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O ditador Nicolás Maduro, que reivindica soberania sobre 70% do território da Guiana.
O ditador Nicolás Maduro, que reivindica soberania sobre 70% do território da Guiana.| Foto: EFE/Rayner Peña R.

Uma disputa territorial que se arrasta ao menos desde a década de 1960 chamou a atenção do mundo na última semana. A solicitação de revisão de fronteira de Essequibo, localizada entre Venezuela e Guiana, seguida de ameaça real feita por Nicolás Maduro – ditador que mantém proximidade ideológica com o presidente Lula –, pode ser considerada mais um alerta para os desmandos de chefes de poder na América do Sul. A discussão sobre anexar Essequibo trouxe à luz a ditadura imposta pela política esquerdista que contamina países vizinhos e traz reflexos diretos para o Brasil. Situação que não é apenas condenável do ponto de vista diplomático, mas que escancara a realidade de uma ditadura não mais velada.

Com a finalidade de inserir a população na farsa de um processo democrático, o governo de Maduro realizou um referendo a fim de propor a criação de um estado venezuelano em Essequibo. A ideia é anexar 70% do território da Guiana para explorar suas riquezas, como gás e petróleo. Segundo o governo venezuelano, 51% dos cidadãos compareceram às urnas e indicaram aprovação à criação de um estado. Dados conflitantes quando comparados com os informados pelas agências internacionais, que apontaram participação de 10% da população da Venezuela nessa votação. Ou seja, um governo que apresenta informações inverídicas, maquiadas, típicas de um regime ditatorial que cala a voz do povo. E que, infelizmente, a cada dia avança mais.

A discussão sobre anexar Essequibo trouxe à luz a ditadura imposta pela política esquerdista que contamina países vizinhos e traz reflexos diretos para o Brasil

Há três meses, com requerimento de minha autoria, o Senado Federal realizou uma audiência pública para ouvir María Corina Machado, candidata da oposição à presidencia da Venezuela. Corina, que estava proibida de sair do país vizinho, participou da sessão por videoconferência e falou sobre a opressão que sofre no país, além de narrar as restrições a que estava sujeita. Corina não podia participar de atos públicos e sofria perseguição quando saía às ruas. Nesta semana, fomos pegos de surpresa por mais um golpe do autoritário Maduro: assessores de Corina foram presos, acusados de traição e conspiração contra o plebiscito.

Chefes de Estado de diversas nações se pronunciaram em relação às ações do tirano vizinho. Os Estados Unidos, em tom elevado, imediatamente manifestaram reprovação. Já o presidente Lula, que demonstrou ter relações muito próximas com Maduro, mais uma vez foi complacente. Econômico nas palavras, Lula disse apenas que é preciso construir a paz. Manifestação novamente inaceitável de um chefe de um governo que faz fronteira com a Venezuela e que assiste, em estado de inércia, aos desmandos de um ditador. Lembremos que o Brasil é um país que tem uma das maiores reservas de petróleo do mundo. Aceitar com passividade a tentativa de invasão à Guiana e a prisões ilegais de opositores à ditadura é ser conveniente com futuras – e possíveis – tentativas de ataques a instituições democráticas do Brasil. E se a moda pega?

Recordo ainda que a mesma dinâmica se vê na Bolívia. Há poucas semanas, o Senado aprovou uma proposta para adesão da Bolívia ao Mercosul. Fui inicialmente contrário porque o governo boliviano mantém presos políticos, como a ex-presidente Jeanine Anez Chavez e o ex-governador da província de Santa Cruz Fernando Camacho – ponto fundamental que fere a cláusula democrática e que proibiria a Bolívia de se tornar membro do Mercado Comum do Sul. Depois, em acordo, cedi com a condição de constituir comissão especial de senadores para visitar o país.

A realidade é que a paz na América do Sul está ameaçada e não podemos ser simples espectadores.

Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos
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