• Carregando...
Welcome to Jordan!
| Foto:
Arquivo Pessoal
O Tesouro, em Petra

A Jordânia é um país cativante e muito bem preparado para receber turistas. Aqui nós somos muito bem vindos mesmo. Devido à situação política tensa dos países ao redor, os turistas fugiram e por isso mesmo somos poucos e muito bem tratados.

Arquivo Pessoal
A bandeira da Jordânia faz parte da paisagem em todos os lados

“Bem vindos à Jordânia” foi a frase mais ouvida durante nossa passagem pelo país. Minha primeira experiência no mundo árabe foi uma grata, muito grata, surpresa. Apesar de não ser possível entender uma só palavra escrita nas placas, cardápios e cartazes, todos se esforçam para falar inglês e, o melhor de tudo, para ajudar de alguma forma. Ajudar mesmo, na maioria das vezes sem a intenção de ganhar um troco em cima dos turistas perdidos (como acontece em muitos locais).
Ao chegar Amman, capital da Jordânia, pegamos um ônibus que faz especialmente a rota aeroporto-centro, por 3 Dinares cada um, cerca de 4,30 USD. A melhor coisa que tem é chegar num país desconhecido e poder pegar o transporte público, barato, e que te leva direto para a “confusão”. A única certeza que tínhamos era o hotel reservado por uma noite, mas como chegaríamos lá, onde o ônibus nos deixaria, quão longe era, nem ideia. Com 46 dias de viagem já pude perceber que as primeiras 24 horas num local diferente são críticas. O cansaço da viagem pega, a árdua tentativa de não errar é uma realidade, além de termos que tomar muitas decisões rapidamente, sem noção nenhuma das coisas, estressa um pouco.

Arquivo Pessoal
Amman e o Teatro Romano visto do alto da Cidadela

Poréeeemm, fomos muito bem recebidos pelos jordanianos. Um morador local que estava indo para o centro no mesmo ônibus, ao descer na estação central da cidade, nos pegou pela mão e disse que a melhor forma de chegarmos ao hotel era o taxi e que ele negociaria para nós. Aquilo foi quase que como um abraço carinhoso que estávamos precisando (rs). Nos deu um cartão pessoal e se ofereceu para qualquer coisa que precisássemos. No final, pagamos barato e chegamos rapidamente ao hotel com muitas dicas do taxista que também estava super disposto a nos ajudar e claro, sempre com a frase: Welcome to Jordan!

Dica: parece óbvio, mas não é. Nos demos conta, depois de muitas perguntas para todos os tipos de pessoas e depois de todos os tipos de respostas, que para receber uma informação relevante e verdadeira, o melhor que temos a fazer é perguntarmos para moradores que não estejam ligados a nenhum serviço de turístico (hotéis, taxis, lojas). Assim, ficamos livres de indicações tendenciosas visando a famosa comissão.

