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Há dois lugares comuns nas recentes revoluções árabes. O primeiro pensamento burro é que se trata de uma derrota do governo americano, que apoiou diversos ditadores da região durante anos. Outra máxima corriqueira dos analistas profissionais dá uma dimensão superlativa às redes sociais, como se hashtag fosse o suficiente para derrubar governos. Além disso, temos que aguentar a esquerda se alvoroçando em puxar para si créditos de possíveis desfechos. Alguém realmente acredita que os socialistas/comunistas/estudantes de comunição têm alguma coisa a ver com isso? Não custa lembrar que Lula já chamou Kadafi de “amigo e irmão”.

A melhor análise até o momento foi feita pelo colega Marcos Gouvea, o Marrom. Segundo ele, o discurso anti-imperialista é dos mais equivocados possíveis. Se há um vitorioso nessa história toda, além do povo árabe, obviamente, é justamente a ideologia norte-americana. Por trás também estão grandes mentes judias. Eu acrescentei que se trata, no fim das contas, da aplicação do sempre citado Destino Manisfesto sem o fundo religioso. Mas esta minha complementação não foi muito bem aceita pelo colega. E a análise dele faz todo o sentido.

Primeiro é fato incontestável que o Exército americano é o maior responsável pela onda democrática que inunda o mundo árabe. Desde a organização dos manifestantes até as poucas informações que rompem o bloqueio dos ditadores quase tudo é canalizado exclusivamente pela internet, ferramenta criada pelos americanos da Arpanet lá pelos anos 1960. É uma das poucas plataformas sobre as quais os governos não têm total domínio e jamais conseguirão controlar tudo o que circula por ali. Como o genial projeto já previa, a internet deve sobreviver a qualquer tipo de ataque, de forma descentralizada e sem ter um “curador” oficial. A internet é uma das melhores metáforas para o que os americanos entendem por liberdade.

Não vou citar todas as invenções exclusivamente americanas que deram a base para os recentes protestos. Vai da Microsoft à Cisco. Ou seja, tudo o que se entende sobre informação moderna. Acho que já deu para pegar o teor da teoria. Deste ponto de vista, aquele papo americano de levar sua visão democrática e de liberdade para o resto do mundo faz todo o sentido. Ninguém notou, mas os jovens árabes carregam muito deste pensamento e usam ferramentas norte-americanas para pô-lo em prática. Os árabes também devem agradecer aos judeus. Pois, se realmente as redes sociais são tão importantes assim para derrubar ditadores, a maior delas partiu da cabeça do judeu nova-iorquino Mark Zuckerberg. Vejam que maniqueísta o mundo é.

Depois das palavras de Marrom, aquela reunião da última semana entre o presidente americano Barack Obama e os mestres da tecnologia atual ganhou um significado maior. Não foi divulgada a pauta. Mas dá para imaginar o que rolou: representantes da Apple, Yahoo!, Twitter, Oracle, Cisco Systems e Facebook entre outros comemoraram a derrocada dos governos árabes. Estes caras são a nova CIA.

– mais só no Twitter

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