• Carregando...
Fazer concurso somente pela estabilidade e passar a vida fazendo o que não gosta pode não ser o melhor caminho profissional / Foto: Shutterstock
Fazer concurso somente pela estabilidade e passar a vida fazendo o que não gosta pode não ser o melhor caminho profissional / Foto: Shutterstock| Foto:

O concurso público soa como um caminho profissional estável, sem grandes alterações e com boa remuneração. O problema é propriamente estes serem os argumentos principais levados em consideração por profissionais que decidem enveredar pelo serviço público. Enquanto a preocupação é exclusivamente particular, a qualidade do serviço é posta para escanteio, justamente porque a estabilidade e a falta de paixão pela função prejudicam o desempenho funcional do colaborador. Será que vale a pena pensar apenas na estabilidade e na renda e passar uma vida inteira trabalhando em algo que não se gosta?

Fazer concurso somente pela estabilidade e passar a vida fazendo o que não gosta pode não ser o melhor caminho profissional / Foto: Shutterstock

Fazer concurso somente pela estabilidade e passar a vida fazendo o que não gosta pode não ser o melhor caminho profissional / Foto: Shutterstock

A qualidade do serviço

O serviço público no Brasil já tem fama de falho, lento e difícil, repleto de burocracia, o que desestimula alguns servidores e enfurece parte do público. Talvez a estabilidade oferecida aos concursados também os desestimule a fazer algo diferente e que venha a melhorar o desempenho dos serviços públicos. Justamente por isso, fica o questionamento: vale a pena passar a vida realizando um trabalho de baixa qualidade esperando apenas o salário? Quando o único estímulo do profissional é financeiro, é impossível encontrar realização na vida profissional.

No entanto, é importante deixar claro que existem excelentes profissionais no serviço público, pessoas de fato se sentem realizadas com o trabalho que exercem. O alerta que fica é: apenas enverede por este caminho se tiver vontade de trabalhar com isso.

Satisfação do servidor x qualidade do serviço público

Uma boa remuneração aliada à estabilidade profissional pode até evitar a insatisfação profissional a princípio, mas por si só não é capaz de produzir satisfação. Costumo dizer que se sentir feliz e realizado profissionalmente depende quase sempre dos desafios impostos pelo dia-a-dia e da própria evolução como profissional. Muitos indivíduos que buscam o serviço público com o intuito de ganharem bem e se sentirem seguros, também argumentam que esse viés de carreira traz pouco trabalho e poucas cobranças, o que, superficialmente pode até soar atrativo. Mas, como se sentir motivado ao longo dos anos fazendo a mesma coisa e sem precisar de fato produzir algo bom? A estagnação pode ser o caminho mais curto para a insatisfação profissional.

Pensando na tão criticada qualidade dos serviços públicos, é preciso analisar de onde partem os erros. Apesar de existirem vários focos a serem tratados nessa temática como um todo, como o fato de várias instituições do sistema público já estarem defasadas há muito tempo, vou me ater aos problemas envolvidos na criação do corpo de trabalho do funcionalismo público.

A primeira dificuldade se encontra já na seleção. Se compararmos o processo seletivo empregado no serviço público ao método utilizado na iniciativa privada, logo percebemos que aquele profissional oriundo de concurso pode trazer muito mais problemas para o órgão do que o profissional contratado por uma empresa. O que acontece é que na iniciativa privada são realizadas entrevistas, dinâmicas, avaliações psicológicas, técnicas, busca das informações do passado, assim os processos são mais demorados e detalhados. Enquanto isso, o concurso público muitas vezes sequer exige formação específica ou experiência, mesmo com provas super concorridas, através das quais somente passam profissionais que estudaram muito. Mesmo assim, a seleção comportamental superficial colabora para o surgimento de problemas como inadequação comportamental, perfil não compatível e, claro, insatisfação profissional. Além disso, no serviço público geralmente não existe meritocracia ou avaliação constante da qualidade do trabalho, o que com certeza desmotiva ainda mais o funcionário. Outro ponto negativo (para a população, neste caso) é que, mesmo que haja incompatibilidade de perfil, que o funcionário erre consecutivamente e mostre não ser um bom colaborador, ele muito dificilmente será demitido.

É claro que a estabilidade e a remuneração acima da média do mercado são fatores atrativos. No entanto, se você estiver pensando em prestar concurso público, avalie principalmente se será válido e estimulante para você seguir uma carreira deste tipo. Apesar das facilidades, não é interessante para um profissional deixar-se estagnar e realizar um trabalho de baixa qualidade por conta da desmotivação. Se uma vida profissional linear lhe é atrativa, boa sorte nas provas. Caso contrário, qualifique-se e enfrente o mercado, ele também oferece excelentes oportunidades.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]