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Seance – As Algemas de Houdini
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Um ruído contínuo. Conversa. Conversa. Conversa. Ruído. Mas que diabos! Que ruído é esse? Ah! É a radiola! Tem uma radiola no palco! Que legal! E será que o som som sai só dali? Não! Sai de trás também. Porra. Que massa. E o que eles tão falando? É em português? É em português. Mas não dá pra entender o que eles tão falando. Parece filme. É…filme dublado. Nossa…Conversa. Conversa. Olha lá a fumaça. Vai começar. Um mágico faz um truque simples de cartas e fico maravilhada com o figurino. Mas por que ele tá mexendo a boca deste jeito? Ah! É dublagem. Não parece. E não dá pra entender direito. O som tá ruim. Estoura e machuca os ouvidos.

Olha lá! É o cara d´A Falsa Suicida! Nossa. Manda bem hein? É uma belezinha de corcunda, apesar de estar meio nervoso. Mas quando se acalma…ninguém segura aquelas perninhas tortas. Mas sempre acho que o que chamamos de filme noir depois dos anos 40 é, na verdade, uma caricatura do noir. O tal neo noir é sempre um exagero. E acho que o Biscaia concorda e faz tudo exagerado. Mas faltou-lhe armar-se de mais caricatos atores: o Luiz Bertazzo, uma belezinha, a psiquiatra, incrível! Já o mágico, muito mocinho da comédia romântica a mística mais preocupada em ser ela femme fatale que tornar a personagem, sabe como? E o padre…mas sejamos positivos! Tudo ficou bem, entreti-me como há muito não…mas será o benedito? só entretenimento?

Bem, as experiências com mídia foram brilhantes. O mágico entrando na piscina para fazer seu número e os convidados do jantar sentados à mesa diante dos copos vermelhos, oh! Que regozijo! Na verdade, “macacos me mordam!”. Só uma vez vi mídia sendo bem usada no teatro: um para destacar o outro – usando o que de melhor têm vídeo e teatro. E isto já me fez sorrir por meia hora.

Explodiu sangue e teve cena de tiro e tudo. Mas a dublagem me atrapalhou porque o som estava uma porcaria. A ausência de exagero dos demais atores puxou tudo para baixo e me impediu de curtir o cenário todo cheio de artimanhas. Ah! Quase me esquecia do texto. Bem…o Paulo Biscaia já falou que prefere cinema. Já disse também que não é autor, mas diretor que escreve. As próclises erradas colocadas em lugar da mesóclise correta mostram que gramática não é seu forte. E o roteiro, que no teatro não pode contar com edição, fez com que eu me perdesse na história. Poderia perguntar a outros espectadores, mas qual diabos era a história da psiquiatra com o Bertazzo? Porque ele a molestou? Ele a molestou? O que aconteceu, de fato, para o governo convidar toda aquela gente ali? O que é “ali”?

Marco Novack
O Elenco

Claro que um espectador mais atento à história que a detalhes, bastante concentrado e excitado com a história saberia responder às minhas dúvidas, mas nenhum dos espectadores que conheço atende esta expectativa. Juro. Sou uma espectadora bem atenta e já gostava da Vigor Mortis antes mesmo de assistir à peça. Que fique clara minha idoneidade. Talvez isto inverta o mecanismo e faça com que a expectativa seja da platéia em relação à história e não o contrário: o texto torna-se inacessível na medida de sua confusão e não de sua complexidade. Mas eu poderia mudar de idéia se assistisse novamente ao espetáculo. Só que nenhum outro espectador assiste duas vezes a um espetáculo para confirmar se o roteiro está claro ou não, a primeira e última chance é cada apresentação.

Que mais? Ah! A dublagem! O som estava uma porcaria. Que mais? Ah! A dublagem! Puxa, o som estava tão ruim e poderia ser recurso cômico se não tivesse sido usado a peça inteira.

Mas…e a dublagem? Ah! Poderiam tê-la usado menos, ou, já que a escolha era usá-la tanto, podiam ter melhorado o som que estava uma porcaria. Macacos me mordam! Por conta daquele ruído tenebroso saí de lá “mais lôca que saci de pogobol”. Vou, sem dúvidas, assistir à próxima da Vigor Mortis. Sem dúvidas vão ter consertado o som, que estava uma porcaria.

Esta resenha corresponde à apresentação no Cietep em julho de 2012. A peça volta a se apresentar no palco giratório dia 29/08, onde o som deve ser melhor. Clique na mãozinha da informação: http://guia.gazetadopovo.com.br/shows/seance–as-algemas-de-houdini/5421/632/

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