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Carlos Careqa – Alma boa de lugar nenhum – parte 2
| Foto:
Edson Kumasaka / Divulgação
Carlos Careqa e Chico Buarque, durante a gravação do CD Alma Boa de Lugar Nenhum

Vamos para a segunda parte da coluna sobre o novo disco de Carlos Careqa, este catarinense-curitibano que vive em São Paulo. Na semana passada, falei um pouquinho do Alma Boa de Lugar Nenhum e publiquei a primeira parte da entrevista. Agora, falo mais do disco, reproduzo o texto de apresentação do encarte, uma espécie de editorial do autor sobre o novo trabalho, e publico a segunda parte da entrevista.

Neste seu oitavo trabalho, Careqa se distancia do pop. Embora o disco seja variado e tenha até samba, o resultado é bem mais intimista. Aproxima-se, talvez pela escolha do piano como instrumento único, das canções de cabaré. A in­­terpretação com piano deixa tudo mais dramático. Afinal, Bertolt Brecht é inspirador e comparece com duas músicas, uma versão (Meu Pequeno Rádio) feita pelo brasileiro que foi aprender alemão por causa dele (como revela no texto do encarte) e outra (Balada da Dependência Sexual) pela dupla Marcelo Marchioro e Celina Alvetti.

Estou cheio de arte/ Como nunca vi antes/ Aviso aos navegantes:/ Agora vou ancorar!” canta o compositor em “Estou Cheio de Arte”, a música que abre os trabalhos, com participação de Ana Fridman, no piano e arranjo. Entre os músicos convidados, aparecem ainda Chico Mello, Karin Fernandes, Tiago Costa, Arrigo Barnabé, Paulo Braga, André Mehmari, além, é claro, de Chico Buarque.

Para explicar o disco, Carlos Ca­­reqa escreveu o seguinte texto no encarte:

“Alma Boa de Lugar Nenhum é possivelmente uma autoironia, já que sou o personagem central de todas as minhas músicas. Político talvez, mas com certeza um recado (para quem?). Nossas atitudes revelam todos os dias nossas opções políticas.

Quis fazer um disco simples, apenas com piano e voz: sou apaixonado por esse instrumento que nunca aprendi a tocar. Para isso, contei com o talento e a percepção de um time de craques, todos com muita musicalidade.
Aí apareceu a participação do Chico Buarque, interpretando daquele jeito que eu gosto de ouvir.

O Arrigo, cantando a última parceria que fiz com Itamar, ainda vivo, em um tempo já distante…

E tem Bertolt Brecht, Kurt Weill e Hans Eisler, que fizeram maravilhas no século 20 e pouca gente conhece. Estudei alemão por causa desse cara – o Brecht – tão encenado no Brasil, mas tão pouco praticado.

Enfim, há homens que lutam um dia… A gente pensa que não vai mas vai.

A morte é nossa amiga a cada dia que passa.

O fim é só um começo do recomeço que não sei onde vai dar.

Estou cheio de canções. Estou cheio de arte.”

A seguir, o complemento da entrevista feita por e-mail:

Há parcerias com o Rui Werneck de Capistrano e com o Itamar Assumpção, como aconteceram?

A parceria com o Werneck já existe há dez anos, pelo menos: foi um livrinho que ele me deu. Achei muito legal a poesia e musiquei. O Werneck é uma referência pra mim em Curitiba. Um cara que sempre soube o que escrever.

A parceria com o Itamar também acho que existe há 12 anos. É a última de uma série de três letras que ele me deu ainda no ano de 2000. Quando eu morava no mesmo prédio da Anelis, filha dele.

Este é o teu trabalho mais influenciado pelo Arrigo Barnabé? Também tem a presença do Chico Mello…

Talvez sim, claro que sempre tem a influência do Arrigo e do Chico. Mas, talvez, é um resumo de tudo que tenho ouvido ultimamente, Tom Waits por exemplo.

Eu gostaria mesmo de tocar piano e assim poder assinar melhor o disco. Mas eu me cerquei de tanta gente boa, que nem que eu nascesse de novo eu poderia tocar como estes instrumentistas que tocaram no disco.

Você vai conseguir interpretar tudo ao violão nos shows? Ou vai tocar piano?

O show vai ser de piano e voz mesmo. O Paulo Braga será o pianista, eu só vou cantar. Também vou chamar a Letícia Sabatella para cantar algumas músicas no show e dizer alguns textos. Quero fazer um show no estilo cabaré. Acho que vai ficar bem legal.

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