Vibrante Madri

| Foto:

Puerta Del Sol, onde está o marco zero da cidade e de onde partem as radiais

Estou eu aqui querendo me inspirar para começar a escrever sobre Madri e lembrando da minha amiga Fer, que mora aqui, dizendo com ciúmes: “olha lá o que você vai escrever sobre Madri, hein?”. Depois de ter amado e escrito sobre Barcelona e todos seus atrativos , o que dizer de Madri? Os catalães e os madrilenhos têm uma rixa enorme e um ciúme maior ainda das suas cidades. E com razão, porque ambas são totalmente diferentes, mas igualmente encantadoras . Tenho ouvido comparações do tipo: “Barcelona é o Rio e Madri São Paulo”, mas sinceramente, nem uma nem outra. Elas são Barcelona e Madri e ponto final. Outra pergunta que me fazem com frequência: “você gostou mais de Madri ou Barcelona?” Também não sei porque tenho que gostar mais de uma ou de outra, gostei das duas, igual, e muito. Cada uma com suas peculiaridades.

O Palácio Real foi a residência oficial dos monarcas, mas, actualmente recebe apenas alguns eventos oficiais

Madri é a capital da Espanha, rica em história, cultura, diversão e arte. Uma cidade agitada, turbulenta, animada e glamurosa. A partir da Puerta Del Sol, onde está o marco zero, a cidade se espalha por bairros, praças e jardins floridos, parques, palácios reais, grandes avenidas cheias de lojas, bares, pubs e mercados onde as pessoas se encontram em qualquer hora do dia para falar da vida, “tapear”, comer um bocadillo de jamón ibérico e tomar uma sangria. Madri é para todos os gostos e estilos. Os amantes das artes podem saborear recheados museus, como o Prado, Reina Sofia e Thyssen-Bornemisza; aqueles que curtem teatro, música e dança, principalmente no verão, estão muito bem servidos de festivais, musicais, ballets e Flamenco; já os boêmios têm milhares de opções de bares, restaurantes, pubs, botecos em bairros que como o antigo popular Malasaña, o tradicional e vanguardista Chueca e o bairro das letras, o Santa Ana, coração cultural e festivo da cidade. Aqui você caminha pelas calçadas e pisa em cima de trechos de poesias.

Um passeio pela cidade…

Estive em Madri sozinha por 4 dias porque o Seba tinha coisas para resolver na Áustria e sairia caro para mudar o roteiro agora. Aproveitamos para dar uma pausa no nosso super teste intensivo de relacionamento “como viver 24h x 7 dias por semana juntos, viajando e felizes” (rs).

Ainda não escrevi sobre isso, mas como toquei no assunto, digo que não é fácil, mas é delicioso. Acho que dá pra imaginar (prometo escrever sobre esse intensivo, as dificuldades, as diferenças, as descobertas e os desafios mais para frente). Por mais que se ame, a convivência, nesse grau de “intensividade”, estressa um pouco, exige muito amor, paciência, tolerância e autoconhecimento. Nesse tempinho curto que passamos longe, reafirmei minha teoria: “como é bom sentir saudade”!

Anoitecer no terraço do Hotel Oscar

Boas companhias
Tenho certeza que as impressões que temos de cada lugar, cada cidade, são diretamente proporcionais às experiências positivas ou negativas que passamos. Além de Madri ser atraente de qualquer forma, encontrei uma amiga querida brasileira (já madrilenha), a Fer, e que me trouxe novos amigos mega agradáveis e queridos que me apresentaram a capital espanhola sob o ponto de vista deles, locais, com direito a pôr do sol com vista da cidade no terraço do hotel Oscar e um encontro inusitado na rua com a Banda Garotas Suecas que eu não conhecia, mas as meninas sim. Tem coisa melhor?

Caminhando e cantando sozinha
Sozinha por Madri. Admito que no primeiro momento o coração bate acelerado e apreensivo: “será que vou conseguir me virar bem?” Acostumada a ter meu GPS particular (o Seba) e não planejar nada, me vi solita com um mapa na mão e uma cidade inteira para conhecer e decidir sozinha para onde ir e o que fazer. Foi uma delícia e só um pouco mais trabalhoso (sou lenta com mapas ou o Seba que é rápido demais)!

Queridos amigos que me apresentaram a Madri deles, super especial

Gastando sola de sapato
Deixo aqui uma sugestão de roteiro legal que segui para fazer a pé, que pode ser de um dia (corrido e cansativo) ou dividido em dois ou até três dias. Claro que nao vi tudo, mas o principal. É sempre bom deixar coisas por fazer para ter motivos para voltar!

Comece pela Puerta del Sol e vá pela Calle Mayor até a Plaza Mayor. Nesse caminho parei para tomar um suco e comer e tive a feliz ideia de entrar no Museo del Jamón. Não deixe de ir, é barato, está sempre cheio e é muito gostoso. Existem alguns pela cidade. Seguindo viagem, mais adiante um pouco, se encontra a Plaza de São Miguel onde está o Mercado de San Miguel, turístico é verdade, mas lindinho e saboroso. Tem muitos quiosques para tapear e depois desejar voltar todos os dias. Após uma horinha no mercado, siga pela rua e desça até a Catedral de la Almudena e o Palácio Real. Reserve umas 3 horas, pelo menos.

A Plaza Mayor teve origem no século XV e hoje é um dos pontos mais visitados de Madri

Ao sair do Palácio, siga em frente e passe pela Plaza de Oriente, a Ópera e então contorne em direção a Plaza da España. De lá pegue a Gran Via e caminhe por ela deliciando-se com as lojas, lojinhas e lojões, bares e restaurantes até o final, esquina com a Calle de Alcalá. Desça um pouco e olhe para trás onde está o edifício Grassy, famoso na cidade por sua arquitetura e leva o nome de uma famosa joalheria.

