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Dá pra ser feliz com “O Mais Feliz da Vida” ?
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A colaboradora e sócia-atleta permanente deste blog (agora menos mal afamado), Rafaela Cardoso, escreve sobre o novo disco dA Banda Mais Bonita da Cidade, “O Mais Feliz da Vida”:

ABMBC

Inicio minha apresentação de impressões, resenha ou seja lá como queiram chamar, frisando o quão estranho eu achei os comentários de blogs especializados sobre o primeiro disco d’A Banda Mais Bonita da Cidade, em publicações sobre o segundo. Gente falando que o disco é bagunçado, estranho e tal. Pô é tão bom quanto o segundo moçada! O tesão do primeiro é a sonoridade “descentralizada”, o não conceitual, as pouquíssimas certezas. Por favor, não vão me interpretar mal, estou falando de representação e não de qualidade musical.

Já “O Mais Feliz da Vida” é mais definido, mais explorado, é um disco conceitual, né?! Não sei pra vocês amigos leitores, mas pra mim, as diferenças sonoras são bem perceptíveis. Querem exemplos? … Uyara Torrente está cantando lindamente como no primeiro disco, só que com os agudos e seu lado soprano bem mais explorados. (me corrijam caso apareça algum erro), provável consequência da grande turnê que fizeram. A inserção dos coros na maioria das canções (coisa que achei muito da bacana) e de alguns instrumentos de sopro. E claro, os sons bem aparentes entre o fim de uma e o começo de outra musica.

Mudando de musica pra letra, garanto que o trabalho de mapear as composições que a Uyara fez não poderia ser melhor. A canção título que é de Rodrigo Lemos é divertida e libertadora, pra nós ouvintes e acho que pra banda também. Aliás, Rodrigo vem mais uma vez mostrando toda a sua versatilidade musical tão admirável.

Gostei bastante de “Maré Alta” e sua pegada pop/musica chiclete. A ótima letra pertence a Castor Luiz e ao pernambucano Tibério Azul (por favor, vão atrás de “Bandarra”, um disco primoroso) e a musica é do Rodrigo.

“Uma Atriz”, talvez a primeira musica a ser tocada nos shows antes do lançamento do disco, tem interpretação entregue e sincera de Uyara Torrente, que nos permite recriar todas as cenas da canção tão claramente, é daquelas canções pra se ter o refrão na cabeça durante dias. A composição é de Vitor Paiva.

Um velho conhecido dá o ar da graça novamente em “O Mais Feliz da Vida”. Alexandre França compositor de “Mercadoramama” retorna com “Saindo de Casa”. Letra da qual nem preciso dizer muito, França foi mordido pelo bichinho da composição lindamente! rs. Um bichinho muito original e genial. É por isso que dá aquela pontinha de certeza quando ouço algo e logo penso: essa musica é do França! Ainda não consegui explicitar bem o quê, mas “Saindo de Casa” tem uns elementos que lembram “Mercadoramama”.

A trinca já velha conhecida da qual Alexandre França faz parte também retorna no segundo disco. Contando ainda com Troy Rossilho e Luiz Felipe Leprevost que no primeiro disco assinavam “Solitária” e “Se Eu Corro”, neste segundo assinam a deliciosa “Deixa Eu Dormir Na Sua Casa”, que além de um bom arranjo tem a entonação de voz da Uyara quando canta “e o medo, sente medo quando estamos juntos.” que deu um brilho teatral a mais a canção. “Reza Para Um Querubim” também é composição da trinca, que conta também com Thiago Menegassi. Já ouvi a bela canção num destes vídeos do Youtube, que aqui tem destaque no uso do “eco” nas vozes (deve ter um nome técnico pra esse recurso, mas não faço idéia de qual seja), a junção de letra e musica ganhou tom de mantra. Mas o grande trunfo da canção é a voz do Troy Rossilho, que chega pra fechar um disco tão bem feito com voz madura e incrível, e que junto com Uyara fez uma interpretação espetacular.

Por último, deixo minha preferida. “Potinhos”. Que não à toa foi composta pelo lindo do Luiz Felipe Leprevost, que se superou na delicadeza, na emoção e na tristeza.

Primeiro ele dá o soco – “Nada de um coração que foi triturado mastigado e jogado fora / Nada dessa fera que se auto devora, se autodestrói…” – e depois trata o hematoma – “Ponham um daqueles potinhos com água e açúcar em que o beija-flor vem beber…” – Luiz Felipe vomitou sua alma, por mais estranha que esta frase possa parecer, rs. A musica fica por conta da talentosa Thayana Barbosa. “Potinhos” é refrescante, enche o coração e ainda clama pela nossa sensibilidade durante a audição. E se você chorar, não se preocupe, eu também já chorei ouvindo-a.

“O Mais Feliz da Vida” demonstra sim o amadurecimento da banda, em todos os aspectos, apesar de eles já serem maduros no primeiro disco. E é muito bom prestarmos mais atenção em Vinicius Nisi, O Produtor (que também comanda os teclados), porque ele vem fazendo trabalhos ótimos nessa função. Vale o destaque para a capa do Álbum, uma senhora com uma expressão um tanto triste e as marcas da velhice, é a Dona Julia. O que criou uma contradição no disco. Reforçado com a tristonha “Um Cão Sem Asas” de Vitor Paiva e a estreante compositora Uyara Torrente. Confesso que gostei da contradição, eu geralmente adoro contradições, mas aqui, representa que a banda não deixa a ousadia de lado e sempre pede mais de nós para ouvi-los. Agora, se dá pra ser feliz com “O Mais Feliz da Vida”? dá, pra ser triste e é claro que dá pra ser feliz!

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