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Vietnã: flexibilidade, senso de humor e muita paciência
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Arquivo pessoal
As mulheres e as bicicletas em Hanói transportam de tudo e servem de loja ambultante

“Venha esperando o inesperado e esteja pronto para uma aventura, muito mais que para um feriado”. Essa frase li num guia de viagem e resume perfeitamente como é o Vietnã, ou para não ser injusta, Hanói (único lugar que tivemos tempo pra ir).

Já começo dizendo que não gostei, que não volto e se volto tem que ser por um muito bom motivo. Sim, estou revoltada. Depois de passar quase três meses na Tailândia, passar pelo Camboja, e conviver com pessoas incríveis, povo humilde, alegre, simpático, educado e violência praticamente zero, chegar a Hanói foi um choque. Por alguns instantes parecia estar de novo à China!

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Peixes, cobras, rã, lesmas, verduras, legumes é o que tem pra hoje no mercado de rua no Old Quarter

Conto porque minha revolta: ficamos hospedados num hotelzinho barato, como muitos na cidade(não era o único), chamado Hanói Titanic Hotel que ficava localizado no Cathedral District, bem pertinho do Old Quarter, um dos pontos turísticos mais indicados para se conhecer. Lá fui roubada escancaradamente. Tive todo o cuidado que “temos que ter” ao viajar, não levar todos documentos e dinheiro com você, deixar no hotel em segurança, trancado etc… Foi o que fiz antes de sairmos para nosso primeiro dia na cidade. Eu a Ju e o Seba estávamos dividindo um quarto e antes de sair depois do café da manhã que estava incluído, subi para pegar os passaportes no meu porta documentos. Aproveitei para colocá-lo na minha mochila que estava dentro do armário e trancá-la com um cadeado, não desses vagabundos que vendem nos aeroportos que todos têm a mesma chave, era um desses de metal da Pado. Feito isso, tomada todas as providências de segurança que sempre procuro seguir (sou a mais preocupada e cuidadosa dos dois) desci tranquila e saímos para bater perna. À noite, depois do jantar e arrumando a mochila para sairmos no dia seguinte num passeio para conhecer Halong Bay, começo a procurar meu porta documentos e nada. Vasculhamos o quarto inteiro, os três. Foi ai que me dei conta que quando pequei a mochila o cadeado estava aberto e a única coisa que faltava era minha bolsinha preta, com cartão de crédito, um passaporte (viajo com dois e não me perguntem como pode que até agora não entendo como a Polícia Federal autorizou – depois explico melhor) e dinheiro. Passamos horas procurando por tudo, achei que eu tava ficando louca, que tivesse perdido, pensei em tudo, mas eu tinha certeza, estava ali e agora não mais. O pânico bateu mais pelo passaporte que pelo dinheiro. Chamamos os donos do hotel que subiram e “ajudaram” a procurar, desarrumamos tudo de novo, todas as nossas três mochilas, levantamos o colchão, olhamos em baixo de “tudo”… e nada.

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Pelas ruas do Old Quarter…

Nada mais a fazer, saímos e fomos na delegacia registrar ocorrência com o dono do hotel que estava visivelmente brabo e incomodado com a situação, dizendo que a única pessoa que entrou no quarto para limpar tinha sido sua mãe e que confiava nela. Depois de tudo voltamos para tentar dormir num frio de rachar, algo em torno de 8oc. Dia seguinte pegamos as mochilas para dar o fora daquela espelunca, resolvo dar mais uma olhada no único lugar que não tinha lembrança de eu ter checado, em baixo do colchão onde a Ju dormia. A surpresa foi que lá estava meu porta documentos bonitinho em baixo do colchão! Mas como ele foi parar lá sozinho? Caminhando? E o dinheiro? Tudo estava lá, menos a bufunfa…. lóooooogico! Mas só a mãe do fdp entrou lá, abriu o cadeado de metal e ainda deixou todo o resto em baixo do colchão. Não sei que foi, nunca vou saber, mas com certeza foi alguém que trabalha no hotel. Só de escrever isso mais de duas semanas depois meu peito se enche de raiva e revolta. Tenho que dizer que o primeiro sinal de que Hanói não era o Camboja ou a Tailândia veio na noite anterior quando eu saí do hotel com o tablete na mão e o mesmo dono do hotel revoltado me avisou, “cuidado com isso, alguém passa de moto e leva”! O pior é que não posso dizer que fui descuidada, que não entendi o sinal, tomei as providências que pensava serem as mais seguras. Agora me digam o que é pior? Levar tudo com você ou deixar no hotel? Nem os cofres dos hotéis são seguros porque existem chaves para abrir todos nas recepções. Sinceramente não sei mais.

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Trânsito em Hanói. A foto fala por si…

Eu poderia encerrar o post aqui de tão indignada que fiquei e dizer que é tudo uma merda, mas não é. Vamos lá, vou tentar contar um pouco da nossa experiência de um dia caminhando pelas ruas de Hanói. Ou melhor, caminhando não, desviando das motos que tomam conta da cidade. Para se ter uma ideia da loucura que até agora não tinha visto igual, nem na China, Hanói tem quase 7 milhões de habitantes e 4 milhões de motos. Dá pra imaginar? Eu não podia até ver com meus próprios olhos. Um inferno, um caos, uma sujeira, pessoas fechadas, olhar sério e muita gente. Tá bom, pode ser que sejam assim pelas marcas de um passado inimaginável de guerra A Ju contou que conversou com uma senhora que havia estado aqui e ela disse que tinha vontade de chorar toda vez que atravessava a rua, e é verdade. Ou você tem um perfil aventureiro, fecha os olhos, reza e vai se joga no caos, ou senta, desiste e chora. É preciso utilizar essa técnica para atravessar as ruas. Quem se encarrega de ver você e desviar são as milhões de motos e poucos carros. Good Luck!

