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Darwin em pauta novamente
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Darwin aos 51 anos. Até o fim do ano devo usar praticamente todas as imagens conhecidas do biólogo.

Não podemos nos esquecer de que, além de ser Ano Internacional da Astronomia, 2009 também marca os 150 anos da publicação de A Origem das Espécies, de Charles Darwin. E a esse respeito eu trago duas leituras totalmente opostas.

Em primeiro lugar, continuo descobrindo blogs interessantes nesses últimos dias. Depois da Cathy Lynn Grossman e do Alexandre Zabot, agora é a vez de o Reinaldo Lopes, do blog Visões da Vida (dica do Alexandre), hospedado no G1, escrever sobre o suposto ateísmo de Darwin, e o uso das suas teorias para fins muito diferentes daqueles que o biólogo imaginava. Recomendo a leitura, não tem o que tirar nem pôr.

Por outro lado, meu amigo Wagner me mostra um editorial do Financial Times de sexta-feira. Chamado Em Defesa de Darwin e da razão, o texto lamenta que o “fundamentalismo” esteja ganhando terreno no século 21, e dá como exemplos o avanço do criacionismo, a oposição a pesquisas com células-tronco embrionárias e a controvérsia na Europa sobre a vacina tríplice viral (que previne contra sarampo, rubéola e caxumba).

O problema do texto do FT é que os exemplos dados são de naturezas totalmente diferentes. A controvérsia sobre a vacina começou com um artigo científico publicado na revista médica britânica The Lancet; a questão do criacionismo é mais complexa do que parece no editorial, pois, como afirmou o biólogo Tarcísio Vieira na entrevista publicada aqui no blog, mesmo um criacionista aceita aspectos da teoria de Darwin; e, por último, a oposição à pesquisa com células-tronco embrionárias (suponho que o editorial esteja criticando a Igreja Católica) deriva de outra conclusão científica, a de que a vida começa na concepção, e da convicção moral de que todo ser humano tem uma dignidade que merece ser protegida. Isso está longe de ser “ignorância”, como diz o editorial. É uma posição bem embasada e que merece consideração.

O editorial diz, no penúltimo parágrafo, que precisamos de mais cientistas, e de uma população que tenha mais conhecimento científico. Aqui estou totalmente de acordo. Mas não acho que seja honesto usar de uma dicotomia “ciência vs. fundamentalismo” para descartar sem discussão opiniões contrárias.

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