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Nos Estados Unidos, um exemplo de diálogo
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Descobri faz pouco tempo que a Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS, na sigla em inglês), o equivalente deles à nossa SBPC, tem um “departamento” dedicado ao diálogo entre ciência e fé. É o Diálogo sobre Ciência, Ética e Religião (DoSER, na sigla em inglês). Hoje, a nova diretora do DoSER toma posse: é a astrofísica Jennifer Wiseman, chefe do Laboratório de Exoplanetas e Astrofísica Estelar do Goddard Space Flight Center, da Nasa. Para marcar a posse, haverá hoje um painel sobre o futuro do diálogo entre ciência e fé; participarão o Nobel de Física William Phillips (que vocês conhecem daqui), o pastor e escritor David Anderson e o astrofísico do Smithsonian e escritor Howard Smith, e a discussão será mediada por Richard Potts, do Programa de Origens do Homem do Smithsonian.

Divulgação /AAAS
Jennifer Wiseman assume hoje a direção do programa Diálogo sobre Ciência, Ética e Religião (DoSER) da AAAS.

No começo do mês, a astrofísica havia dito que muitas pessoas procuram uma forma construtiva de abraçar a ciência moderna e ao mesmo tempo manter sua fé e seus valores. Só os extremistas de ambos os lados, segundo ela, dizem que ciência e fé são incompatíveis. Ela já anunciou que pretende estabelecer parcerias com seminários. Clérigos, indepententemente da religião, são líderes em suas comunidades, e por isso a AAAS acha importante dar, aos que se preparam para esse papel, uma formação científica sólida para que eles não caiam nas garras da pseudociência.

Obviamente esse tipo de iniciativa deve atrair críticas do ateísmo militante. “São acomodacionistas”, dirão os ateus, usando o insulto da moda, como já discutimos aqui outro dia. Mas a AAAS não está sozinha nesse esforço de promover o diálogo entre ciência e fé; em 2008, a Academia Nacional de Ciências norte-americana publicou um documento chamado Ciência, Evolução e Criacionismo em que afirmava, entre outras coisas: “As tentativas de jogar a religião e a ciência uma contra a outra criam controvérsia onde ela não é necessária.” O fato de duas das maiores instituições norte-americanas ligadas à ciência adotarem posições de conciliação entre ciência e fé deveria servir de exemplo. Por curiosidade, fui ao site da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, digitei “religião” na busca e não veio absolutamente nada. Ainda conferi as listas de documentos, manifestos e cadernos temáticos, e não encontrei textos sobre o assunto. Obviamente quem chama a AAAS e a NAS de “acomodacionistas” dirá que é isso mesmo, que a SBPC não tem que se meter no assunto. Mas, quando nossos cientistas ignoram a importância da relação entre ciência e fé, e sua influência no modo como a população brasileira (em geral religiosa) vê a ciência, correm o risco de se isolarem em relação à sociedade.

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Hoje, Bloomsday, ocorre o lançamento da Dicta&Contradicta 5 em São Paulo!

Reprodução

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