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Um grande clichê rock and roll, ainda bem
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Acho que já fiz aqui minhas considerações nem sempre pertinentes sobre o Oasis. Shows não têm a grande capacidade de mudar muita coisa, com raras exceções. Se você gosta da banda, se o som estava bom, se o lugar oferece condições mínimas, então ok. Será divertido, mas não será um divisor de águas. Shows desse tipo, lendários e definitivos, são poucos.

Como o primeiro do Sex Pistols, aquele em que o Iggy Pop parou tudo e quis descer a mão em um motoqueiro, aquele em que o Ian Curtis não quis cantar as músicas e, em terras brasileiras, a apresentação do Nirvana no Hollywood Rock. Nenhum desses foi quadrado. Não foram bons na medida em que se define bom como aquela sequência de músicas coladas umas na outra, conversa com o público, parada pra água, bis e palminhas de agradecimento.

Um show caótico, em que a banda não consegue tocar todas as músicas e o vocalista sai se arrastando do placo tem muito mais chances de virar história.
No que me diz respeito, o que mais perto chegou de histórico foi o show de uma banda chamada And You Know Us By The Trail of Dead… no extinto Big Bowling (sim, acredite) na frente da Igreja do Água Verde, lá por 2001, 2002. Se tinha cinqüenta pessoas vendo os caras era muito e umas duas semanas antes eles tinham tocado num Reading Festival da vida para cinqüenta mil pessoas. Eles se importaram?Nem um pouco. Tocaram como garotos numa garagem. Fizeram uma das maiores balbúrdias que eu já vi em cima do palco. Trocaram de instrumentos, pularam, buscaram ultrapassar todos os limites de microfonia/ capacidade de audição do ouvido humano. Quebraram tudo, em suma. Um baita show.

Antônio Costa
Oasis: serviço feito.

Dito isso, volto ao Oasis. Os ingleses são um grande clichê rock and roll. Liam é o frontman, classudo e maloqueiro ao mesmo tempo, com as mãos no bolso, parado no palco, olhando para a plateia. Estará debochando, entediado ou inspirado por litros de uísque e outras substâncias?
Noel é o cérebro e candidato a novo Paul McCartney. Vai estar com setenta anos e continuar fazendo grandes discos, sem precisar rebolar como os Stones. Saindo da dupla, a cozinha atual do Oasis é a melhor na história da banda. Em algumas partes, dá para ver uma pitadinha do Ride, antiga banda do baixista Andy Bell, com aquele climão mais arrastado e shoegazer. Chris Sharrock desce a mão com vontade, fazendo o que se espera de um baterista e Gem Archer é um segundo guitarrista dos mais competentes.

Sem firulas, o Oasis fez o que se esperava. Intercalou os grandes sucessos com as boas músicas do último disco. Uma hora e meia de show, com um pouco mais de conversa do que eu esperava, mas sem nenhum blábláblá. A banda entrou com o jogo ganho e não desperdiçou. Os fãs gostaram, com direito a menininhas com bandeira da Inglaterra e milhares de celulares tentando filmar alguma coisa. Um grande clichê do rock numa noite fria de domingo. O que poderia ser melhor?

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