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Vida (e vidas) de cão – (final)
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Retomando a conversa, Natureza Morta lembrou que Otto Maria Carpeaux diz ter conhecido poucos casos em que “leitores sofisticados” aceitaram histórias de bichos. Cita a novela Krambambuli, da escritora austríaca Marie Von Ebner-Eschenbach (1830-1916), que ele, Otto, selecionou e fez o prefácio para Novelas Alemãs, antologia da editora Cultrix.
É a história de um cão, fiel a seu dono, um ladrão de caça, que faz pouco caso dele, maltratando-o. Até que o vende ao guarda florestal. Agora bem tratado e estimado, o cão torna-se fiel ao novo dono.

Momento decisivo

Mas chega o dia do conflito e da luta corporal entre o guarda e o ladrão. “Desesperado, sentindo o dever de lealdade para com o dono atual e não podendo esquecer os laços que o prendiam ao outro, o cão fica no meio, entre os dois homens: e é a vítima da luta”.
Não há falso antropomorfismo na história, pois a lealdade instintiva é a qualidade específica do cão. “É autêntica essa tragédia da lealdade dividida, que é o tema da novela. Mas a lealdade dividida também pode ser a tragédia humana”. Carpeaux crescenta que, na velha Áustria, antes de 1914, “os tchecos e outros eslavos, habitantes do império, estavam com a lealdade dividida: os seus deveres de cidadãos austríacos e suas simpatias para com os outros povos eslavos, fora das fronteiras. Mas os cidadãos austríacos, de língua alemã, também simpatizavam, talvez um pouco demais, com o império alemão, lá fora”.

O cachorro de Hitler

Finalizando o artigo, Otto Maria Carpeaux põe em cena Prinz, o cachorro de estimação de Hitler. Durante o cerco a Berlim, ficou fechado no bunker, mas fugiu do subterrâneo.
Hitler ordenou vasta operação militar para recapturar o fugitivo.
“Mas o cão já tinha atravessado o rio Elba. Na Alemanha Ocidental procurou novo dono. Achou. E o dono lhe deu outro nome”.

ENQUANTO ISSO…


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