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"Hoje nem deveríamos mais falar em capitalismo ou socialismo, não faz mais sentido. Atualmente, o modelo de sociedade que construímos, nosso sistema econômico-político, se chama consumismo."

Jelson Oliveira, coordenador do curso de Filosofia da PUC-PR.

É recorrente ouvirmos notícias de que o crescimento da economia do país foi incentivado pelo consumo das famílias brasileiras. Segundo os especialistas da área ouvidos pelo Caderno G Ideias, o avanço gerado pelas compras é positivo, no entanto, o país não pode depender apenas desta demanda aquecida, diz o professor do curso de Finanças da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Antônio Marinho. "O consumo eleva o endividamento das pessoas e cria um círculo onde é necessário manter a atividade econômica para que seja garantido o pagamento do endividamento", explica.

De acordo com Marinho, o Brasil deveria direcionar esforços para outros setores, o que resultaria em um processo de crescimento sustentável. "Investimentos em infraestrutura, como estradas, energia, saneamento e saúde gerariam o aumento da atividade de forma mais segura." O pesquisador do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), João Paulo Amaral, reitera que as políticas de crescimento que possibilitaram aumento de poder aquisitivo da população e ascensão social são válidas, mas que decisões mais conscientes na formação de políticas públicas deveriam estar em pauta, e não estão. "Nos assusta quando a maioria das políticas públicas para energia estabelece somente o crescimento da estrutura hidrelétrica, ao invés de reaproveitamento de eficiência energética."

Fazer com que o consumidor seja mais consciente, diz Amaral, também passa pela estrutura do país e de uma cidade. "Considerando os debates sobre meio ambiente no Brasil, quando tivemos a Eco-92, falou-se muito das atitudes individuais, as pessoas eram as principais culpadas", relembra. Agora, segundo ele, não adianta ter um modelo de consumo sustentável sem alternativas viáveis. "Para usar bicicleta nas grandes cidades, por exemplo, é necessário se arriscar, quando o que deveria acontecer era o governo prover espaços adequados para quem pedala."

Dinheiro

Na euforia do acesso ao crédito e ao consumo de bens antes inalcançáveis, o brasileiro precisa aprender a administrar melhor o dinheiro. O recomendável é fazer os recursos renderem, orienta o doutor em Economia pela Universidade de São Paulo (USP) e professor do Programa de Mestrado e Doutorado em Administração da Universidade Positivo, Rodolfo Coelho Prates. "Se moderar um pouco o impulso, há possibilidade de fazer uma poupança para que os juros trabalhem a seu favor. Se a pessoa não tem geladeira e precisa de crédito emprestado para comprar, tudo bem. Mas, se já tem, não precisa imediatamente de outra maior."

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