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A salada sonora das abóboras mudou vidas
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Leonardo Bonassoli é um caboclo peculiar para se conversar sobre música e futebol. Você sempre aprende alguma coisa na conversa e dá risada com as narrativas pouco convencionais do Bona. Ele colabora com o blog na série o “Disco que mudou sua Vida”. Segue o texto:

O disco que mudou minha vida – The Smashing Pumpkins – “Mellon Collie and the Infinite Sadness”

Que um álbum pode mudar a vida de um adolescente, todo mundo sabe. O interessante é notar que a influência dele pode ir muito além daquele momento e se espalhar pelo mundo da música. Mellon Collie and The Infinite Sadness é um desses casos e aconteceu comigo.

O ano era 1998 (o álbum já tinha três anos de lançamento) e eu estava na faixa dos meus 15 anos de idade). Estudava no primeiro ano do atual Ensino Médio e, musicalmente, já tinha ouvido o Nevermind, do Nirvana. A fase musical da época, porém, era o skacore, uma onda naquele momento.

Como cheguei ao álbum? Emprestei. Uma colega de sala estava com o álbum voltando de empréstimo. Eu conhecia duas músicas de trabalho apenas: “Tonight, Tonight” e “Bulllet With Butterfly Wings”. Mesmo assim, pedi emprestado. Era a versão em CD importada dos States. Logo, era aquela caixa grande com os CDs em dois compartimentos distintos e sem influência um do outro. O disco duplo tinha dois encartes inclusive.

O álbum, lançado em 1995, pode ser considerado, pelo menos por mim, como um divisor da década do rock, apontando caminhos passados, então presentes e futuros. É algo estranho de se explicar, mas eu vou explicar.

Mellon Collie… é um álbum extremamente eclético dentro dos limites que se convencionou chamar de Smashing Pumpkins, fronteiras que o próprio disco tratou de evadir como se fossem bandeirantes indo além da Linha de Tordesilhas. Vai do piano com cordas da faixa título, que abre o álbum, ao peso de canções como “Zero”. Vai dos arranjos orquestrados de “Tonight, Tonight” às influências eletrônicas de “1979” e “Beautiful”, que se radicalizaram no Adore, álbum seguinte. Tudo bem trabalhado e pensado, num álbum feito propositalmente para ser o dia e a noite, a vida e a morte.

Divulgação.
Efervescência musical no disco dos Pumpkins.

Eu ouvi em duas etapas. O animal aqui não tinha fita cassete (suficiente, pois daria 2 fitas mais ou menos) para gravar tudo, muito menos gravadora de CD (em 1998 nem tinha muito como) e meu computador na época (um genérico de Pentium 100) não suportava mp3 e nem programa para converter tinha. Sendo assim, perdi a chance de arquivar uma verdadeira viagem sonora e confesso que até hoje não consegui recuperar tudo (isso é extremamente loser de minha parte). Mas no que me influenciou este álbum clássico para que eu pudesse dizer que ele mudou minha vida? Eu não falei isso até agora e já está o texto chegando ao fim…

Praticamente tudo que eu escuto hoje pode ser desdobrado no Mellon Collie. São tantas vertentes do rock que se encontram no álbum que sou obrigado a desdobrar. A banda de Corgan é colocada muitas vezes no grunge por ter surgido na mesma época, embora os próprios integrantes refutem tal classificação. Mas o som deles, no entanto, fez que eu prestasse atenção em outras vertentes do grunge (que na verdade é um verdadeiro balaio de gatos) além do som do Nirvana.
Outra descoberta foi o shoegazer, presente nos overdubs do álbum, que escuto hoje. O mesmo para as fusões de rock com música eletrônica, que aparecem discretamente no disco, e por aí vai.
Ouvindo o disco faixa a faixa com atenção, dá para enxergar uma miríade de escolhas sonoras. Digamos que a mudança na vida acabou sendo gradual com relação aos sons que fui procurar depois, como se fora um big-bang fonográfico. Mellon Collie And The infinite Sadness foi um suave ponto de virada na minha vida musical.

Gosta do disco, desgosta? Mande bala nos comentários.

Outros discos que salvaram vidas aqui no VoxPop

The Queen is Dead. The Smiths. Cláudio Pimentel
Animal Boy. Ramones. Por Felipe Lessa
Nevermind. Nirvana. Por Guilherme Voitch

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