Arquivo Pessoal
Ruínas do Templo de Hércules, na Cidadela

Amman, uma cidade de contrastes
Chegamos à noite, mas da janela do taxi já dava para ver uma característica marcante da cidade. Todas as casas e edifícios, não muito altos, são construídos do mesmo material, uma espécie de pedra, e são todos do mesmo tom, sem qualquer pintura, a cidade inteira. Mais tarde fui descobrir que pelo jeito, o país todo é assim. Impressionante e diferente de todos os lugares por onde passamos. Dividida entre a velha e histórica capital antiga do Reino Hachemita e a moderna capital, Amman tem cerca de 1,5 milhões de habitantes muçulmanos e fica localizada entre o deserto e o vale do Rio Jordão. É uma cidade interessante e bonita, na minha opinião. Claro que o conceito de feio ou bonito é relativo, e alguns podem me chamar de louca, mas por ser tão diferente e autêntica, é única, e por isso, bonita.
Ficamos duas noites no centro antigo, uma para reconhecimento do terreno e outra para aproveitarmos a cidade. Estávamos bem localizados e perto de tudo que queríamos fazer caminhando. Pertinho do hotel estava o Teatro Romano, datado do século 2 d.C e restaurado em 1957, com capacidade para 6 mil pessoas. No alto, com uma vista privilegiada da cidade estava a Cidadela, uma área onde antes estava a antiga cidade de Rabat Ammón, destruída pela invasão romana, e reúne alguns dos principais sítios históricos da capital, incluindo um templo dedicado a Hercules.
Não tenho palavras para descrever como me sinto feliz de percorrer lugares tão singulares e poder conhecer culturas tão diferentes da minha. Os horizontes se abrem de uma forma assustadora. Digo isso porque demonstrações de carinho em público é pecado, ver mulheres cobertas dos pés a cabeça é intrigante, rezas 5 vezes ao dia nos auto falantes no início é estranho, mas depois acostuma e é curioso… e o que foi um pouco desconfortável, foi a maneira como os homens, principalmente, te olham nas ruas. Se você está com a autoestima baixa, lá é o lugar para melhorar isso. Brincadeira! Sim, lá se você não está vestida como as muçulmanas, você é diferente e o diferente chama a atenção. E sim, eles olham mesmo, sem pudor, muitas vezes sem se importar com o companheiro ao lado. No final, isso acostuma também, mas fica a dica: não é preciso se vestir como elas, mas roupas discretas, sem decotes e pernas aparecendo é sinal de respeito e nos deixa, sem dúvida, mais confortáveis. O que nos faz sentir seguras também é a preocupação da policia com os turistas, especialmente mulheres. Mais de uma vez fui abordada por policiais que perguntaram pra mim, não para o Seba, de onde eu era, para onde eu ia e como eu estava. Me senti mesmo protegida.

Arquivo Pessoal
Jerash , uma das cidades romanas mais bem conservadas do mundo

Jerash
Jerash ou Jarash (não descobri ainda porque existem essas duas formas de escrever) está a 50 km ao norte de Amman e segundo os jordanianos é uma das cidades romanas mais bem conservadas do mundo, com vestígios de presença humana de mais de 6.500 anos. A cidade ficou escondida durante séculos na areia, antes de ser escavada e restaurada nos últimos 70 anos. Vale a pena visitar e pode ser feita em algumas horas.

Arquivo Pessoal
Para chegar no Monastério, em Petra, é preciso subir cerca de 800 degraus

Petra: a cidade perdida
Existem muitos lugares lindos para visitar na Jordânia, mas, sem dúvida, Petra é um verdadeiro tesouro da humanidade. Pegamos um ônibus em Amman, ou melhor, uma mini-bus, e em 3 horas estávamos na cidade de Wadi Musa, onde fica Petra. Fomos para entrada principal de Petra pela manhã e decidimos percorrer a cidade em dois dias. Existe a possibilidade de se fazer em 1, mas é muito grande, o sol é forte e as caminhadas intermináveis. O ingresso não é barato e para os dois dias foi cerca de 72USD por pessoa incluindo a visita de Petra à noite (a diferença de preço para um dia é pequena).

Arquivo Pessoal
Tumbas e casas construídas pelos Nabateus há mais de 2 mil anos

Petra foi construída e habitada pelos Nabateus, antiga tribo árabe que chegou e se instalou lá há mais de 2.200 anos. Depois de muitas guerras para tentar conservar sua independência, foram dominados e anexados ao Império Romano, em 106 d.C.

Arquivo Pessoal
As construções impressionam tamanha beleza e perfeição com que eram feitas

Petra foi abandonada gradualmente por causa de problemas nas rotas comerciais (principalmente de sedas, temperos e incensos) quando suas riquezas começaram a faltar. Petra então ficou perdida por muitos anos até que em 1812 foi descoberta novamente por um viajante suíço chamado de Johann Ludwig Burkhards. Caminhar pela cidade é uma verdadeira aula de história e sobrevivência inesquecível. Lá você vai ver templos, tumbas, obras de artes, monumentos, sistema de canalização de água, casas, ruas pavimentadas, teatros… uma cidade enorme construída nas pedras.

Arquivo Pessoal
É preciso preparo físico e muita água para percorrer Petra, mas cada minuto vale a pena

Dicas importantes: leve muita água, frutas e o que mais quiser comer, pois lá dentro tudo é muito caro. Vá com roupas frescas e confortáveis e não esqueça o protetor solar e o chapéu. Tênis e botas especiais para caminhada são os mais indicados, pois as subidas são intensas e a terra é vermelha. A pele a roupa ficam impregnadas dela.

