• Carregando...
O conflito com a chefia é um dos maiores entraves do bom trabalho nas instituições públicas / Foto: Mundo das Tribos
O conflito com a chefia é um dos maiores entraves do bom trabalho nas instituições públicas / Foto: Mundo das Tribos| Foto:

No artigo da semana passada falei sobre a frequente insatisfação do servidor público que não consegue se adequar à linearidade desse tipo de trabalho. E, falando em falta de realização, chegamos a outra problemática pertencente ao serviço público: a estrutura de gestão. Por mais que a insatisfação do servidor parta justamente da sua dificuldade em se adaptar a um formato de trabalho tão diferente da iniciativa privada, muitas vezes são as situações encontradas pelo caminho que mais desmotivam este profissional. E a gestão costuma ser uma parte bem delicada nas instituições públicas.

O conflito com a chefia é um dos maiores entraves do bom trabalho nas instituições públicas / Foto: Mundo das Tribos

O conflito com a chefia é um dos maiores entraves do bom trabalho nas instituições públicas / Foto: Mundo das Tribos

O despreparo da chefia

É claro que não é uma regra geral, mas existem diversos casos de chefes despreparados no serviço público, e a ineficiência destes serviços muitas vezes deriva deste fato. Como muitos destes são cargos comissionados, de confiança, em geral cabe a um político eleito escolher um profissional para ocupar a vaga. Na base do “quem indica”, não são raros os casos nos quais os escolhidos não têm experiência na área, nem mesmo a mínima aptidão para lidar com a administração de um serviço público.

A cultura organizacional adotada em administrações públicas brasileiras é geralmente muito diferente das empresas privadas em geral, e alguns fatores que ocorrem apenas na iniciativa pública contribuem negativamente para o comportamento dos servidores como um todo.

Um dos maiores problemas é a alta rotatividade de chefias, no caso de órgãos que trocam os profissionais de acordo com a mudança de governo. Isto impossibilita a execução de planejamentos estratégicos organizacionais a longo prazo e a continuidade de políticas públicas. Além disso, acontecem outros problemas, como a repetição de fórmulas já antes vistas pelos servidores mais antigos, que culminam na desmotivação dos concursados.

A burocracia e o desserviço

Com toda essa rotatividade de gestores, fica difícil para o servidor se sentir motivado para lutar por melhoria dos processos, maior agilidade nos serviços e resultados mais satisfatórios. Isso porque por mais que o profissional que tenha escolhido a carreira pública goste do que faz, ele se vê muitas vezes de mãos atadas frente a toda a dificuldade imposta por esta política de rotação nos cargos de gestão. É necessário mencionar também a influência política que muitas vezes ocorre no serviço público, facilitando os processos para aqueles que possuem proximidade com o político em vigor, e dificultando ainda mais para o público em geral.

Conflitos interpessoais nos órgãos governamentais

Justamente por mudar muito rápido quem ocupa a vaga, o desenvolvimento profissional dos gestores não é uma prioridade nos órgãos públicos. E isso acarreta num problema ainda maior: em geral os concursos públicos são muito concorridos, e os profissionais concursados são muito bem preparados. Quando você se depara com uma situação hierárquica na qual o superior é indicado politicamente e possui muito menos conhecimento de causa da área do que os subordinados, há um conflito interpessoal. Esse tipo de situação atrapalha o trabalho de todo o órgão, pois em geral as ações são interdependentes.

Não podemos ainda deixar de mencionar os chefes “super-heróis”, ou seja, aqueles que tentam realizar um bom trabalho mesmo em condições adversas, pois podem ser rebaixados de cargo a qualquer momento, se tornando subordinados de um dia para o outro e muitas vezes nem mesmo dispõem de recursos adequados. Esse tipo de situação de insegurança quanto à posição de chefia pode, inclusive, causar no gestor um receio em fazer cobranças ou críticas, pois muitas vezes a influência política o coloca numa posição abaixo de outro servidor de uma hora para outra. Não é fácil ser um bom chefe no serviço público, mas há profissionais que se esforçam para isso, mesmo sem disporem de muitos recursos.

Infelizmente não há uma fórmula pronta que possa corrigir as falhas operacionais do sistema de serviço público brasileiro, mas de qualquer forma é importante frisar que essas falhas não ocorrem inevitavelmente em todos os órgãos. É mais comum do que deveria, no entanto há órgãos que funcionam muito bem e, além disso, profissionais indicados também podem estar muito bem preparados para exercerem a função que lhes é exigida. O importante, de fato, é levantar a questão da necessidade de um aprimoramento na escolha desses profissionais destinados à gestão, afinal, por mais que seja por indicação é preciso deixar o poder nas mãos de alguém que sabe o que faz.

CLIQUE ABAIXO E CONFIRA A COLUNA TALENTO EM PAUTA SOBRE O MESMO ASSUNTO:

bernt

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]