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A viagem 2: Pequim – Shenzhen- Casa
| Foto:

Ni hao
你好

Você que está lendo este blog pela primeira vez, aconselho a dar uma olhadinha nos dois primeiros posts.

styloviagens.wordpress.com
Aeroporto de Pequim (vazio, é claro)

Em Pequim, novamente num aeroporto fantástico, fomos comer alguma coisa de almoço ou jantar ou café da manhã (havíamos perdido definitivamente a referência de tempo). Escolhemos um restaurante, único cujo nome conseguimos ler, sentamos à mesa e ficamos esperando alguém nos servir. Parecíamos invisíveis diante de várias atendentes que tentavam não cruzar seus olhares com os nossos. Quando finalmente fisgamos um olhar e chamamos a mocinha, ela empurrou uma outra que puxou mais uma que chamou uma quarta que veio até mesa (com cara de quem está indo para forca) e que “falava” inglês. Depois de muito aponta dali, aponta daqui, acabamos comendo a foto do cardápio que nos pareceu menos arriscada (se os cardápios não tivessem fotos, morreríamos de fome): sorvete com Coca-Cola e um inofensivo caldo de carne com macarrãozinho.
Detalhe: eu e Mari queríamos Coca-Cola Diet, Marcos e Nando queriam Coca normal e Dudu queria Fanta! A gente foi falando: Zero, Diet, Light, Fanta, Sprite para ver se conseguia se fazer entender e agradar todo mundo. Resultado: na hora de pagar a conta (antes de vir a comida, como é o hábito daqui), a atendente tinha registrado 10 refrigerantes! (dois para cada um).

Chegada a hora de experimentar a sopinha, depois de várias tentativas de equilibrar a carne no hashi de plástico, lembrei-me de todos os cachorros, gatos e escorpiões que povoaram meus pesadelos nos últimos meses, fiz cara de satisfeita para as crianças não perceberem, e me atraquei com a vaca-preta.

Chris e Paulo Dumont
Nǐ yào shénme?

Sete horas mais tarde (quatro de aeroporto e três de voo), chegamos a Shenzhen. Luiz alugou uma van para levar a família e sua pequena bagagem para casa. Do lado de fora do aeroporto, fazia uns 30 graus às 10 da noite como no Rio de Janeiro (lembrem-se de que estávamos vindo de Curitiba e Paris, dois lugares “civilizados” em termos de clima) e a van não chegava. Um cesto de acrílico cheio de isqueiros chamou minha atenção. Como era proibido entrar com isqueiros no aeroporto, as pessoas largavam os seus ali e, na saída, pegavam outro de volta. Uma chinesa tentou vender para os gringos, no caso nós, um isqueiro que ela “pegou” do cesto. Hummm, estou me sentindo estranhamente em casa….

A van não apareceu. Luiz ligou para o tradutor que ligou para o motorista que ligou de volta para o tradutor que ligou para o Luiz e soube que a van tinha, subitamente, parado de funcionar. Hummm, a sensação de estar no Brasil aumentou…. Pegamos um taxi, ou melhor, dois e nos dividimos: Luiz na frente e o nosso motorista seguindo o do Luiz, o único de nós que sabia dizer o endereço de casa num chinês duvidoso, mas compreensível. Nosso motorista tentou ultrapassar o do Luiz (como assim, se ele estava seguindo o do Luiz?), foi fechado por outro taxi e parou para discutir. Perdemos contato com o carro do Luiz e com o mundo!!! O taxista falava com a gente como se estivéssemos entendendo alguma coisa. A gente mostrava o endereço da casa no celular escrito em caracteres romanos e o motorista balançava as mãos e a cabeça freneticamente dizendo “bú, bú, bú” (não, em chinês). Realmente patética nossa inexperiência, achando que o sujeito ia conseguir ler aqueles desenhos estranhos, ainda mais na tela de um celular.

Paramos para pedir ajuda. Tentamos falar inglês com uma chinesinha de óculos (como se óculos fosse sinônimo de inteligência), mas obviamente, ela não entendeu nada. Ficaram taxista e chinesinha rindo e nós, extremamente mal humorados, sem achar a menor graça! Mal comparando, era como se estivéssemos em São José dos Pinhais perguntando, em inglês, onde era o condomínio Ville Sanctuaire em Campo Comprido (aliás, onde morávamos em Curitiba).

Chris Dumont
Todos os taxis em Shenzhen são iguais, assim como seus motoristas.
Chris Dumont
Entrada do condomínio à noite

Conhecem a sensação de criança que se perde na praia lotada do verão? Aquela sensação de que seus pais nunca mais vão te achar e você vai ficar sozinho no mundo para sempre? Pois é, depois de quase 24 horas tentando chegar em casa, foi mais ou menos assim que nos sentimos. Lembrei então que talvez conseguíssemos ligar do meu celular do Brasil para o celular do Brasil do Luiz e, finalmente, reestabelecemos contato com o planeta Terra. Luiz foi nos guiando: “depois do posto, antes da passarela, vira à direita, vira à esquerda”…. e a gente cutucando o motorista, apontando de um lado para o outro e gemendo “lá! hã hã, não!, não! here, here! hã hã, istópi, istópi!!!”.

Fernando Raposo Rotstein
Entrada do condomínio de dia.

Chegando em Jing Shang Bieshu (guardem o nome do nosso condomínio para os próximos posts), o motorista não acertava a rua da nossa casa (apesar do porteiro ter explicado para ele) e ficava nos perguntando para onde ir em chinês. Fernando perdeu a paciência de vez e mandou o cara, em português é claro, para lugares pouco dignos de estar no blog da Gazeta. O taxista, sem entender nada, sorria simpaticamente para gente, provavelmente imaginando o quão gratos estávamos por ele ter nos trazido para casa. Neste momento, descobrimos o ainda não experimentado prazer de xingar alguém bem no meio da cara! e não ser entendido. Uma covardia sem fim, admito, mas altamente desestressante!
Dezessete mil quilômetros depois, a família finalmente reunida, conseguimos nos sentir em casa….. acho que se tivéssemos chegado numa casinha de sapê no interior do nordeste, a sensação seria a mesma. Ah, mentira, nossa casa é linda!

Chris Dumont
Home sweet home

RAPIDINHA
Dia 13 de outubro foi aniversario do Dudu. Em julho, ainda no Brasil, enquanto ele fazia planos para sua festinha na China, eu o alertei da probabilidade de ainda não ter feito amigos na escola americana e da festa ser mesmo só em família.
A foto abaixo é dedicada a todos aqueles que duvidam (ou duvidavam como eu) da impressionante capacidade de adaptação das crianças.

Fernando Raposo Rotstein
Ido, Owen, Luke, Takato, Sungyung, Dudu e outros amigos cujos nomes ainda não aprendi a escrever.

Até a semana que vem.
下周见
xià zhóu jiàn

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