Em busca de oportunidades
RMC e bairros afastados na mira das construtoras
A dificuldade de encontrar terrenos vazios em áreas nobres deve se tornar um grande problema para construtoras a partir de 2013, quando o mercado desacelerar. Diante deste obstáculo, o cenário imobiliário já começou a sofrer transformações. Bairros mais afastados do centro e, principalmente, a região metropolitana de Curitiba (RMC) já são alvos das incorporadoras.
"Não tem mais saída. Depois de 2013 vai haver dificuldade maior em viabilizar áreas nas regiões nobres. A região metropolitana e bairros afastados do centro de Curitiba serão boas oportunidades de negócios econômicos. Essa será a tendência em três ou quatro anos", afirma o presidente da Ademi-PR, Gustavo Selig.
Cada vez mais, os municípios próximos à capital paranaense serão utilizados como dormitório pela população economicamente ativa. Os empreendimentos nestas áreas não devem ser tão caros como os da capital. Outra vantagem seria a estrutura de serviços disponível.
"Já está ocorrendo o processo natural de integração da região metropolitana com a capital. Com oferta menor nas áreas centrais, áreas mais afastadas serão a saída para o mercado", diz o consultor do Sinduscon-PR Marcos Kahtalian. "Todos os bairros afastados e cidades ao redor de Curitiba possuem ótimos serviços. Isso viabiliza a implantação de empreendimentos", afirma Selig. (CGF)
Apesar da escassez de terrenos baldios para construção de empreendimentos de grande porte, o mercado imobiliário em Curitiba deve continuar aquecido neste e no próximo ano a previsão da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR) é de crescimento de 16% em 2011 em relação a 2010. Segundo profissionais ligados ao setor, há poucas áreas vazias disponíveis nos bairros ao redor do centro de Curitiba que comportem projetos grandiosos, tanto verticais (prédios) como horizontais (condomínios de casas).
A saída adotada pelas incorporadoras e construtoras para driblar o problema é a compra dos lotes que restam, muitas vezes pagando mais caro que o valor de mercado. "As incorporadoras arremataram tudo o que tinha. Hoje existem poucos terrenos à venda para grandes construções. O que as construtoras estão fazendo é comprar os lotes que restam e negociar com os donos dos terrenos ao redor. Mas isso não será impeditivo para a continuidade do crescimento do mercado", explica o presidente do Instituto Paranaense de Pesquisa e Desenvolvimento do Mercado Imobiliário e Condominial (Inpespar), Luiz Fernando Gottschild.
A tendência é que, cada vez mais, casas antigas e estabelecimentos comerciais deem lugar aos empreendimentos imobiliários, principalmente em bairros como Batel, Água Verde, Seminário e Cabral, entre outros próximos ao centro de Curitiba. Sabendo disso, muitos proprietários elevam o preço na hora da negociação com as construtoras. "O que muitas construtoras estão fazendo é demolir construções antigas. O problema é que o terreno com a casa acaba custando mais, e por isso as construtoras estão desenvolvendo produtos mais caros para ter retorno financeiro. Hoje é impossível encontrar algo abaixo de R$ 250 mil ao redor do centro", ressalta o presidente da Ademi-PR, Gustavo Selig.
O consultor do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Paraná (Sinduscon-PR) Marcos Kahtalian acredita que os preços desses terrenos devem cair. Segundo ele, a redução irá acompanhar o mercado. "Quando ocorreu o momento de grande explosão do mercado imobiliário, os proprietários de terrenos acompanharam. Agora, com a redução da ansiedade, a tendência é trabalhar com preços aceitáveis", alerta.
Melhor da década
Os dados de 2010 comprovam que o mercado imobiliário bateu todos os recordes da década. O volume de alvarás de construção liberados em Curitiba no ano passado foi histórico. Segundo estimativa do Sinduscon-PR, o número deve chegar a 35 mil unidades, 26% superior ao registrado em 2009, quando foram autorizadas 27.840 unidades.
Os lançamentos no ano passado também devem ser marco no mercado imobiliário da capital paranaense. A previsão da entidade é que mais de 10 mil unidades sejam ofertadas ao mercado até novembro já eram 8,1 mil unidades. Confirmados os números (o sindicato espera finalizar os dados até dia 19 de janeiro), haverá aumento de 41% em relação a 2009, que fechou com 7.099 unidades.
As vendas de imóveis novos também comprovam o ótimo momento que atravessa o mercado. Entre janeiro e outubro de 2010, foram comercializados 5.675 unidades verticais, 32,5% mais do que no mesmo período do ano retrasado, de acordo com dados da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR). "O crescimento surpreendeu positivamente. As projeções eram otimistas, mas não na velocidade que foi", comemora Selig. "Por conta da disponibilidade de crédito, o crescimento do mercado foi ótimo. Os lançamentos aumentaram em mais de 20%", complementa Kahtalian.
Dois quartos
Os apartamentos de dois quartos continuam sendo os mais procurados pelo público. O motivo é o perfil do consumidor: casais novos que estão começando a constituir família. "Os casais podem transformar o segundo quarto em escritório ou no quarto do primeiro filho", afirma Gottschild. "Geralmente, querem afastado da região central pela tranquilidade e proximidade com áreas verdes e parques", acrescenta.
De acordo com o presidente do Inpespar, os apartamentos de um quarto também vendem bem. Mas, nesse caso, a procura é por unidades na área central de Curitiba. O público interessado nesse padrão é composto por pessoas divorciadas ou viúvas, na terceira idade ou jovens. "São indivíduos que não precisam de uma área muito grande. Além do mais, querem se locomover sem precisar dirigir. Se estiverem morando no centro, terão o benefício de estar próximos de pontos de ônibus, shoppings e restaurantes", ressalta.
Diante da oferta por apartamentos menores, a procura das opções de três e quatro quartos, geralmente mais antigos, diminui. O motivo seria a facilidade em adquirir o imóvel novo. "O novo é mais fácil de comprar. As construtoras financiam e também parcelam em várias vezes, enquanto para imóveis usados, geralmente, as pessoas precisam dar entrada grande e o financiamento é mais complicado", diz Gottschild.
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