Descobridor da Síndrome de Down mais perto dos altares

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Retorno hoje ao trabalho, depois de um mês de descanso em que, por várias (e felizes) circunstâncias pessoais, não acompanhei o noticiário de ciência e fé tanto quanto gostaria, e também não li todos os livros que tinha programado. Aos poucos, no blog, vamos recuperando o pouco que pude ver por aí, ou que me foi enviado por amigos.

Lejeune descobriu a causa da Síndrome de Down e outras doenças genéticas, além de ser um grande defensor da vida.

Uma das notícias que recebi foi a de que o geneticista francês Jerôme Lejeune está mais perto dos altares. O descobridor da origem genética da Síndrome de Down, em 1958, (e de várias outras doenças) morreu em 1994, e a fase diocesana de seu processo de beatificação foi encerrada no meio de abril. Agora, a papelada vai para a Congregação para as Causas dos Santos, em Roma. Lejeune já é considerado “Servo de Deus”. Agora, depende da congregação romana estudar sua vida e recomendar (ou não) ao Papa que declare as “virtudes heroicas” do geneticista, momento no qual ele passaria a ser considerado “Venerável”. Mas, para a beatificação em si, ainda seria necessária a comprovação de um milagre ocorrido por intercessão de Lejeune.

Lejeune era muito amigo de João Paulo II, a ponto de o Papa tê-lo escolhido para dar o pontapé inicial na Pontifícia Academia para a Vida, da qual o geneticista foi presidente por alguns meses; o Papa também visitou seu túmulo, nos arredores de Paris, durante uma visita à França em 1997. Mundialmente reconhecido por suas descobertas, Lejeune foi vítima da patrulha politicamente correta por causa de sua oposição firme ao aborto, iniciada quando ele percebeu que abortos estavam sendo motivados justamente pela constatação de anomalias genéticas no feto. É conhecido o episódio ocorrido em 1971, quando Lejeune fez um discurso para o National Institutes of Health norte-americano e, logo depois, segundo o relato de sua filha Clara, escreveu à esposa: “hoje perdi meu Prêmio Nobel”. Entre outras coisas, o geneticista (cujo trabalho era, sem dúvida, digno de um Nobel) disse ao NIH: “Vocês estão transformando seu instituto de saúde em um instituto de morte”. Não tinha mesmo como pegar bem entre a audiência.

Assim, de imediato, não saberia citar outros “cientistas profissionais” que já foram beatificados ou canonizados. A IstoÉ, que fez um perfilzinho de Lejeune, diz que até hoje foram canonizados 12 médicos, mas sei que alguns deles se destacaram mais por outros fatores que por sua profissão (São Lucas, o evangelista, e os santos mártires Cosme e Damião, por exemplo). Acho que o exemplo mais próximo que eu conheço é o do bem-aventurado Nicolau Steno, anatomista e geólogo, e que depois se tornou sacerdote e bispo. Agradeço a quem tiver mais referências!

Evento de ciência e fé em Curitiba
A Escola do Bosque, no bairro São Lourenço, vai promover um dia inteiro de palestras com o tema “Ciência e fé: a ação do Cristianismo ao longo dos séculos”. Confiram aí o cartaz, que tem o programa, o currículo dos palestrantes e as informações para inscrição:

Escola do Bosque tem dia de palestras sobre ciência e religião.

É realmente uma pena que eu não possa ir, pois no dia 16 estarei fora de Curitiba. Mas espero que os leitores do blog se animem e tragam seu relato depois!

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