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Videogames são arte? Eu não tenho a resposta. Após anos me fazendo esta pergunta, a melhor conclusão, prévia, a que cheguei é a de que ninguém pode afirmar o contrário.

Abaixo segue um texto do leitor Henrique MsAa, que volta a atacar o tema. Acompanhem:

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Videogame também é arte

Arte: [Modo pelo qual se obtém êxito; habilidade: a arte de agradar, de comover.]
[Expressão de um ideal de beleza nas obras humanas: obra de arte.]

As pessoas sempre têm uma visão errada das coisas. Computador e internet eram coisas de nerd. Rock era coisa de vândalo. Anime era coisa de criança. E mais muitos exemplos de ‘pré-conceitos’ (o conceito definido previamente, antes de se poder entender o assunto em questão por inteiro). E videogames não são diferentes: coisa de nerd, coisa de viciado. Felizmente, isso mudou com o tempo, assim como os outros exemplos acima. Mas não aqui, não no Brasil. Para se ter uma ideia, o videogame é a décima arte lá fora. E algum brasileiro sabe/leva em conta isso? Não.

Nos Estados Unidos, França, Itália, Japão, e muitos outros países, vídeo-games já passaram de nível. Não são mais considerados coisas ruins, que viciam (apesar de realmente viciarem), que apenas nerds e crianças usam. Nesses países, os jogos de vídeo-game são tratados como arte. Há propagandas na televisão, dezenas de lojas especializadas nisso, críticos renomados sobre o assunto, e mega-empresas que faturam muito mais que todos os filmes do mundo. Call of Dutty: Black Ops – jogo de tiro que se passa durante a Guerra Fria – faturou 360 milhões de dólares nas primeiras 24 horas de venda, e mais de 1 bilhão em DOIS MESES. Avatar, o filme com maior bilheteria da história, arrecadou 2 bilhões até HOJE.

Para se fazer um livro, uma música, um quadro, é difícil. Para se fazer cinema, é preciso de tudo isso e mais. Para se fazer jogos, mais ainda: Se usa música, história (fictícia e não fictícia), arquitetura, física, fotografia, cinema, dublagem, programação, produção, etc.

Além do mais, pode-se contar uma história muito melhor em um jogo; além de se interagir, você tem dez vezes o número de horas que um filme. E ao contrário destes, não cansa ficar tanto tempo assim na frente da tevê jogando.

Há jogos que contam histórias muito mais belas e geniais que muitos filmes. Exemplos?

Metal Gear Solid conta uma genial história de espionagem. Cheia de reviravoltas e mistérios, o jogo tem cutscenes (‘cenas de corte’: Videos pré-programados que você assiste em determinadas parte de um jogo) que chegam à uma hora e meia, duração de muitos filmes.

Assassin’s Creed ensina história real enquanto diverte. Passando de Jerusalém na Idade Média à Itália no Renascentismo, o jogo mistura fatos reais e fictícios, porém mantendo os fatos gerais da história como eles realmente ocorreram. Uma aula de história. E ainda há toda uma trama envolvendo templários, deuses, iluminismo, guerras, política e outras coisas. E mais uma: já respondi corretamente uma questão de história numa prova sobre o renascentismo por jogar ACII.

Braid tem uma jogabilidade fácil e intuitiva, fazendo com que o jogador pense para conseguir avançar no jogo. E, por trás do visual bonitinho, há uma história bela e realmente genial, tudo contado de forma figurada durante o jogo.

Heavy Rain: The Origami Killer é um jogo como nenhum outro. A melhor definição para o jogo seria: um filme de drama interativo. E é realmente isso. O roteiro do jogo tem mais de duas mil páginas. Um filme tem cerca de cento e cinquenta. A história é de um pai – que teve um de seus filhos mortos por um acidente de carro – , tentando salvar seu outro filho, que fora raptado por um assassino em série. E é você quem decide a trama, escolhendo as falas e ações dos personagens durante o jogo. É realmente emocionante.

Silent Hill: Shattered Memories é um jogo de terror japonês. Você tem que controlar Henry Manson, que se perdeu da filha em um acidente de carro. Além de botar mais medo que muito filme de terror, o jogo conta uma história linda e emocionante – tanto que, admito, chorei no final do jogo.

E há infinitos outros jogos que eu poderia descrever aqui. Jogos que criam mitologias próprias e únicas, jogos que te fazem raciocinar, jogos que te ensinam, jogos que fazem chorar.

Por isso, a visão brasileira de jogos tem que mudar. Cultura? Jogos têm de sobra. Dinheiro? Jogos faturam muito. Aprender inglês? Com jogos é fácil e intuitivo.

Uma maneira totalmente diferente de se fazer arte, mas ainda assim, é arte. Não é coisa de nerd, criança, ou coisa de piá. Adultos jogam, mulheres jogam. Adultos produzem, mulheres produzem. O Wii é usado em fisioterapia. O Kinect é usado em medicina, e tem potencial para infinitas coisas.

E nada de vir com a desculpa de que há muitos jogos violentos e cheios de palavrões. Diga-me: a cada dez filmes, quantos têm violência e palavrão? Só uma coisa, filmes dublados não contam.

Desvirtuar? Criar crianças violentas? Besteira. Um exemplo simples disso: quem é o cara violento e vândalo na sala de aula? O ‘nerd’, que joga vídeo-game, ou o cara ‘pop,’ que vai pra balada e vê Big Brother?

Vídeo-game é sim arte. É uma arte que se produz, se aprecia e se aprende.

Por Henrique MsAa (henry_york@hotmail.com)

– mais só no Twitter

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