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Talvez não esteja claro que a discussão do diploma de jornalista não seja apenas “uma mera questão de organização de classe” (recomendo a visita ao colega André Gonçalves). E que esta discussão rasteira atinge mais quem não tem diploma que os amigos bacharéis. Vamos a um “case” de sucesso:

Rapaz trabalhador estudava de manhã e trabalhava no período da noite. A rotina era puxada. Indignado com os acontecimentos de sua cidade na região metropolitana de Curitiba, resolveu criar um blog para fazer alguns questionamentos. Suas palavras começaram a ecoar pela vizinha. Não satisfeito continuou cobrando providências para os problemas do cidadão. Os órgãos públicos locais começaram a responder, muitas vezes em nota, e a fazer promessas de melhoria. Com simplicidade colocava tudo lá, pois via sua página como um escape para questões que não eram tratadas nos jornais. Ou eram tratadas de uma forma muito distante.

Certo dia, recebeu uma carta do sindicato cobrando o jornalista responsável. Ele não era jornalista. Foi tentar explicar o caso no Sindicato dos Jornalistas do Paraná. Descobriu que não poderia usar certas estruturas, como escrever os famosos “quem”, “quando”, “onde” e afins. Muito menos dar a versão do outro lado. Já que este modelo era exclusivo de jornalistas formados, aqueles que tanto amam seus diplomas. Tentou argumentar que tinha apenas um blog. Foi ameaçado, com ofício e tudo, de que poderia ter problemas se insistisse em dar voz à sua voz.

Naquele momento percebeu que os jornalistas haviam patenteado algumas estruturas de texto. Uma pessoa ordinária não poderia mais usar esta logística de informação com risco de ser acionado na Justiça. Recorrer a quem? Talvez o melhor seria se tivesse nascido antes para poder registrar a determinada construção de texto no INPI. Ou mudar para algum país desenvolvido que ainda não registrou tal ideia genial. Ainda guarda os documentos como exemplo. A obrigatoriedade do diploma do jornalista fere, em parte, a liberdade do cidadão.

Mas discordo dos que tentam justificar a manutenção da obrigação com o argumento vil de que estou defendendo o fim das faculdades. Como diria Toni Ramos, muito pelo contrário. No meu caso, por exemplo, pude vivenciar as melhores festas e conhecer pessoas legais. Só por isso já valeu o investimento. Lá conheci muitas pessoas de opinião. E aprendi a desconfiar das que não tinham opinião para nada.

Você acredita que é correto uma pessoa ter censurado seu blog por não ser jornalista? Essa é a ética da obrigatoriedade que se aprende nas faculdades?

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