Desde tempos mitológicos a Península Ibérica sempre foi a terra de confusão e da treta: pergunta aos celtas o que os romanos fizeram com eles quando chegaram lá? Pode perguntar para os romanos o que que os godos e vândalos fizeram com eles quando chegaram lá? Pode perguntar para os visigodos o que que os muçulmanos fizeram com eles quando chegaram lá? E é com a invasão muçulmana e o terror levado por eles que começa o maior período de luta e violência entre as duas religiões.
Quando os muçulmanos invadiram a Península em 711, uma guerra civil tinha acabado de estourar no Reino Visigodo. E aí os muçulmanos, carinhosamente chamados de mouros, aproveitaram a bagunça pra invadir e quebrar tudo e todos: destruíram igrejas, forçaram tratados, mataram e reduziram os cristãos a cidadãos de segunda classe, criaram impostos mais altos, discriminaram os cristãos na sociedade. Felizmente a gente tem todos os detalhes dessa invasão em primeira mão graças a única crônica contemporânea da época: a Crônica de 754, que mostra bem esses horrores levados pelos mouros.
O cronista mostra como a invasão muçulmana quebrou as instituições visigóticas cristãs causando um antagonismo rancoroso, principalmente dos cristãos em relação aos muçulmanos, que duraria até a queda de Granada em 1492; e que os períodos de coexistência entre cristãos, muçulmanos e judeus, seja nos governos muçulmanos, seja nos governos cristãos, eram criados com violência: muçulmanos atacavam cristãos, cristãos atacavam muçulmanos; e só depois de muita pancadaria vinha a paz. E as crônicas cristãs e muçulmanas ao longo dos 700 anos confirmam exatamente isso.
Quando Henrique morreu, sua esposa herdou o reino. Mas não o governava muito bem, daí os nobres do condado e o rei de Leão decidiram passar o condado para o filho dela, Afonso Henriques.
Tudo isso que eu acabei de dizer, você encontra em duas obras de referência fundamentais no assunto nessa ordem aqui: o primeiro livro é o Visigothic Spain (Espanha Visigótica), do professor Roger Collins, a mais importante obra sobre o reino visigodo na Península; depois vem o livro Moorish Spain (Espanha Mourisca), do professor Richard Flecther que foi um dos maiores especialistas na desse período, fazendo um estudo profundo dos séculos em que a Espanha foi dominada pelos mouros. Com esses dois autores você tem um estudo bem completo das fontes primárias mais importantes da invasão e domínio muçulmano na Península Ibérica.
Mas não eram só os muçulmanos que enchiam o saco dos cristãos não: cristãos também enchiam o saco de cristãos, e muito. E um cristão estava de saco cheio, e com a mamãe dele: D. Afonso Henriques. Ele queria chutar o traseiro dos mouros, mas antes ele tinha que chutar o traseiro da mamãe dele... É mole? Mas resumindo esse caso de família: Henrique (o pai de Henriques) era um nobre da Galiza que graças a seu bom serviço ao rei de Leão na luta contra os mouros, ganhou o condado de Portugal. Ele tinha uma esposa, Teresa, filha do mesmo Rei de Leão, Afonso VI.
Quando Henrique morreu, ela herdou o reino. Mas não o governava muito bem, daí os nobres do condado e o rei de Leão decidiram passar o condado para o filho dela, Afonso Henriques. Teresa ficou com a "cara quente" com isso e resolveu juntar um exército pra tomar o condado de volta, lutando contra o próprio filho, Afonso Henriques. Mãe e filho em uma batalha: vocês estão entendendo a tensão? Mas a “véia” encrenqueira acabou perdendo paro filhote malcriado. E sabe quantos anos Afonso tinha? 14! Depois da Batalha de São Mamede em junho de 1128, que aconteceu na cidade de Guimarães, Afonso Henriques vence sua mãe e continua como Conde de Portugal, e o condado segue independente. Agora que a senhora estressada estava calma, Henriques voltaria sua atenção para os velhos inimigos de sua fé na primeira batalha, da longa e interminável guerra de Reconquista portuguesa da Península Ibérica.
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