• Carregando...
Uma “viagem” até a Lua
| Foto:

Beronha chega à mansão da Vila Piroquinha às 11 e meia. Logo cedinho, como tratou de justificar, porque quer tirar uma dúvida. Natureza Morta oferece um cafezinho, mas nosso anti-herói de plantão opta por algo mais apropriado para esquentar:
– Não tem aí uma vodka Bakunin?
Diante da negativa, fica no seco.
Mas qual a dúvida? A distância da Terra à Lua. Ruim em matéria de números, tanto que não joga no bicho nem na Mega-Sena, o solitário da Vila Piroquinha pede licença para consultar o Google, o seu Google pessoal: vai à biblioteca e volta sobraçando alguns livros.

Daqui até o satélite

A distância da Terra à Lua é de 384.405 km. Cerca de 384.405, explica Natureza. E essa era uma questão que atormentava o homem há séculos. Basta ver que Hiparco, um dos maiores astrônomos gregos (190-120 A.C.), queimou as pestanas para medir a distância, mas concluiu que, graças à geometria, poderia fazer um cálculo durante um eclipse lunar.
– Pôxa, esse tal de Hiparco era fera… – comentou Beronha.
Natureza aproveita para repassar que a Lua é um satélite que tem um quarto do diâmetro da Terra. A superfície é rica em alumínio e titânio.
– Ah, então é por isso que o homem foi até lá…
Mas, afinal, por que o súbito interesse no satélite natural da Terra?
– Foi no bar VIP, aquele que eu não frequento… Tudo começou com uma discussão sobre a tabela de classificação do Brasileirão e foi indo. A chance de fugir do rebaixamento, em alguns casos, é mínima. Mais fácil ir até a Lua. No pé dois. Pela aposta, está valendo uma caixa de cerveja.

Vale uma caixa

Desfeito o mistério, Natureza aproveita para, folheando o livro a “Criação Imperfeita”, Record, 2010, de Marcelo Gleiser, fazer uma brincadeira. Diz que os apostadores poderiam estudar a questão de perto utilizando um telescópio.
– Impossível, já estava todo mundo torrado, ninguém enxergava mais nada – devolve Beronha.
O solitário da Vila Piroquinha lamenta, e para provocar, lê um pequeno trecho de Gleiser: “O número de polegadas de um telescópio mede o diâmetro do espelho que capta a luz, em geral ao fundo do instrumento. Quanto maior o diâmetro do espelho, mais poderoso o telescópio”.
Não resiste, pula para outra página e encontra Platão. “O único círculo perfeito é a ideia de círculo que existe em nossa imaginação. Qualquer representação concreta de um círculo será necessariamente incompleta”.

Vale a pena ler de novo

Aproveitando o embalo das citações, Natureza saca outro livro. É de Luis Fernando Verissimo, que, pela boca do professor Fortuna, um de seus personagens em “Os Espiões”, 2009, Editora Objetiva, é genial: “A literatura terminou com Sófocles. Tudo o que veio depois é post scriptum”.
Ou, como diz no prólogo, “formei-me em letras e na bebida busco esquecer”.

ENQUANTO ISSO…


0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]