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O realismo de Hollywood chega aos games
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Fotos: Divulgação
Killzone 2: como o Soldado Ryan, só que com aliens em lugar dos nazistas

Steven Spielberg colocou os filmes de guerra em um novo patamar em 1999. Histórias no fronte já haviam sido abordadas de todas as maneiras no cinema. Não que o enredo de O Resgate do Soldado Ryan trouxesse algo novo. Mas a perfeição técnica dos feitos especiais elevou o filme a um novo nível, tornando tudo que havia sido feito antes mambembe. Dez anos depois, foi a vez de uma produtora holandesa aumentar a qualidade estética de um setor que também já estava saturado: os jogos de tiros em primeira pessoa.

O diretor americano conseguiu levar o espectador a uma meia hora interminável dentro da Segunda Guerra Mundial. Para acompanhar a chegada das tropas americanas na costa francesa da Normandia, com os soldados sendo recebidos a tiros, mesmo embaixo da água, em pleno Dia D, era preciso prender a respiração. Corpos sendo esfacelados, bombas ensurdecedoras e muitos tiros passando a milímetros das cabeças dos soldados. Por instantes, fica a impressão que, se fosse possível, havia-se tido uma experiência real, mesmo sendo um filme.

Pegue os primeiros 30 minutos do blockbuster e os prolongue por dez horas a fio. Troque os nazistas por monstros alienígenas. É isso que o jogador vai encontrar em Killzone 2, recém-lançado para o Playstation 3. Que o console da Sony é o mais potente graficamente do mercado já é notório. E se alguma dúvida persistia, a Guerrilha Games comprovou o que todos esperavam desde a primeira aparição do jogo em 2005, quando foi apresentado o primeiro trailer na feira E3. A palavra-chave é imersão. Total, frenética e brutal.

O roteiro é simples. O jogador e mais três personagens desembarcam em campo inimigo, o planeta Vekta, para matar o máximo de soldados Helghast, cujos capacetes têm olhos grandes e vermelhos (marca do jogo). A simplicidade da história, ao contrário do que muitos podem pensar, é uma qualidade. A atenção deve ser voltada nos cenários bem construídos, na inteligência artificial empregada e a interação dos objetos de cena. O objetivo é criar um clima de guerra. Por isso a ambientação é tão detalhada, com muitas explosões, construções em ruínas e uma densa névoa que, provavelmente, fariam parte de uma batalha real. No meio disso tudo uma singela trilha sonora executada pela Orquestra Sinfônica de Londres. É o que os produtores chamam de “Realismo de Hollywood”. E têm razão.

E são impressionantes as sensações geradas. É possível sentir o peso dos uniformes, armas e objetos. A respiração ofegante do soldado. O refinamento dos sons e da movimentação ao ser atingido por um disparo. A visão ofuscada quando se está ferido. Quase sente-se o cheiro do sangue. Não é uma experiência real, obviamente, porém é bem realista.

Terminada a aventura ainda pode-se jogar contra pessoas reais com uma conexão de internet. O jogo permite que até 32 jogadores se enfrentem ao mesmo tempo em uma partida. Com tanta gente, o que já era tumultuado se torna esquizofrênico.

Talvez só haja um problema no nível técnico apresentado por Killzone 2. É que, como o cinema viu em O Resgate do Soldado Ryan, o jogador sabe que demorará um bom tempo até que um jogo de tiro consiga ultrapassar as barreiras agora postas.

Publicado no caderno de tecnologia da Gazeta do Povo

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