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De como resolvi os problemas de Honduras e não ganhei nada com isso
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Este blog voltou de uma longa ausência. Não é minha culpa leitor. Eu deveria falar sobre música. Mas nada acontece. Escuto e tento, mas nada salta aos olhos e exige que se escreva. Enquanto nada de bom me provoque os ouvidos, gasto o tempo com algo melhor, resolvendo os grandes problemas da humanidade. Aqui minha colaboração com Honduras:

Não tenho dúvidas que a queda do Muro de Berlim foi benéfica para a humanidade. Serviu pra comprovar a ineficiência da ditadura da igualdade e sepultar alguns dos regimes mais assassinos que a humanidade conheceu. Certo. Mas que tínhamos um mundo bem mais fácil de ser compreendido antes disso, isso tínhamos…A coisa funcionava mais ou menos assim: Estados Unidos e União Soviética dividam o mundo. Tinham lá suas áreas de influência determinadas e ali, nos respectivos cantões, mandavam e desmandavam.

Você podia ser uma criança de dez anos, sem muito entendimento da conjuntura internacional, mas mesmo assim, conseguia saber o que estava acontecendo. A televisão dava a notícia de um golpe em algum país exótico e desconhecido. As imagens mostravam uma bombas pra lá e pra cá, seguida de muita fumaça. Logo depois apareciam uns soldados barbudos comemorando num jipe ou dando tiros pra cima, pendurados uns no cangote dos outros.
Do alto da sabedoria dos seus dez anos, você conseguia concluir que ou Estados Unidos ou a União Soviética estavam metidos ali. Se a presepada ocorria na América Latina, tinha dedo dos Estados Unidos, se ocorria no Leste Europeou ou na Ásia, era a União Sovitética que metia o bedelho. E se ninguém desse as caras, era simplesmente porque um tinha medo de mexer com outro – a tal da Fria Guerra. Aí a solução era ficar financiando gente do próprio país que estivesse disposta a brigar com o governo oficial, alinhado com o inimigo. Mundo cartesiano aquele.

Hoje em dia, a coisa é bem mais complicada. A Rússia se esforça pra conseguir o respeito das ex-repúblicas soviéticas e apita muito pouco no resto do mundo. Os Estados Unidos continuam sendo a nação mais poderosoa do mundo, mas já não tem aquele ímpeto de outrora. Honduras é o caso mais recente. Fosse um tempo atrás, já teríamos mariners desambarcando no país que conseguiu fazer uma guerra por conta do futebol. Mas não é o que acontece e isso é bom. O mundo tem de aprender a resolver seus problemas sem a salvaguarda das potências de plantão. Mais. Os países da América do Sul precisam se preocupar em resolver seus problemas e deixar de lado a gritaria histórica contra os Estados Unidos. O problema é conseguir isso.

Recapitulemos rapidamente os episódios do país que fez a guerra por causa de um jogo de futebol. O presidente eleito, Manuel Zelaya, queria promover um plebiscito, que serviria para mantê-lo no cargo. A proposta ia contra a carta magna do país; o Legislativo e o Congresso desautorizaram a medida. Zelaya queria que o Exército garantisse suas vontades. Tentou se sobrepor à Constituição e aos demais poderes. Tentativa de golpe. Pois bem. A reação do Legisativo foi igualmente fanfarrona. Dizem quem não existe o instrumento do impeachment na Constituição hondurenha. Mas procurei lá e também não achei nenhum dispositivo que permita tirar o presidente de cueca da sua casa, enquanto dormia, e jogá-lo no país vizinho. Zelaya poderia ter sido preso, poderia ter respondido um processo
administrativo. Mas ser enxotado do país, convenhamos, não faz muito sentido. Contragolpe.

Divulgação
Democracia e respeito às instituições: serei um gênio?

A situação desandou de vez com a volta do presidente deposto para a embaixada brasileira. Lá, ele, que não é refugiado político, tem feito campanha contra o governo interino.
Não pode dar boa coisa e já não está dando. A ONU e a comunidade internacional tem condenado a deposição de Zelaya, ao mesmo tempo em que não sentem muita confiança no bigodudo para tentar qualquer pressão mais efetiva. Lembre-se, os tempos são outros. Se com dez anos eu conseguia entender os conflitos de um mundo bipolar, hoje consigo resolvê-los.

É simples a receita: democracia e respeito às instituições: É preciso manter o governo atual, de Roberto Micheletti e anistiar Zelaya, com a condição de que ele reconheça a legitimidade dos atuais governantes. Feito isso, antecipesse o processo eleitoral em Honduras. Se o povo hondurenho quer a volta de Zelaya, que o eleja novamente. Ele ou qualquer outro, porém, devem estar atentos ao que manda a Constituição. A vontade pura e simples do povo não pode estar acima das instituições. Porque aí deixa de ser democracia e vira ditadura da maioria. Quem ganhar, portanto, tem de respeitar a Constituição e isso inclui Zelaya. Feito isso não precisaremos de mariners e nem de soldados atirando pra cima.

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