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Detalhe do planeta Júpiter capturado pela missão Juno.
Detalhe do planeta Júpiter capturado pela missão Juno.| Foto: Jet Propulsion Laboratory/Nasa

Neste sábado, 6 de janeiro, comemoramos a solenidade da Epifania do Senhor. “Dia de Reis”, dia de desmontar as decorações natalinas de nossas casas, mas fundamentalmente o dia que recorda a manifestação do Deus Menino que veio para todas as nações, representadas pelos magos do Oriente que vieram adorá-lo. E esse episódio é indissociável da Estrela de Belém, que já apareceu diversas vezes aqui no Tubo de Ensaio, com hipóteses as mais diversas sobre o que ela realmente seria.

Por isso compartilho com vocês hoje um texto que a presidente da fundação BioLogos, Deborah Haarsma, publicou no fim de novembro do ano passado. Eu gosto dele, entre outros motivos, por não estar embebido daquela mentalidade, que já vi em muitos cristãos, segundo a qual tem de haver uma explicação científica para um fenômeno como a Estrela de Belém, ou o Milagre do Sol de Fátima, ou qualquer outro. Ela considera a hipótese do milagre, mas também afirma que, se tiver sido um evento natural, ele precisaria ter tais e tais características (ser suficientemente raro, ter uma conotação positiva, não ser muito evidente para ser percebido apenas por quem entendesse do assunto), e das hipóteses apresentadas a mais plausível seria um movimento do planeta Júpiter, que justo na época do nascimento de Cristo passou por algumas “coincidências” que o fariam notável aos olhos dos magos, como uma conjunção e um ocultamento. Mas insisto: ela não diz que necessariamente foi assim, apenas que seria a melhor explicação natural até o momento para um evento com as características descritas nos Evangelhos.

Se ficarmos obcecados com a procura de explicações naturais para o fenômeno, não seremos capazes de perceber a verdadeira mensagem do episódio da Estrela de Belém

E, de qualquer modo, ela continua, se ficarmos obcecados com isso não seremos capazes de perceber a verdadeira mensagem do episódio da estrela: que o nascimento de Cristo é saudado por todo o mundo e, por que não dizer?, por todo o universo. Que vale a pena sair da nossa zona de conforto, deixar de lado a discussão e partir para a ação, e empreender uma jornada longa e difícil para ter um encontro pessoal com Jesus – os magos viajaram sabe-se lá quantas centenas de quilômetros, enquanto Herodes nem se dispôs a percorrer a curta distância entre Jerusalém e Belém. Que os astrônomos sigam pesquisando e levantando hipóteses, que acompanhemos com curiosidade seu trabalho, mas que não nos deixemos levar por um naturalismo estéril nem percamos de vista que o significado é mais importante que o fenômeno.

Sua agenda de ciência e fé para 2024

Ano passado tivemos o XI Congresso Latino-Americano de Ciência e Religião, que é o principal evento da área aqui em nossa região; outro, agora, só em 2025 – e sigo nutrindo esperanças de que ele volte ao Brasil, já que a última edição realizada por aqui foi a sétima, em 2012, no Rio. Outro congresso que também só acontece de dois em dois anos é o da Sociedade Brasileira de Cientistas Católicos, que ocorreu em Curitiba no ano passado e, em 2025, irá para Goiânia. Mas este ano já tem três eventos importantes confirmados para você marcar na sua agenda e participar como ouvinte ou enviando propostas de papers ou pôsteres, se for o caso.

O primeiro deles é anual, o V Congresso Internacional de Ciência, Saúde e Espiritualidade (Conupes), na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em Minas Gerais, de 11 a 13 de abril, que terá como tema “Explorando as perspectivas da relação mente-cérebro”. Logo em sequência, em Brasília, a igreja Sara Nossa Terra organiza sua 11.ª Conferência Ciência e Fé, em 3 e 4 de maio, com o tema “O domínio da ciência x O domínio da fé”. E, no fim do ano, a Associação Brasileira de Cristãos na Ciência realiza sua quarta Conferência Nacional – a de 2022 foi em Curitiba, e agora será em Belo Horizonte (MG). A data não está definida; o evento costuma ocorrer no feriadão de Finados, mas desta vez 2 de novembro cai num sábado.

Já participei de edições anteriores de todos eles, e sempre foi uma ótima experiência. Todos eles costumam trazer palestrantes estrangeiros para contribuir nas discussões, muitos deles conhecidos de quem acompanha o Tubo de Ensaio há mais tempo. O Conupes do ano passado teve Christopher Kerr; a conferência de 2022 da ABC2 teve a participação por vídeo de Peter Harrison, mas em 2020 vieram Jennifer Wiseman, Andrew Briggs e Ignacio Silva; Na Conferência Ciência e Fé da Sara Nossa Terra de 2014, moderei uma mesa-redonda com Karl Giberson e Gerald Schroeder (que veio novamente na edição do ano passado). As organizações ainda estão fechando os programas, mas o Conupes já confirmou a vinda do canadense Imants Barušs, cujo livro mais recente é Death as an altered state of consciousness: A scientific approach, e a conferência da Sara Nossa Terra também terá Schroeder, desta vez participando por videoconferência.

Estrelas dos eventos estão em livro de entrevistas

Sempre que estive em eventos de ciência e fé no Brasil e no exterior como os listados acima, busquei entrevistar ao menos alguns dos principais palestrantes. Essas conversas, além de muitas outras entrevistas feitas em outras ocasiões, foram reunidas em A razão diante do enigma da existência, lançado no ano passado. A coletânea tem quase 30 entrevistas com cientistas, teólogos, filósofos e historiadores, sobre todo tipo de assunto envolvendo ciência e religião: Teoria da Evolução, fake history, origem do universo, bioética e muito mais.

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