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Vallentina, a feijoada como ela deve ser
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Feijoada Vallentina

A feijoada do Vallentina, com todos os itens que o prato exige e servida à vontade. (Foto/ Anacreon de Téos)

Vallentina

O agradável interior do Vallentina – capacidade para 52 pessoas. (Foto: Marcelo Elias / Gazeta do Povo)

Tinha até pensado em escrever sobre o assunto, tempos atrás. Parafraseando o chef Anthony Bourdain, que correu o mundo atrás do “prato perfeito”, lançaria minha busca pela “feijoada perfeita”. E até hoje tinha certeza de ter publicado alguma coisa nesse sentido – o que o Google acaba de me desmentir.

Então não publiquei, mas pensei em publicar – deve ter sido isso.

É que hoje há feijoadas de todos os tipos, para todos os gostos. Mas quase todas deixando o conceito original desse prato bem brasileiro, até mesmo para atender algumas recomendações do (chato) momento do politicamente correto que nos cerca por todos os lados. É feijoada light, diet, seja lá como for… os apelos não faltam.

Sérgio Porto, o brilhante Stanislaw Ponte Preta, jornalista e cronista do século passado, frasista emérito, afirmou certa vez: “Uma feijoada só é completa quando tem ambulância de plantão.” Ou seja: com direito a todas as gorduras e a todos os pedaços do porco, que fazem a essência do prato.

Algumas feijoadas famosas dos tempos de agora seguem um método que vai contra esse princípio pontepretano. Os ingredientes são cozidos todos com um ou dois dias de antecedência e, depois de frios, a camada de gordura que se solidifica em cima é retirada, para que a mistura final possa se processar com o feijão. Mas, ainda assim, com cada item em sua própria panela: charque aqui, lombo ali, paio acolá e assim por diante com orelha, rabo, pé e o que mais vier. O freguês mistura na mesa de servir, ao seu gosto.

Não se pode negar que fica saboroso, quando bem caprichado. Mas, a rigor, esse produto final não pode ser classificado como feijoada, com todas as suas regras básicas. É um feijão cozido, bem temperado, acompanhado de peças de carne de porco segundo a vontade de cada um.

Feijoada pra valer tem todos os ingredientes cozidos ao mesmo tempo, na mesma panela e com os mesmos temperos. Como a do Vallentina, um bar/restaurante ali entre o Rebouças e o Água Verde, que lota aos sábados, quando a feijoada se torna a grande estrela da companhia – durante a semana, à noite, serve massas, risotos e petiscos. Funciona das 11h30 às 18h, em torno desse prato brasileiro, servido com todos os requisitos que certamente agradariam Stanislaw Ponte Preta.

Com ou sem senzala

Tanto quanto as demais que já citei, esta também é cozida dois dias antes. Mas com todos os ingredientes juntos, no mesmo caldeirão, dando tempo para pegar bem o gosto, que tem de ser o mesmo em todos os itens. E somente na hora de servir é que há uma divisão, em cumbucas (nada de buffet) separadas para o feijão e para as carnes, digamos, mais formais, como o charque, a costelinha, o paio e uma surpreendente linguiça Blumenau que tão bem se encaixou nos sabores oferecidos.

Porque há rejeição de algumas pessoas aos outros pedaços do porco – explica o garçom. Estes sobravam em alguns pratos e eram, consequentemente, desperdiçados. Justamente para evitar esse pecado houve a sensata decisão de oferecê-los numa travessa à parte. Com ou sem “senzala”? – pergunta o garçom, explicando que é a maneira que chamam o prato complementar, com rabo, pé e orelha de porco. Com “senzala”. Sempre.

Além das três partes da feijoada, também chegam à mesa recipientes com laranja em rodelas, couve, vinagrete, farinha de mandioca crua, farofa, arroz e um molho de pimenta dedo-de-moça que não é nada forte (até poderia ser um pouco mais) e completa com galhardia o sabor final.

Doce de abobora Vallentina

A sobremesa é sempre um doce brasileiro, como esse delicioso doce de abóbora caseiro. (Foto/ Anacreon de Téos)

Para acompanhar, uma boa variedade de cervejas (78 rótulos, além das comerciais tradicionais) que se dão muito bem com o prato. O Vallentina tem capacidade para 52 pessoas em seu interior muito bem decorado e agradável. Mas em dias de tempo bom e principalmente de feijoada mais 20 mesas são postas na parte de fora, praticamente dobrando o número de lugares disponíveis. No som ambiente, apenas música popular brasileira.

O valor por pessoa é R$ 43, com direito a repetir cada item quantas vezes quiser. Ah, sim, incluindo a sobremesa, sempre um doce bem brasileiro, feito em casa.

Como o fim de semana chegou, fica aí a dica. Para se chegar com preguiça e passar bons momentos do sábado saboreando a verdadeira feijoada brasileira.

 

Vallentina

Rua Almirante Gonçalves, 2848 – Rebouças

Fone: (41) 3018-4158

 

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