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As CTEHs made in Brazil e uma discussão que promete
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Essa semana o meio científico brasileiro ganhou os jornais com a tal primeira linhagem brasileira de células-tronco embrionárias. Como Bioética é justamente uma das áreas em que ciência e religião se encontram, o assunto não podia deixar de aparecer no blog. Todos lembramos dos embates promovidos no Supremo Tribunal Federal a respeito, embora a cobertura dos debates e da votação tenha sido lamentável, pois teimava em resumir a discussão a “religiosos contra cientistas”, ignorando dois pontos cruciais:

1. embora houvesse grupos religiosos pressionando pela inconstitucionalidade das pesquisas com embriões, eles usavam razões científicas e jurídicas – bem como o ex-procurador geral da República, Cláudio Fonteles, e o ministro Carlos Alberto Direito, ambos sempre descritos pela mídia como “católicos fervorosos”, como se isso invalidasse quaisquer argumentos jurídicos que eles usassem.

2. havia cientistas também do lado contrário às pesquisas com embriões.

Entre esses cientistas estava a professora Lenise Garcia, bióloga da Universidade de Brasília (UnB). E agora deixo a palavra com ela, em um texto que já corre a internet há alguns dias, desde que foi divulgada a pesquisa de Lygia Pereira:

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35 brasileirinhos

Circula desde ontem [terça-feira] a notícia de que foi criada a BR-1, primeira linhagem brasileira de células-tronco embrionárias. Pode-se ler isso, por exemplo, aqui.

Para a obtenção desta primeira linhagem, 35 brasileirinhos foram imolados no altar da ciência. Sim, a ciência é hoje o ídolo que exige sacrifícios humanos para saciar o seu apetite, de saber, de lucro, de poder…

Não nego que possa haver também um sincero desejo de obter curas para pacientes com doenças degenerativas e outras. Mas é sabido que a grande promessa para essas curas não são as células-tronco embrionárias, e sim as adultas e as pluripotentes induzidas (iPS), como explica em lúcida entrevista a Dra. Cláudia Batista.

A obtenção dessa linhagem não traz novidade científica. Há mais de 10 anos faz-se isso em diversos países.

A derivação de neurônios e de outras células diferenciadas, a partir delas, também não será novidade.

O que seria uma grande novidade científica seria a obtenção de células realmente seguras para estudos clínicos em humanos, o que até hoje não existe, no mundo todo, a partir de células-tronco embrionárias.

Enquanto isso, 35 pequenos brasileiros e brasileiras foram transformados em material de experimentação, em lugar de viver a vida à qual tinham direito. Não temos o que comemorar.

Secretaria de Comunicação Social/STF
Lenise Garcia em audiência no Supremo Tribunal Federal.

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Aqui no blog eu tenho analisado as respostas que 13 pessoas deram à pergunta “A ciência torna obsoleta a crença em Deus?”, feita pela Fundação John Templeton (JTF). Amanhã e domingo, o tema volta a ser discutido na universidade norte-americana Caltech, em um evento promovido pela Skeptics Society, com apoio da JTF.

Das 13 personalidades que participaram da primeira sondagem, 4 participarão do evento: Kenneth Miller, Stuart Kauffman, Victor Stenger e Michael Shermer (ainda não comentei no blog as respostas de nenhum deles). Não sei se ainda dá tempo de participar, mas eu achei os preços meio salgados. Espero que alguém coloque online o resultado da discussão na semana que vem!

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