Lucina faz show neste sábado (14/09) em Curitiba, junto com João Egashira. Veja informações sobre o show mais abaixo.
Lucina faz música como quem respira. Mas o ar que entra à vontade, sai reciclado, melhor do que o que entrou. É tratado com carinho e criatividade. Para ela, compor é fácil. Tanto que tem mais de mil músicas assinadas e hoje se dedica a ensinar composição a quem quiser.
Foram 3 LPs (aos mais novos, que não sabem o que é isso, são discos de vinil) e 4 CDs lançados com a parceira Luli (que hoje assina Luhli). São mais cinco discos solo, fora as inúmeras participações em discos de outros músicos. Além disso, prepara a gravação de mais discos (a meta seria 10), só ela e o violão, a convite do músico, professor e pesquisador Ivan Vilela.
Começou muito cedo, quando Lúcia Helena Carvalho e Silva ainda era chamada de Lucinha e Lucelena. Ela lembra que tudo começou a mudar em sua vida aos 10 anos, quando ouviu “Chega de Saudade” com João Gilberto pelo rádio. Pediu um violão de presente, ganhou e descobriu-se afinada e, conseqüência de quem toca e canta, tornou-se popular na turma da escola.
Em 1967, depois de estrear uma peça de Paulo Coelho, junto com Guto Graça Mello e Mariozinho Rocha, estrelaram um programa na TV Continental, chamado “O mundo é nosso”, criado para, como a emissora propagandeava, “salvar a música brasileira”. O programa teve presenças ilustres como Elis Regina, MPB4, Marcos Valle e outros. Formaram o grupo Manifesto, que venceu o II Festival Internacional da Canção com a música “Margarida”, de Gutemberg Guarabyra.
Gravou com Edu Lobo, Nelson Mota, Tibério Gaspar. Aos 19 anos, foi contratada pela Phillips. Viu nascer a Tropicália. E quando parecia em uma carreira meteórica, parou de cantar.
“Os festivais começaram a ser manipulados pelas gravadoras. Era uma época de ditadura e a turma era politizada …”. Recorda ela agora que os anos desfocaram a mágoa.
O retorno, o desgosto e o reinício
Ela voltou para o Rio de Janeiro para estudar Comunicação. Então, em um festival de arte, conheceu Luli. “Em 1 mês, já tínhamos feito 20 músicas”. Voltaram aos festivais e foram finalistas com a música “Flor Lilás”, ganhando como premiação a gravação de um compacto duplo. A gravadora cumpriu com sua obrigação, mas lançou um disco cheio de erros, segundo elas, erros propositais, porque a intenção era promover os Novos Baianos e abafar todos os que poderiam representar alguma concorrência.
Depois dessa nova desilusão, deram um tempo, foram viver no mato um sonho hippie, com a música sempre presente. Em 1979, graças a uma herança recebida por Lucina, lançaram o hoje cultuado LP “Luli e Lucinha”. Com o disco embaixo do braço, saíram pela estrada afora em uma Kombi adaptada com som e luz fazendo shows por onde desse. Foram perto de 50 mil discos vendidos mão a mão Brasil afora.
A parceria se estendeu por cerca de 800 músicas, uma centena delas gravadas e o resto é história.
Uma grande brincadeira
Voltando ao início deste texto, compor para ela é natural. Nem precisa de instrumento. “A música vem e se completa no violão. Ou é uma voz que completa a outra… Para mim, é uma grande brincadeira”, afirma.
Nos seus cursos, ela conta que é possível compor música por elementos. Pode ser por letra, por melodia, harmonia, intervalos, mote, visual ou mesmo aleatório. A primeira lição para quem quiser tentar, segundo ela “é deixar vir, deixar o monstro existir, deixar fluir o primeiro jorro da criatividade”.
Como se não bastasse essa facilidade de deixar vir e fluir o jorro da criatividade, Lucina ainda é dona de uma voz com um grave poderoso e envolvente, mas também de grande alcance. Reconhecível na primeira nota cantada.
Esse poder do grave facilitou a aproximação com a mais recente parceira, Zélia Duncan, que resultou em um CD e um DVD “A música em mim”, produzido por Duncan. “Foi um presente dado pela Zélia de forma muito generosa”, explica.
Lucina não prende a música nela. Solta-a e com ela prende-nos em uma cadeia de criatividade e generosidade. Faz uma música sem gêneros ou rótulos definidos. Sem preconceitos, mescla o que recebe e percebe em um leque amplo do rock à música clássica, tendo a música brasileira e suas variantes no eixo central. E quando canta tem poder. Um poder hipnótico, que faz os ouvintes se entregarem a ela completamente, sem defesas, sem restrições.
O show em Curitiba
O show em Curitiba é o inóicio do encontro musical da dupla Lucina e Egashira. COmo o nome indica, não se trata de dupla caipira, mas tem a força de uma união estável já no primeiro encontro. Egashira, para quem ainda não conhece, é instrumentista (violão, cavaquinho, bandolim), arranjador e compositor. É o diretor musical da Orquestra à Base de Corda de Curitiba, fundador do Clube do Chorinho, professor e pesquisador da música brasileira.
Dia 14 de setembro às 21hs no Teatro Sesi Portão
AMIKECO significa amizade em esperanto e é o nome do show
que reúne a compositora, cantora e instrumentista Lucina e o
músico, arranjador e compositorJoão Egashira. O repertório passeia
pela beleza do cancioneiro popular brasileiro em novos arranjos
e releituras pessoais e vem se mesclar ao trabalho autoral dos
artistas.
É um show íntimo e delicado onde a música se torna um passaporte
para um mergulho nos sentimentos mais profundos que nos
habitam.
Lucina se apresentou com a Orquestra à Base de Corda de
Curitiba para um show no teatro Paiol, em agosto de 2012 e desse
encontro nasceu uma grande amizade com João Egashira. Em
Janeiro de 2013 abriram a fase popular das Oficinas de Música no
Teatro Guaíra (Orquestra à Base de Corda + Luli + Lucina). Agora
em AMIKECO o encontro musical ganha um teor mais intimista.
Teatro Sesi Portão – Rua Padre Leonardo Nunes 180
Entrada pela rua lateral Álvaro Vardanega – Portão
Ingressos: R$20,00 (inteira) e R$10,00 (meia)
Classificação: livre
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