• Carregando...
As quintas clandestinas de Bel
| Foto:
Antonio Rodrigues/Divulgação

Toda quinta-feira, e somente às quintas, Bel Coelho se dedica ao Clandestino, um espaço reservado para as “aventuras gastronômicas”, digamos, mais ousadas realizadas no piso superior do Dui Restaurante, onde a chef prepara um menu degustação. O jantar desta temporada tem tema brasileiríssimo e espiritual: os orixás. Depois de pesquisar ingredientes, Bel decidiu elaborar pratos baseados nas oferendas às divindades nos rituais do Candomblé.

“Foi mais inspirador do que imaginava. Criar um menu com base no Candomblé, que faz parte de nossas raízes culturais, tem sido uma expe­riência apaixonante”. O espaço ali tem uma cozinha exclusiva para, no máximo, 20 aventureiros e é possível vê-la abusando das técnicas de vanguarda como espumas, cozimento a vácuo, esferificações, entre outras aprendidas na Espanha.

Cada prato ganha o nome de um orixá. Para Iemanjá, a rainha das águas, robalo grelhado e pérolas de leite de co­­co com capim santo e areia de coco. Pa­­ra o caçador Oxóssi, costela de javali na taioba, ao molho de cacau e jaca verde na manteiga de garrafa. Para a deusa guerreira Obá, caldo de vatapá com acarajé líquido, farofa de camarão seco e vinagrete. No total, 12 orixás são lembrados ali. O menu finaliza com uma so­­­bremesa para Oxum, a deusa do amor, da beleza e da riqueza, com ovos moles, sorvete de gema, banana ouro, coco, melaço de cana, gengibre e folhas de ouro.

Um dos nomes da gastronomia brasileira, a paulistana Bel Coelho, 33 anos, hoje é sócia-proprietária do Dui. Talentosa, bonita e dedicada à profissão, o sucesso veio rápido e o gosto pela cozinha foi certeiro. Bel chegou a entrar no curso de psicologia, mas já no primeiro dia na PUC-SP percebeu que aquele não era seu caminho. Os pais não aceitaram bem a desistência e Bel precisou de muita lábia para convencê-los a bancar um curso no Culinary Institute of America, em Nova York. Como seu pai já tinha tido um restaurante, impôs uma condição à filha: antes de ir para os EUA, precisava fazer estágio em um restaurante de um amigo para ver se suportava a pressão da cozinha. Bel aguentou firme o desafio e, depois de um ano, ganhou o curso.

De volta ao Brasil, trabalhou com os talentosos Laurent Suaudeau e Alex Atala. Aos 23 anos, foi chef no Madellei­ne. Depois entrou na sociedade do Sabuji, casa de cozinha contemporânea. Em 2006, resolveu ir aprender mais na Europa. Foi chamada para tocar um projeto em Londres, mas o restaurante acabou não abrindo. “Foi um baque, mas foi ótimo porque aproveitei para fazer estágio no espanhol El Celler de Can Roca (www.cellercanroca.com), que foi uma das experiências mais incríveis da minha vida. Em 2009, inaugurei o Dui”, conta a chef.

Hoje o Dui é referência em São Paulo. “É um restaurante de cozinha contemporânea, moderno e despretensioso, que serve uma gastronomia inspirada, acessível e sem muita afetação. Já o Clandestino tem a intenção de proporcionar experiências gastronômicas únicas”, define Bel.

Risoto de paio com fava verde e couve

Confira o preparo elaborado pela chef Bel Coelho. Serve quatro pessoas

* * *

Veja mais


Serviço

Dui Restaurante.(www.duirestaurante.com.br). Alameda Franca, 1.590, Jardim Paulista, São Paulo – (11) 2649-7952. Clandestino, piso superior do Dui. Abre somente nas quintas-feiras, jantar sob reserva. Preço: R$ 195 por pessoa, com serviço e bebidas cobrados à parte.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]