| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Pacientes do Hospital Erasto Gaertner, no bairro Jardim das Américas, em Curitiba, e seus familiares viraram alvo de criminosos. Além de cuidar da doença que enfrentam, o câncer, quem precisa de atendimento tem outra preocupação: a falta de segurança. Aproveitando o momento de vulnerabilidade, suspeitos agem na região roubando carros e assaltando pessoas nos arredores da instituição, principalmente nos pontos de ônibus.

CARREGANDO :)

Referência no combate ao câncer, o hospital recebe pacientes de todo o Brasil para tratamento dos mais diversos tipos da doença. É o caso do apucaranense Luciano Agostino. O empresário acompanha o tratamento do filho, de 3 anos. Antes de vir para a capital, ele se preparou, procurou se informar sobre hospedagem e também sobre o hospital. Ouviu relatos de amigos e nas redes sociais de que o entorno do Erasto Gaertner seria perigoso. Por isso, o empresário diz que quase não sai na rua, e vai até o hospital de carro.

Mesmo assim, o apucaranense acabou tendo o celular roubado na Rua Doutor Ovande do Amaral, que passa na frente do hospital. “Estava distraído, vim fazer umas ligações, porque ver o filho lá não é fácil. Aí que o cara acabou vindo me roubar. Não deu nem para ficar brabo, porque a gente não pensa nisso. Não dá para esquecer da nossa família aqui”, afirmou. O crime ocorreu no começo deste mês.

Publicidade

Sandra Alves perdeu não só o celular, mas também a bolsa com os documentos na ação dos bandidos, no começo deste ano. A auxiliar de limpeza conta que retornava para casa após visitar o médico da filha, de 11 anos, e foi abordada por um rapaz de bicicleta. “Estava indo para o ponto de ônibus e fui abordada. Ele pediu a hora, mas eu não tinha relógio, daí ele perguntou do celular e foi aí que me roubou”, descreveu.

Ela lamenta o transtorno do episódio, já que teve de refazer os documentos pessoais e também pela circunstância em que estão as pessoas que precisam do hospital. Além do prejuízo material, a auxiliar conta que também perdeu um dos objetos de sua fé. “Estava tão transtornada que entrei no ônibus e só lá me dei conta de que não tinha mais o cartão para pagar a passagem. Fiquei muito triste quando lembrei que ele tinha levado até o santinho que eu tinha benzido, da promessa para a recuperação da filha”.

Celulares e bolsas são alvos fáceis para os criminosos, que também têm investido em outras categorias de crimes. Marilda Rzepka, que é mãe de um paciente de 7 anos, teve seu carro roubado enquanto estava acompanhando a criança no Erasto Gaertner, no ano passado.

Segundo a dona de casa, o veículo não tinha seguro, o que gerou um grande prejuízo, já que o automóvel nunca foi recuperado. “Levaram o meu carro bem aqui na rua. Eles agem sabendo que quem deixa o carro nas redondezas vai passar bastante tempo dentro do hospital”.

 
Publicidade

Trabalhadores também sofrem

Funcionária do estacionamento do hospital, Tania Donin conta que trabalha no local há apenas dois meses, e a frequência dos relatos assusta. “Nesse período veio muita gente que tinha acabado de ser assaltada, pedir para chamar a polícia. Tenho certeza que se ficasse sabendo de todos os assaltos, contabilizaria um por dia”.

Tania afirma que quando vai para casa opta por uma rota de ônibus mais longa e demorada, para correr menos riscos de sofrer com assaltos. A funcionária poderia pegar o Interbairros V, que passa por um trecho da Rua Dr. Ovande do Amaral, a seis quadras da entrada do hospital, mas usa um trajeto diferente para evitar caminhar pela região. “Como é muito perigoso subir a rua, acabei tendo que pegar outra linha. Ao invés de pegar um ônibus, pego dois, gasto duas passagens e demoro uma hora a mais para chegar em casa”, contou.

A reclamação é de que a iluminação no trecho é precária, e as árvores nos gramados laterais da pista proporcionam esconderijo para que assaltantes surpreendam suas vítimas. Como o padrão urbano é o mesmo para toda a região, o problema se repete em toda a vizinhança.

Explicações

O Hospital Erasto Gaertner, em nota, afirmou que, após o contato da reportagem, procurou o comando do 2.º Batalhão da Polícia Militar, responsável pela área. De acordo com o hospital, houve um reforço no policiamento, especialmente nos horários de maior risco. A instituição afirmou que atua também na busca por soluções para os problemas junto à prefeitura, frequentando e fazendo reivindicações nas reuniões públicas da Regional do Cajuru. Internamente, os funcionários são orientados sobre os cuidados a tomar nos arredores e também para registrarem Boletins de Ocorrência em caso de algum episódio de violência.

Também em nota, a Polícia Militar informou apenas que realiza patrulhamento na região, e que o serviço foi reforçado recentemente. A corporação também afirmou que atua nos horários de maior risco na região e que orienta as vítimas a registrarem Boletim de Ocorrência na Polícia Civil. Algumas perguntas feitas pela reportagem à PM, porém, ficaram sem resposta. Não foi informado como é feito o patrulhamento, se há cuidados especiais pelo histórico de violência na região, e nem quantas vítimas procuram por assistência policial no entorno do Erasto Gaertner.

Publicidade

Colaborou Cecília Tümler.