Arquivo Pessoal
Ayman e Seba preparam-se para comer Mansaf, feito especialmente para nós


Nada é por acaso…

Em Wadi Musa, Petra, tivemos uma maravilhosa surpresa e experiência local acolhedora e inesquecível que não posso deixar de compartilhar. Ao pegar um taxi depois de mais de 5 horas caminhando em Petra, perguntamos ao taxista onde ele sugeriria para jantarmos uma comida boa, barata e típica. Sem pensar duas vezes ele nos convidou para jantar em sua casa. Não preciso dizer que eu e o Seba nos olhamos surpresos com o convite, incrédulos, mas claro, adoramos e aceitamos. Algumas horas depois Ayman, nosso mais novo amigo jordaniano, passou para nos buscar. Conhecemos a família, mãe, pai, irmãos e a irmã que estava fazendo o jantar, Mansaf – uma comida típica feita com galinha ou carne de ovelha, arroz, iogurte e amendoim. Entrar na casa de uma família jordaniana, conversar, jantar sentados no chão comendo com a mão, com novos amigos não tem preço! Sem palavras… e melhor, não terminou por ai. No dia seguinte, Ayman nos “resgatou” na saída de Petra novamente e algumas horas depois nos pegou para um “picnic” no meio das pedras de Little Petra, local onde os locais costumam passar os finais de semana fazendo “barbecue” com a família. SENSACIONAL! Nada mesmo acontece por acaso…

Esperanza Leal
Pôr do sol em Aquaba

Aqaba
Aqaba é uma agradável cidade litorânea localizada ao sul da Jordânia, no Golfo de Aqaba, mais precisamente, início do Mar Vermelho. Chegamos de ônibus e em seguida um taxista nos orientou sobre onde seria melhor ficar. Nosso objetivo principal era mergulhar no Mar Vermelho e para isso o melhor foi achar um hotel nas praias do sul. Ficamos no Darna Village, em frente ao mar com uma vista linda do Golfo de Aqaba, do Egito e de Israel e foi mesmo a melhor opção. O mergulho foi um tanto decepcionante porque os Jordanianos não são nem um pouco ambientalmente responsáveis, para não dizer porcos mesmo.

Arquivo Pessoal
O mar é transparente e azul, mas o lixo jogado na praia estraga a paisagem

Mergulhar numa água cristalina e ver latas de refrigerante e copos plásticos junto a recifes, nadando com peixes multicoloridos, ouriços e tudo mais não combina nada. Chega a doer o peito de ver a sujeira e a falta de compromisso com a natureza. Curioso também foi ver as famílias se divertindo na praia e as mulheres vestidas na água, lógico.

Arquivo Pessoal
Wadi Rum, o deserto vermelho dos Beduínos

O Deserto: Wadi Rum
Nossa viagem tem tido um aspecto muito, mas muito enriquecedor que acho que ainda não comentei. Por todos os lugares por onde passamos conhecemos outros viajantes de todas as partes do mundo, sejam mochileiros ou turistas de finais de semana, que acabam se tornando grandes amigos e parceiros por algumas horas, alguns passeios ou até viagens mais longas.

Arquivo Pessoal
Amigos queridos que fazemos pelo caminho – Rafa e Espe

Foi em Aquaba que conhecemos os espanhóis queridíssimos e grandes parceiros Rafael e Esperanza e que nos acompanharam para o fabuloso deserto de Wadi Rum. Sabe quando você tem a impressão que conhece as pessoas há anos, sem nunca ter visto? Foi assim. “Espe”, como é chamada, faz parte dos Médicos sem Fronteiras, é psicóloga e está atualmente trabalhando na Palestina com vítimas da guerra. Tirei o chapéu!
Por sermos 4 pessoas, dividimos um taxi que saía quase o mesmo preço de ônibus de Aqaba até o deserto de Wadi Rum. Contratamos um guia, indicado por uma amiga da Espe, o beduíno Mohammed Domayan* que foi nos buscar no centro de informações turísticas do vilarejo de beduínos. Passamos a tarde percorrendo os 720 km2 das areias e cordilheiras do deserto vermelho e branco, presenciamos um pôr do sol esplendido e dormimos em um acampamento para turistas, mas com beduínos, após um jantar típico servido por eles. Nossa primeira vez em um deserto foi espetacular. E o céu estrelado? Alguém tem noção? Juro que chegava a dar medo de olhar de tão grandioso.
Gostaria também de ter escutado o tao falado silêncio do deserto, mas na barraca ao lado da nossa tinha um senhor roncando. Pode? Ninguém merece…. no dia seguinte, morremos de rir de tamanho azar. Mas tá bom, nem tudo pode ser perfeito!

