• Carregando...

O dólar despencou mais de 3% por cento nesta sexta-feira (29), com força suficiente para anular a alta que acumulava em junho até a véspera. A euforia nos mercados veio com o acordo fechado pelos líderes da União Europeia, além da forte atuação do Banco Central e medida que envolve pagamento de exportações, que pode trazer mais dólares para o país.

O dólar fechou em queda de 3,2% nesta sessão, cotado a R$ 2,0098 na venda. Foi a maior queda desde 23 de setembro de 2011, quando caiu 3,24%.

No mês, a moeda norte-americana acabou fechando com leve queda de 0,38%, anulando a alta de 2,91% vista até a quinta-feira em junho. No primeiro semestre, no entanto, a divida norte-americana ainda tem alta de 7,56%.

Os mercados mundiais reagiram com bastante otimismo o fato de os líderes da zona do euro terem concordado nesta sexta-feira em alinhar suas regras de ajuda para reforçar os bancos e reduzir os custos de empréstimos de membros com problemas, como Itália e Espanha. No entanto, ainda faltam ser acertados detalhes do plano.

Também ajudou a puxar a cotação para baixo os três leilões do BC de swap cambial tradicional -que equivalem a uma venda de dólares no mercado futuro-, com 60 mil contratos cada um e que movimentaram cerca de US$ 9 bilhões.

Apesar disso, avaliam os especialistas, apesar do movimento nesta sessão, a tendência para o câmbio continua sendo de alta do dólar.

"Não espero um grande movimento a favor do real nos próximos dias. Acredito que vai ocorrer uma consolidação forte da moeda em torno dos R$ 2. Ainda não há motivos que permitam uma maior confiança dos investidores estrangeiros e que o real se aprecie", disse o estrategista para América Latina do banco BNP Paribas, Diego Donadio.

Para ele, entre os motivos que impedem que a queda do dólar ante o real persista estão a perspectiva de baixo crescimento no Brasil, o que, na sua avaliação, reflete em juros menores, mais estímulo fiscal e potencial inflação.

O Banco Central, por exemplo, reduziu na véspera a sua previsão de crescimento da economia este ano. Agora espera expansão para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2,5%, ante projeção anterior de 3,5%.

Além disso, Donadio citou que o cenário externo ainda pode voltar a trazer preocupações. "O acordo feito pelos líderes da União Europeia foi um passo ótimo, mas ainda há muito o que ser feito, como definir as restrições para os bancos receberem dinheiro dos fundos de resgate", afirmou.

Medidas

Apesar de o governo já ter flexibilizado parte das medidas cambiais tomadas quando o dólar mostrava fraqueza ante o real, segundo especialistas, ainda existe a avaliação de que o país não vai conseguir manter as entradas robustas de fluxo.

Recentemente, o governo reduziu para dois anos o prazo para empréstimos no exterior com Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 6 por cento e ampliou a antecipação de pagamentos de exportações.

Um dos sinais de que os investidores ainda estão com dúvidas em relação ao futuro pode ser a demanda dos leilões de swap cambial tradicional feitos pelo BC. Nesta sexta-feira, vendeu novamente todos os até 60 mil contratos de swap ofertados.

O BC anunciou leilões de swap por três sessões seguidas esta semana, em todos os leilões ofertou e vendeu todos os 60 mil contratos. Apenas o primeiro leilão feito na semana, na quarta-feira, foi para rolagem de contratos que venciam no dia 2 de julho e não chegou a ter grande impacto no mercado.

O operador de câmbio da Renascença Corretora José Carlos Amado é outro que não vê muitos motivos para o dólar voltar a cair com mais força. "Acredito que o dólar pode se manter perto da estabilidade, e o mercado vai começar o mês tentando fazer uma leitura do que virá da Europa ainda", disse.

"A queda de hoje foi bem forte por um conjunto de fatores, com o cenário lá fora e atuação do BC", acrescentou.

Para Amado, com a moeda nesse patamar em torno de R$ 2, que está começando a ser visto pelo mercado como um piso informal do dólar, o BC pode reduzir ou parar de fazer leilões de swap por enquanto.

"Acho que o patamar de R$ 2 e mesmo até de R$ 2,05 ainda é confortável para o BC", avaliou.

Na avaliação de Amado, em relação ao cenário externo, também é cedo para que dizer que ocorrerá uma melhora e as incertezas em relação à crise ainda podem trazer alguma pressão de alta.

"A atitude foi correta, mas não para fazer com que o mercado mude de tendência", concluiu.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]