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A produção industrial encolheu 1,5% em julho frente a junho, iniciando o terceiro trimestre com fraqueza generalizada entre os setores e reforçando o cenário de recessão pelo qual passa o país. O resultado, divulgado nesta quarta-feira (2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), veio pior do que o previsto por analistas, cujas projeções variavam entre 0,1% e 0,2%. Foi a maior retração para meses de julho desde 2013, quando o setor caiu 3,6%. Considerando qualquer mês, foi o pior desempenho desde dezembro de 2014 (-1,8%).

Em relação ao mesmo mês de 2014, o setor caiu 8,9%, a décima sétima taxa negativa seguida na comparação com julho do ano passado, o que representa desempenho negativo há quase um ano e meio. No ano até julho, a queda é de 6,6%. Já no acumulado de 12 meses, a indústria tem retração de 5,3%.

“O total da indústria está 14,1% abaixo do ponto mais elevado, alcançado em junho de 2013. Em termos de patamar de produção, é como se estivéssemos em maio de 2009”, afirmou André Luiz Macedo, gerente da coordenação da indústria do IBGE.

Em baixa

O resultado ruim para a indústria já tem sido observado em outras pesquisas do IBGE. Na última sexta-feira, o instituto anunciou a retração de 1,9% do PIB no segundo trimestre de 2015. Segundo os dados, a indústria contraiu 4,3% em relação ao primeiro trimestre, a pior desde o primeiro trimestre de 2009, quando encolheu 5,9%.

Três entre as quatro categorias analisadas no setor industrial apresentaram resultado negativo frente a junho deste ano. A redução mais acentuada foi de 3,4% dos bens de consumo semi e não duráveis, que engloba alimentos e vestuários, eliminando a expansão de 3,1% acumulada em maio e junho.

A produção de bens de capital e de bens intermediários caiu 1,9% e 2,1%, respectivamente, o que representa para ambos o sexto mês seguido de queda e acúmulo de perda de 17,7% e 4,4%. A única categoria que obteve resultado positivo foi a de bens de consumo duráveis (9,6%), após acumular perda de 25,2% entre outubro de 2014 e junho de 2015.

Nem mesmo a valorização do dólar sobre o real – de 38,71% neste ano até terça-feira – deve ajudar o setor no curto prazo, afirmou o economista do IBGE André Macedo. “O câmbio é totalmente incapaz de reverter o movimento de queda da indústria. Ele favorece a indústria, sem dúvida mas não resolve o problema”, resumiu.

Desaceleração

Para o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, os dados divulgados dão evidências de que ocorrerá uma desaceleração mais forte da economia nos próximos períodos. “Começamos o terceiro trimestre com o pé esquerdo. Os empresários continuam sem confiança para com a economia brasileira e a tendência é de a atividade industrial só piorar”, afirmou.

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