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Nos meus tempos rebeldes, a trilha sonora desta época do ano incluía a música "É Natal!", da banda punk Cólera. Os primeiros versos diziam: "Os pobres ficam bem mais pobres,/os ricos, muito, muito ricos./O comércio fica aberto dia e noite./Os presentes e chantagens/todos trocam sem pensar/para, no dia seguinte, se odiar."

A letra ia por aí adiante. Ao fim, decretava: "Não preciso de pretexto,/não preciso de Natal./Todo dia é importante,/todo dia é igual".

Passei anos sem escutá-la. Recentemente, lembrei dela e me surpreendi por constatar o quanto ela pode ser verdadeira para muita gente. Convido o leitor a refletir: o Natal das vitrines enfeitadas com neve falsa, dos sorteios de shopping e da musiquinha da Simone não lhe parece terrivelmente tolo? Não parece que sobra hipocrisia nos amigos secretos da firma, aqueles em que só o chefe ganha presente bom?

Olhando assim, não tem razão de ser essa correria, toda essa ansiedade, as compras, a festança engordativa que a maior parte dos brasileiros (o colunista incluído) terá na noite de hoje. Se for para ser assim, eu me alinho ao lado do Cólera.

O leitor pode até discordar, mas eu creio que esse estranhamento ocorre porque falta alguma coisa na forma como as grandes comemorações são organizadas. Papai Noel pode até ser um senhor bem simpático, mas ele não deveria nunca ser o centro da festa. Não está nele a origem do Natal.

A cada ano, no 25 de dezembro, celebra-se o nascimento de Jesus. Ele é a peça que falta no quebra-cabeças natalino. Se hoje fala-se que o sentido do Natal está no desprendimento, na solidariedade e no amor ao próximo, é porque tivemos nele o maior exemplo: alguém que deixou de lado suas prerrogativas divinas e veio habitar entre homens, com o único objetivo de trazer salvação. Se damos presentes, é porque recebemos dele um incomparavelmente melhor.

Feliz Natal.

Pequenos valores...

...grandes dores de cabeça. Uma pesquisa do SPC Brasil, divulgada, na sexta-feira passada, mostra que boa parte dos brasileiros entra nas listas de restrições dos serviços de proteção ao crédito por causa de valores relativamente baixos. Praticamente um terço (33,15%) da base de dados do SPC Brasil foi negativado devido a débitos de até R$ 250. É bom lembrar que se trata de dívidas com atraso superior a 90 dias.

Esse valor é alto ou baixo? Depende, é claro, de quanto você ganha. Mas há pelo menos dois fatores que podem ajudar a entender o que está acontecendo. O primeiro é a inflação. Com os preços subindo consistentemente nos últimos três anos, é bem possível que muitos consumidores estejam tendo problemas para pagar contas que, até há pouco, estavam sob controle. Isso é especialmente plausível no caso de famílias de baixa renda, que são mais sensíveis à elevação de preços de alimentos (que têm maior peso no cálculo dos índices). O outro fator é a persistência dos altos índices de inadimplência. Nesse ambiente, as pessoas podem estar escolhendo quais contas irão atrasar – e o lógico é adiar o pagamento daquelas que, no futuro, serão mais fáceis de pagar.

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