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Uma partida inesquecível
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Para quem acha que já viu tudo em matéria de futebol: certa feita, numa pescaria nos arredores de Curitiba, Natureza Morta e Beronha foram parar em um campo de futebol. Explicando: o campo ficava ao lado do rio. Como os lambaris deveriam estar de férias, o jeito foi optar pelo jogo. Era domingo, e dia de festival. Estava lá o clássico aviso, no mais clássico ainda placar de madeira: São Manoel x Visitantes.
Beronha: “Pombas, todas as cidades do Brasil que eu conheci têm um time com o nome de Visitantes. Serão todos Visitantes FC ou tem algum Sport Club Visitantes?”.
Natureza fez que não ouviu. Dirigiu-se ao serviço de alto-falante para pedir ao locutor uma música, “dedicada para a mocinha de vestido cor de rosa que acaba de chegar pelo lado direito do bar”. Bar é a maneira de dizer.
Um puxadinho que abrigava os vestiários, verdadeiros cubículos, e o balcão do boteco.
Uma cerveja bem gelada? “É pra já, amizade”. E o atendente, envergando um avental que há muito tempo não dava um mergulho no tanque de lavar-roupa, enfiava a mão entre as barras de gelo para retirar do fundo da tina a mais estupidamente gelada. Tina de madeira era a geladeira da época para tais circunstâncias.

Bola pro mato?

O jogo? De doer. Mais lamentável do que o serviço de bar. Ou a discoteca do serviço de alto-falante, sem falar do som. Volta e meia um becão desesperado chutava pro mato, ou melhor, chutava para o rio. E lá ia o goleiro, apressadamente, impedir que a bola fosse levada pela correnteza. Num determinado lance foi obrigado a mergulhar no rio.

Queda na hora H

Mas o jogo valeu por um lance. Ofensiva do São Manoel, o insidioso atacante parte célere com a bola em direção ao gol dos visitantes, mas, ao tentar entrar na grande área, pumba! O inesperado. Desaba espetacularmente, indo de cara para o chão. A bola continua mansamente seu trajeto até as mãos do goleiro. Enquanto a turma do bar mobiliza-se para prestar “atendimento médico”, Natureza, intrigado com o desfecho do lance, vai examinar o local. Fica espantado: na falta de cal para riscar o gramado, delimitando as linhas do campo, foram abertas pequenas valas, estreitas, em linha reta (com exceção, é claro, do círculo central e da meia lua). Como eram visíveis apenas do alto, o pequeno atacante acabou metendo o bico da chuteira em uma das “valetas”, estatelando-se.
Ah, o quase artilheiro recuperou-se rapidamente e, diante das negativas do árbitro, parou de reclamar depois de muito insistir no pedido de pênalti. Voltou ao jogo, jogo que ficou no zero a zero, dispensando o trabalho do pessoal de plantão no placar nada eletrônico.

ENQUANTO ISSO…


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