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Quando o 3D perde a profundidade
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Divulgação
Remake de 2009 melhorou nos gráficos, mas não trouxe avanços na jogabilidade

O pontapé inicial dos jo­­gos de tiro em primeira pessoa, os chamados FPS (first-person shooter), foi dado no longínquo ano de 1992, quando chegou ao mercado Wolfenstein 3D. A ainda desconhecida produtora id Software, já capitaneada pelo hoje guru dos games John Carmack, inovou ao criar um título com gráficos tridimensionais e que pela primeira vez tornava possível que o jogador pudesse trocar armas e utilizar a mira de cada uma delas de mo­­do bem parecido com o mun­­do real, principais caraterísticas que tornaram o gênero o mais popular da atualidade. Depois de Wolf3D, vieram os clássicos Doom, Quake, Half-life, Halo e muitas outras franquias de sucesso.

Nazistas, zumbis, fantasmas e alienígenas (?) ajudaram a amarrar o enredo do jogo pioneiro. O agente secreto William “B.J.” Blazkowicz é preso em um combate durante a Segun­da Guerra Mundial. Com a vi­­são em primeira pessoa, o jogador tinha que passear nos cenários tridimensionais para escapar do castelo onde ele foi en­­carcerado. Era preciso matar guardas, coletar itens, destruir projetos de armas químicas e impedir experimentos malévolos realizados pelos nazistas em seres humanos. O jogo era bem simples, com apenas quatro armas, sem relevos e múltiplas fontes de iluminação. O que não o impediu de se tornar um marco e criar uma legião de sucessores. Vale lembrar que também foi um dos primeiros ga­­mes a mostrar sangue jorrando dos inimigos, o que o le­­vou a ser bastante criticado na época.

Com a recente onda de re­­makes que assola o mundo dos games, a id Software resolver dar uma repaginada no clássico e lançou, no início do mês, Wolfenstein (sem o 3D, que não faz o menor sentido hoje em dia), disponível para PC, Play­station 3 e Xbox 360. Na nova história, Blazkowicz precisa impedir que os nazistas desenvolvam soldados com poderes sobrenaturais usando artefatos milenares encontrados em um sítio arqueológico. Argu­­mento muito parecido com o do filme HellBoy.

Entre as mudanças da nova versão, a mais explícita e óbvia foi o salto gigantesco na qualidade dos gráficos. Houve também um incremento no número de armas disponíveis. No arsenal original (faca, pistola, metralhadora e metralhadora giratória) foram acrescentados diversos rifles, granadas e poderes paranormais acionados com o uso de um medalhão mágico. Com este último ítem, o jogador pode lançar os adversários pelos ares ou destruir cenários inteiros com apenas um comando. A jogabilidade bem calibrada se manteve parecida com a de 1992, apenas adicionando alguns elementos da série Call of Duty, como atalhos para troca de armas.

Mesmo com os avanços técnicos, o Wolfenstein atual parece padecer de uma falta de in­­dentidade. Ao contrário da evo­­lução do gênero, que focou nas disputas multiplayer e em partidas online, o jogo se mantém amarrado na campanha para apenas um jogador. A possibilidade de jogar com até doze participantes está inclusa, mas não foi bem aproveitada, pois carece de modalidades mais dinâmicas e só traz três tipos de disputas.

É difícil entender qual foi o objetivo da produtora para re­­criar o clássico, pois ficou claro que, do jeito que foi feito, o jo­­go nasceu extremamente datado. Por mais que seja notável a evolução gráfica, não houve avanços consideráveis na jogabilidade para que se fizesse ne­­cessário o lançamento. Talvez sirva para enaltecer ainda mais o original ao se constatar que, mesmo com os 17 anos passados, os jogos de tiro em primeira pessoa ainda seguem à risca os elementos do primeiro Wolfenstein.

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