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O que os vizinhos tanto fazem afinal?
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Uma das maiores diversões de uma pessoa que não sabe muito bem como se divertir na vida é imaginar, pelo som que vem das paredes, o que os vizinhos estão fazendo. A minha vizinha de cima, por exemplo.


Sempre acho que ela monta um cavalo e começa a cavalgar pelo quarto as sete (7h00min) da manhã. Acho que ela acorda, pega um monte de bolas de bilhar que guarda sobre a cama e começa a jogá-las no chão. Depois calça tamancos holandeses e vai até a sala, onde monta num pangaré e começa a dar voltas ao redor da cama com o cavalo. No fim da manhã, ela dança a chula, mas eu não quero imaginá-la dançando chula. Pelos sons que ouço, é isso o que ela faz.

A vizinha de baixo tem um cachorro que costuma dar cabeçadas e arranhar a porta para cada pessoa que sobe pelas escadas do corredor. Fico imaginando ele, do outro lado da porta com a cabeça ensanguentada, as unhas em carne viva e aqueles dentes de fora todos sangrando como se tivesse saído de um filme de zumbis. Ele acabou de devorar sua dona e agora quer pegar todos os moradores do prédio. Tenso.

Quando eu era pequeno sempre passava alguns dias das minhas férias no apartamento do meu tio Ezequiel. Os vizinhos de cima eram bem barulhentos, mas eu não conseguia distinguir o que diabos estavam fazendo. Eu imaginava que eles jogavam boliche todas as noites na sala de estar. Anos depois, quando vi aquele episódio em que o pobre colega de trabalho de Homer Simpson, Frank Grimes, disse que morava num apartamento em que, em cima funcionava um boliche e, embaixo outro boliche, me lembrei dos vizinhos do meu tio.

É inevitável não fazer barulhos que podem irritar os vizinhos, como arrastar cadeiras ou dar algumas passadas fortes no chão. Não lembramos, não nos damos conta de que isso pode estar fazendo alguém ter um colapso nervoso do outro lado da parede.
Nada que uma advertência, um PUTAQUEPARIU bem gritado ou uma multa não nos lembre de que devemos nos portar como se morássemos em apartamentos sob rígidas regras civilizatórias, e não num playground, por exemplo. Ou até o dia em que tivermos um vizinho como Charlie Manson.

Benett

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