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A (velha) luta do trabalho
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A propósito de reivindicações e direitos conquistados pelos trabalhadores: é altamente recomendável  voltar no tempo. Era simplesmente dramática situação brasileira no início do século XX: 14 horas de trabalho por dia e, em muitos casos, 17 horas. Meia hora de intervalo para almoço.

O comércio fechava entre 9 e 10 da noite. E havia até castigos físicos para os mais jovens, quando cometiam erros. A semana tinha seis dias de trabalho e o domingo para descanso. Não remunerado, é claro. Havia no Brasil 150 mil operários dando duro. Começaram, então, a pipocar greves. Passo seguinte, a formação de sindicatos.

A ajuda dos imigrantes

Nos primeiros anos do século foram criados mais de mil sindicatos no país. E muitos deles se uniram. Em abril de 1906, por exemplo, o Rio de Janeiro, então Capital Federal, foi palco do 1.° Congresso Operário Brasileiro. No ano seguinte, por força de decreto, foi autorizada a criação de sindicatos profissionais, mas eles teriam de atuar “sob o espírito da harmonia entre patrões e empregados”. Ou seja, capital e trabalho deveriam andar de braços dados.

A luta, então, estava concentrada na redução da jornada de trabalho para 8 horas, direito que os trabalhadores da Europa já desfrutavam.

A imigração foi fundamental para os avanços. Em 20 anos, o Brasil tinha recebido quase 2 milhões de imigrantes e, com eles, novos ventos, a certeza de que o trabalhador tinha uma malha de direitos. Tal reconhecimento, na Europa, custou mais de um século de lutas.

E, no caso de Curitiba, houve a greve geral de 1917. Está devidamente documentada no livro A Greve Geral de 17 em Curitiba – Resgate da Memória Operária, de Ricardo Marcelo Fonseca e Maurício Galeb, com prefácio do advogado Cláudio Ribeiro. De 1996, o livro do Instituto Brasileiro de Relações de Trabalho (Ibert) resgata “a grande luta dos operários curitibanos no mês de julho de 1917”. E faz justiça “com aqueles operários que, apostando na dignidade humana, se insurgiram contra a exploração”.

Das férias ao reajuste salarial

Em 1925, um avanço: o decreto que tornou obrigatório por parte de estabelecimentos bancários, industriais e comerciais a concessão, anual, de férias remuneradas de 15 dias a seus empregados. Em 1932, outro decreto limitou a jornada de trabalho na indústria em 8 horas diárias, com a ressalva de que o trabalho só poderia ser prorrogado para 12 horas “em casos extraordinários”.

A partir daí, as greves passaram a ser principalmente por reajuste salarial. A maior delas ocorreu em 1932, em São Paulo: começou na oficina da Estrada de Ferro São Paulo Railway. Aderiram à paralisação empregados das fábricas de calçados, padeiros, tecelões e operários têxteis. O movimento de 32 chegou ao interior, mobilizando, ou imobilizando, 200 mil pessoas. A greve durou um mês, com a vitória dos trabalhadores, mas, conforme o previsto, muitos deles foram despedidos e vários líderes acabaram na cadeia.

Décadas depois, simplesmente sumiriam.

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