apaixonado por quadrinhos.
Mas vamos lá: além de A Insólita Familia Titã, que traz implacáveis super-heróis vingativos, teremos A Noiva Zumbi, de Gonçalo Junior e Fábio Cruz, que reinventa a morte no cangaço.
Entrando em detalhes
Segundo a Opera Graphica Editora, o álbum A Insólita Família Titã apresenta duas histórias completas ilustradas por Joe Bennett. A Insólita Família Titã, escrita em parceria com Gian Danton, e Powers, de sua própria autoria. “São duas das mais consistentes e maduras obras dos quadrinhos brasileiros, relançadas depois de décadas”.
Ainda da editora: são histórias que refletem a época em que ocorreu uma grande mudança narrativa nas histórias em quadrinhos. Bennett e Danton são dois artistas brasileiros que inovaram ao adotar o estilo seco e dinâmico concebido por Frank Miller e Allan Moore nas HQs Cavaleiro da Trevas e Watchmen, ambas divisoras de águas na história dos quadrinhos.
“Uma espécie de tragédia grega protagonizada por um trio de super-heróis que recebem seus poderes inesperadamente e logo precisam resolver uma questão de convívio entre si, envolvendo o eterno conflito amor x ódio, o que torna essa aparentemente despretensiosa historieta em uma saga exemplar sobre a convivência e as atitudes humanas”.
Powers é um thriller angustiante: “apresenta uma crescente série de explosões e destruições, envolvendo um ambiente atômico, tendo como elemento principal uma mulher misteriosa. Trata-se de uma narrativa em formato de story-board, com quadrinhos horizontais. É como se fosse a melhor parte de um filme de ação, no qual os motivos da fúria da personagem vão sendo revelados a cada instante, culminando com um grande final”.
O álbum A Insólita Família Titã inclui, ainda, matérias sobre os autores, depoimentos inéditos, além de uma saborosa galeria com desenhos de Joe Bennett.
Zumbis dominam o cangaço
Já A Noiva Zumbi, de Gonçalo Junior e Fábio Cruz, reinventa a morte no cangaço. Ou o ato de decepar a cabeça dos cangaceiros no Nordeste brasileiro, recorrente até a primeira metade do século 20. “As lendas diziam que isso era feito não só como uma medida cruel ante corpos já sem vida. Segundo a crendice popular, essa era a única forma, de fato, para se exterminar um bandido daqueles. Nascia, desse modo, a lenda dos cangaceiros zumbis”.
A partir disso, os autores imaginaram que os famosos cangaceiros se transformavam em zumbis para tentar resgatar a cabeça da companheira do chefe do bando, levada como troféu pelos soldados da volante. Os chamados macacos da volante (polícia). A carnificina que pôs fim à vida de Lampião, Maria Bonita e seu bando, em 1938, deu ao roteirista Gonçalo Junior e ao desenhista Fábio Cruz motivação para criar esta graphic novel original.
“Uma história em quadrinhos de terror diferente de todas já vistas, valorizada pelo novo traço originalíssimo que marca a volta de um dos mestres do desenho que fez história no jornal Gazeta Mercantil, Fábio Cruz. Desenho solto e muito atual, em uma edição impressa em cor especial, com subtons quentes.”
Em tempo: A Noiva Zumbi é publicada sete anos depois de sua primeira versão ter sido divulgada e disponibilizada no YouTube, com o título A Cabeça da Noiva.
Em tempo II: obrigado e abraço para Maristela Garcia, a competente responsável pela programação artístico cultural da Gibiteca.
ENQUANTO ISSO…
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