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Destruição total por uma justa causa
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Cena de Just Cause 2: divertidos desafios às leis da fisica fazem parte da rotina do jogo

Pense em um filme ruim. Mas daqueles de aventura muito tosco mesmo, como os da série James Bond, Missão Impossível ou Avatar. Daqueles em que a Lei de Newton fica mais próxima do esoterismo (levitação) do que da física. Roteiros que não se envergonham de fazer o protagonista pular do Pão de Açúcar e cair nas Cataratas do Iguaçu. Que deturpam a lógica de que, independentemente do peso, dois corpos caem sempre na mesma velocidade. Pressupor que uma pessoa consiga alcançar outra em queda livre é tão idiota quanto imaginar que um homem pode pular de um carro, acionar um paraquedas e entrar num helicóptero, como no caso de Just Cause 2, lançado no mês passado para Xbox 360, Playstation 3 e PC.

Mais idiota ainda seria pressupor que os videogames deveriam seguir as rígidas regras da gravidade e esquecer que, nessas caixas, vale tudo. Aquilo que aparentemente é estúpido nas telas ganha outras conotações no mundo dos videogames. É divertido se livrar das amarras da lógica e da coerência. Concessões que não poderiam desmerecer, de forma alguma, uma obra.

Aos fatos: Just Cause 2 conta a história do agente secreto da CIA Rico Rodriguez. Ele deve abandonar as merecidas férias para enfrentar uma missão quase impossível (e previsível) em uma ilha paradisíaca no meio do nada. Já na ilha de Panau, com cenários imensos cheios de palmeiras, praias e florestas, o protagonista precisa derrubar um governo corrupto. Para isso, não contará com a ajuda de nenhum colega, apenas de um vasto arsenal de traquitanas de guerra que causariam inveja a qualquer agente inglês fictício. No melhor estilo “sandbox”, o jogador pode interagir com quase tudo que aparece na tela. Melhor, pode destruir quase tudo. A mecânica dá múltiplos caminhos para um mesmo objetivo. Matar um inimigo com um tiro poderia ser considerado uma atitude um tanto quanto conservadora quanto se é possível jogar uns ganchos para subir numa torre, de lá disparar um míssil contra uma plataforma que se desmanchará na cabeça do adversário. Ou ainda se pendurar em um helicóptero e manobrá-lo para que atinge um terceiro.

Doses cavalares de adrenalina se acavalam minuto a minuto em Just Cause 2. Assim como diretores Paul Greengrass (Su­­­pre­­­­­macia Bourne) e Michael Bay (Transfor­mers), a Avalanche Studios joga o protagonista direto para dentro da ação. E de lá não o tira mais. A ação, ressalte-se, não é apenas estilo, é também um forma coesa de narrar uma história. Tudo começa e termina nela, numa espécie de turbilhão de acontecimentos mecânicos que escondem uma fina e fraca história. Dificil­mente alguém lembrará da história no meio de tantos acontecimentos. Panau é a segunda ilha mais movimentada do mundo, atrás apenas daquela de Lost.

O que torna o jogo ainda mais divertido e insano é que não há qualquer pretensão de levar a história a sério ou compromisso com verossimilhança. Os gráficos podem não ser dos melhores, assim como a jogabilidade é, de certa maneira, bem conservadora. Mas a junção de ação frenética com destruição total de cenários das formas mais absurdas possíveis chega a um resultado bem positivo. Por alguns mo­­mentos, o jogador tem a sensação de estar na pele de um super herói, sem grandes poderes, mas com um vasto poder de destruição. Tudo para o bem da humanidade, claro. A destruição é justificada. Quanto mais bagunça for feita na ilha mais perto estará o jogador do objetivo final: derrubar o ditador. Pelo menos é mais factível que seres azuis.

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