Siga descendo a Calle de Alcalá e em frente verás a Plaza de Cibeles e o Palácio (não entrei porque não deu tempo, mas foi muito recomendado). Aqui você, se tiver tempo e pernas, pode ir reto até o Parque del Retiro ou pegar a rua Paseo del Prado até o Museo Del Prado. Do outro lado da rua está o Museo Thyssen-Bornemisza.

Imagem clássica dos edifícios Metropolis e Grassy

Mais para baixo do Prado, pertinho da estação de Atocha, está o Centro de Arte Reina Sofia. Reserve algumas horas também porque é grande ou faça como eu, vá direto ao segundo andar, veja “Guernica”, de Picasso e outras obras importantes de Dali e Miró.

À noite, opções é que não faltam. Eu comprei ingresso um dia antes e fui assistir o Ballet da Cidade de Moscou – “A bela adormecida” num teatro pertinho do hostel. Não deixe de procurar a programação cultural da cidade que é intensa e rica!

Dica para dormir: o local ideal para ficar é bem no centro, nas proximidades da Puerta Del Sol. Fiquei por ali, perto da Estação Callao e Gran Via e fiz tudo a pé. Ainda sem saber, comprei na chegada um bilhete com 10 passagens de metro e não cheguei a usar todas.

Jantar no restaurante Ginger. Bom, bonito e barato!

Comer bem e barato: minha amiga querida Fer me levou para jantar num restaurante super bacana que indico para todos que estiverem em Madri. É um restaurante com comida de chef por preços inacreditáveis. Desde a entrada até a sobremesa, incluindo o vinho, não tem nada que seja ruim, pelo contrário. Na verdade não é só um restaurante, são 5 espalhados pela cidade. Conheci dois deles, o Public e o Ginger. Os outros são La Finca de Susana, Bazaar e La Gloria de Montera. Os cardápios são parecidos, mas não os mesmos!

Um pouquinho sobre cada lugar:

*Puerta Del Sol: antiga porta medieval da cidade é o marco zera da capital. O local foi um dos cenários da revolta do povo madrilenho contra os mamelucos e da revolução de 1820 e onde se proclamou a segunda república. Não deixe de tirar foto com a estátua do símbolo da cidade o “Urso e o Pé de Medronho”.

*Plaza Mayor: praça retangular com a estátua de Felipe III no centro e rodeada de bares, restaurantes e lojas, o local foi cenário de execuções, touradas, cerimônias públicas, manifestações, e celebrações desde o século XVIII. Na idade média foi um mercado.

Mercado de San Miguel para “tapear” todos os dias

* Mercado de San Miguel: construído de ferro e vidro, o mercado mantém sua estrutura original do princípio do século XX. Antigamente era mercado municipal aberto, hoje perdeu sua característica original e tornou-se um espaço turístico de bares e tapas.

* Palácio Real: Felipe V mandou construir este palácio neoclássico sobre a antiga fortaleza moura em 1734. O palácio foi residência dos reis até Alfonso XIII. Ainda hoje é utilizado para algumas recepções oficiais.

* Parque del Retiro: pulmão verde da cidade, era antigamente o jardim real do palácio del Buen Retiro. Um passeio lindo para descansar e relaxar.

Museo del Prado

*Museo Nacional Del Prado: Foi Fernando VII quem decidiu transformar o edifício originalmente destinado ao museu de ciências naturais, na pinacoteca da coroa da espanhola, hoje a maior pinacoteca de arte do país, aberta ao público em 1819. Aqui está a coleção de pintura clássica espanhola mais importante do mundo. Não perca as obras de Velazquez (As meninas), Greco e Goya.

* Museo Thyssen-Bornemisza: aqui estão cerca de 800 obras da pintura europeia do século XIII ao século XX. O museu foi aberto em 1992 onde era o Palácio de Villahermosa. Não deixe dever as obras de Monet, Picasso, Kandinsky.

Sala onde estão as algumas obras de Miró, no Reina Sofia

* Centro de Arte Reina Sofia: aqui está a famosa obra de Picasso “Guernica” e outras obras do final do século XIX até os dias de hoje. Além de Picasso, procure por Dalí, Miró.

Alcazár, de Toledo

TOLEDO
Toledo é considera a joia da Espanha e realmente é uma das. A cidade tem cerca de 79 mil habitantes, fica no topo de uma montanha há 70 km de Madri e foi declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 1986.

É comum os turistas que visitam Madri pegar um trem e ir até lá, em apenas 30 minutos por 11 euros. Vale muito o passeio. A cidade têm alguns lugares imprescindíveis para visitar como o Alcazár, concebido historicamente desde a época hispano-muçulmana e cristã como fortaleza-castelo e palácio. Antes de ir não faça como eu que cheguei numa quarta-feira e estava fechado. Veja antes os dias e horários de funcionamento.

Interior da Catedral Primada de Toledo

Antes ainda do Alcazár, o local mais visitado na cidade é a Catedral Primada de Toledo. A Catedral de estilo gótico começou a ser construída em 1226 e foi finalizada apenas em 1493.

Caminhe e se perca pelas intermináveis ruelas da cidade com suas casinhas de pedra, igrejas, mesquitas, praças, restaurantes e museus. A cidade parece de conto de fadas. Experimente o Mazapan de Toledo; são famosos e muito bons. No Brasil chama-se Marzipan. Essa dica é do meu amigo Arthur!