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A vida em Hanói acontece nos banquinhos de plástico nas calçadas

A vida em Hanói acontece nas calçadas, os botecos têm mesinhas minúsculas com banquinhos de plástico mini em frente aos locais e não tem espaço interno para sentar. Ali eles sentam, conversam, comem, bebem, confraternizam, vivem. Quando as calçadas não estão ocupadas com as mesinhas estão lotadas de motos estacionadas, ou seja, caminhar é no meio da rua mesmo, rezando (mas depois acostuma)! Chega a ser engraçado de reparar que no primeiro andar dos edifícios, onde poderia ser a loja ou restaurante, é uma garagem de moto. E perguntem se vimos algum acidente? Nenhum! Pior, é normal ver uma família inteira em cima da moto, 4, 5 pessoas. Brincávamos para ver quem conseguia ver o maior número de cabeças em cima de uma moto só.

Bem, nosso destino era caminhar pelo Old Quarter, o centro histórico e comercial da cidade que nos possibilitou experienciar de tudo um pouco que Hanói poderia nos proporcionar. Foi um passeio caótico, muito cansativo, mas interessante (como tudo que é novo). Mercados de rua, lojas chinesas, açougues, bares, lojas de roupa, de relógio (fake é claro), ou seja, tudo que você imaginar em ruas estreitas e conturbadas. Um labirinto.

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Ju saboreia o prato típico “Pho”

A pedido da Ju e do Seba, fãs e adeptos das comidas de rua, sentamos numa ruazinha escura e estreita para comer onde os locais comem o “Pho”, um prato típico de macarrão com carne de porco, broto de feijão, cebola frita, dois ou três tipos de molhos, e temperos verdes. Confesso que no início meu estômago me disse: “você vai ter coragem de comer aí? Vou fazer você sofrer depois hein…?” mas experimentei a massinha sem carne e estava saborosa. Sentei e pedi um também, por nada mais nada menos que um dólar.

Se você resolver se aventurar por Hanói, não deixe de reparar nos postes de luz e ver a quantidade de fios, chega a ser engraçado e eles mesmos chegam a brincar com isso.

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Chegamos no Mausoléou de Ho Chi Minh e estava acontecendo a troca da guarda

Por terem sido muito tempo e em várias épocas diferentes dominados pelos chineses e por estarem bem próximos, a influência chinesa é grande, em tudo (pra aumentar ainda mais o meu amor pela cidade). Fomos visitar o Templo da Literatura, de Confúcio, que para quem não esteve na China é interessante e ainda passamos pelo Mausoléu de Ho Chi Mimh, que estava fechado naquela hora. Acabamos não indo no Museu das Etnologias que dizem ser bem interessante por pura falta de tempo. Pra mim, aquele dia em Hanói foi suficiente.

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Halong Bay tem mais de 3 mil ilhas que forma uma paisagem deslumbrante

Uma coisa boa no meio do caos
Alguma coisa tínhamos que tirar de bom no meio daquele inferno de cidade. Fomos conhecer uma das 7 maravilhas da natureza, a Baía de Halong num passeio de dois dias e uma noite num barco que nos levou no meio de mais de 3 mil ilhas que formam um cenário realmente estonteante. O passeio pode ser bate e volta (a Ju foi nesse porque não tinha tempo) ou de 2 a 3 dias. Dois dias foi suficiente e romântico. O barco era bacana, quarto ótimo, poucas pessoas e com todas as refeições incluídas. Todas as agências vendem diversas opções de passeios, são mais de 800 tipos de barcos no píer que fica a 3 horas de distância de Hanói. A parte gostosa do Vietnã foi aqui, pudemos apreciar a paisagem magnífica, curtir o barco e as estrelas à noite, pescar, cantar no karaokê, visitar a Caverna Hang Thien Cung, andar de kayaki no pôr do sol e percorrer as vilas flutuantes que têm cerca de 700 casas de pescadores. Vale a pena!

Visto: fizemos o pedido antecipado pela Internet porque achávamos que precisava e facilitava. Pagamos 15 USD e na chegada mais 45 USD. Rápido e fácil. Percebemos que o pedido pela internet foi desnecessário. Muitos que estavam ali não tinham o pedido, receberam o visto do mesmo jeito e pagaram apenas os 45 USD. Melhor pagar em dólares. eles aceitam outras moedas mas a conversão nao é justa.

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Passamos uma noite e dois dias em um barco em Halong Bay
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Pôr do Sol em Halong Bay
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Pescadores que moram em Halong Bay
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Barcos funcionam como mercados flutuantes que circulam entre os barcos turísticos vendendo comida e bebida
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Depois falam dos “gatos” no Brasil…
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Vietnamitas celebrando a formatura no Templo da Literatura
Juliana Stock
Alguém se arrisca a adivinhar o que tem pro almoço? Comidinhas de rua de Hanói
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Nosso próximo destino: Laos – Luang Prabang!

Venha com a gente nessa viagem: raphaeseba@gmail.com e acesse Facebook

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