*Mohammed Domayan
Md_wadirum@yahoo.com
tel: +962 779 705907
www.wadirumaccommodation.com

Arquivo Pessoal
Mosaicos de Madaba

Madaba
Madaba está localizada ao sul de Amman, distante uns 30 minutos. É conhecida como “a Cidade dos Mosaicos”, espetaculares mosaicos bizantinos . Ficamos dois dias ali para irmos ao Mar Morto e também porque estava pertinho do aeroporto. A cidade é pequena e dizem é a primeira a conviver pacificamente com muçulmanos e cristãos. Aqui a gente caminha pelas ruas entre mesquitas e igrejas escutando os sinos badalarem e as rezas muçulmanas. Fica em Madaba o famoso Mapa de Mosaico de Jerusalém e da Terra Santa do século VI. Estávamos cansados e fomos apenas ver o mosaico na Igreja Ortodoxa de São Jorge, mas existem outros pontos históricos pra visitar e tudo pode ser feito a pé. Foi na loja chamada Nebo´s Pearl que vi os quadros de mosaicos mais lindos da minha vida e tive vontade de ter pelo menos dois em casa. Em muitas lojas é possível entrar e ver as mulheres trabalhando e montando os quadros e mesas que chegam a levar de 1 mês a 1 ano para serem terminados.

Arquivo Pessoal
O Mar Morto e o deserto, do outro lado, Israel

Mar Morto
Foi de Madaba que partimos com um motorista (não havia como ir de transporte público) para o mar morto. Existem algumas praias “privadas” e complexos de hotéis em volta do Mar Morto, e para frequentá-las é preciso pagar. Optamos por ir para uma praia “free” em que pudemos tomar banho e logo após tirar o sal do corpo numa fonte natural de água doce.
Antes de chegar, a vista já impressionava. Uma paisagem de deserto e mar. Depois, ao entrar na água extremamente salgada, tentar afundar e não conseguir,foi intrigante. Tínhamos certeza de estar vestindo coletes infláveis invisíveis. As rochas revestidas de pedras de sal gigantes deixavam a paisagem ainda mais bonita e a experiência inesquecível. Fechamos a Jordânia com chave de ouro!

Arquivo Pessoal
Pedras revestidas de sal do Mar Morto

Mais uma dica:
Para fazer alguns passeios, se a opção não for de transporte coletivo, vale negociar com os próprios taxistas que estão acostumados a levar os turistas ou mesmo para quem tiver um pouco mais de verba, guias locais em diversos idiomas. Eles normalmente ficam na entrada dos pontos turísticos.
Não contratamos nenhum guia, mas tive vontade. Deixo aqui o contato de um que conhecemos e que me pareceu bom, fala inglês, espanhol e se aventura no português.

*Abdulsalaam Al Masri
Tel: +962 79 561 2046
e-mail: abdulsalaam_almasri@hatmail.com

Arquivo Pessoal
Petra
Arquivo Pessoal
Beduíno toca sua música para os turistas, em Petra
Arquivo Pessoal
Deserto de Wadi Rum
Arquivo Pessoal
Vista da estrada de Wadi Rum para Wadi Musa, Petra
Arquivo Pessoal
Assistindo o pôr do sol no deserto
Arquivo Pessoal
Arquivo Pessoal
Petra, admirada por todos
Arquivo Pessoal
Petra, a cidade perdida

********************
Nosso próximo destino: Turquia!
Venha com a gente nessa viagem: raphaeseba@gmail.com e acesse facebook

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]