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Show de bola, fora de campo
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Já que falamos de futebol, ontem, vamos voltar ao assunto. Com um molho todo especial por conta da seção Achados&Perdidos. Trata-se do livro “Assim Falou Nenem Prancha”, de Pedro Zamora, Editora Crítica, 1975. Um livraço que, já na apresentação, traz um texto de João Saldanha. Ele destaca que “foi feliz o autor em escolher Nenem Prancha para o título, pois nosso futebol tem muito ou tudo a ver com o velho filósofo das peladas”, que “ensinava futebol aos meninos das praias cariocas”. Praias do Leme ao Leblon, “onde ficou mais conhecido do que carrocinha da Kibon”, segundo Zamora.
Na época, o futebol brasileiro era totalmente empírico, da bola à administração, o que garantiu lugar de destaque ao livro. Aliás, ainda hoje a literatura futebolística é pobre. Abordando esquemas táticos, a importância do preparo físico, a origem e a correta interpretação das regras aplicadas pela arbitragem (alô, Flavio Stege Júnior e Celso Cesseti! Essa parte deve interessar sobremaneira a vocês dois, profundos estudiosos do assunto…), o livro é rico também pelos casos contados por Nenem Prancha, na verdade, de registro, Antonio Franco de Oliveira.

Humor de primeira

Além das tiradas e pensamentos, Nenem criou um neologismo no futebol: indisplicente. Mistura de indisciplinado com displicente. Tem ainda uma história sobre o técnico Tim (Elba de Pádua Lima): chega um jovem candidato ao plantel do alvinegro e garante à “velha raposa” que não fuma, não bebe, não joga cartas… Tim não deixou o cara continuar: “Quer dizer meu filho que você está querendo aprender isso tudo aqui no Botafogo”.
Sobre o “pé-torto”: no treinamento, jogador recebe uma bola de primeira e manda para as nuvens. Nenem, apontando para o Cristo Redentor: “Aquele ali não tá jogando não. Pelo menos eu não escalei”.
Para Nenem, “jogador de futebol tem que ser como sorveteria: ter muitas qualidades”. E tem mais.
“O pênalti é tão importante que quem devia cobrar era o presidente do clube”. Outra: “Se concentração ganhasse jogo, o time do presídio não perdia um”. E outra: “O goleiro deve dormir com a bola e, se for casado, dormir com as duas”. E mais uma “Jogue a bola para cima, pois enquanto ela estiver no céu não tem perigo de gol”.
Os três, Nenem, Saldanha e Zamora, nunca esconderam uma paixão em comum. O Botafogo, chamado pela torcida de “o Glorioso”.
Bons tempos. Pelo Botafogo e os personagens da época.

ENQUANTO ISSO…


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