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Cartão de crédito ainda é o principal gerador de pontos para programas de fidelidade | Marcos Santos/USP Imagens
Cartão de crédito ainda é o principal gerador de pontos para programas de fidelidade| Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Um negócio cujo objetivo é ajudar empresas a fidelizar clientes pode se tornar um gigante na bolsa brasileira. Com duas companhias abertas, a Multiplus e a Smiles, o setor de gestão de programas de pontuação pode ter outras duas aberturas de capital nos próximos anos: a Livelo, que pertence ao Bradesco e ao Banco do Brasil, e a TudoAzul, da Azul, já manifestaram interesse em entrar na bolsa.

O acúmulo e resgate de milhas nasceu dentro das companhias aéreas e se tornou um negócio bilionário. As empresas do setor são como pequenos bancos centrais: criam seus pontos, que são vendidos a parceiros e, depois, são resgatados pelo consumidor. No fim do ciclo, elas ganham com os pontos não resgatados e a diferença entre o valor de venda e o de resgate.

Venda de milhas pela internet garante dinheiro extra

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Segundo dados da Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Fidelização (Abemf), são 74 milhões de cadastros em programas de fidelidade que acumulam e resgatam bilhões de pontos ou milhas a cada trimestre. O cartão de crédito é o principal gerador de pontos, enquanto a compra de passagens aéreas é a principal forma de resgate.

E foram justamente as companhias aéreas que deram notoriedade ao mercado de pontos no Brasil. “Os programas começaram com companhias aéreas em que você voava e acumulava milhas e trocava por passagens aéreas. Depois, as companhias começaram a agregar parceiros e a ampliar os programas”, explica Roberto Medeiros, presidente da Abemf e CEO da Multiplus.

Ao agregar parceiros, possibilitando que o consumidor, por exemplo, abasteça o carro, acumule pontos e troque por uma sanduicheira, os programas ficaram mais complexos e rentáveis e começaram a virar companhias independentes. Entre as principais empresas, estão a Smiles, Multiplus, Dotz, Grupo LTM, Netpoint, Livelo e TudoAzul.

O faturamento do seis grupos associados à Abemf foi de R$ 5 bilhões em 2015, o que representou um crescimento de 27,1% na comparação com o ano anterior. A Smiles, controlada pela Gol, tem valor de mercado de R$ 7,1 bilhões e a Multiplus, ligada à Latam, também vale R$ 7,1 bilhões, valores acima, inclusive, do próprio valor de mercado das companhias aéreas que as criaram.

Modelo de negócio

Os únicos entraves para o crescimento do setor de pontos são o cadastro de parceiros e a aceitação do público. Como elas mesmas criam as milhas, o único custo de seu produto é a manutenção de sistemas e de equipes de marketing e vendas.

As milhas são vendidas em dólares. Enquanto os clientes não fazem o resgate, o que normalmente demora, o dinheiro fica parado no caixa das empresas de fidelidade, que aplicam o montante para ganhar com juros – fora o ganho com pontos não resgatados e com a diferença entre o valor de venda e do de resgate.

“A empresa vende o ponto para o parceiro comercial e só vai ter custo quando há o resgate. Não há endividamento. São empresas geradoras de caixa líquido e que não precisam fazer grandes investimentos, apenas em divulgação e marketing”, afirma Felipe Martins, analista de mercado de Coinvalores. É comum, segundo Martins, as companhias pagarem 100% do lucro aos acionistas.

Crise deve impactar no caixa das empresas, mas há espaço para crescer

Com número de cadastros aumentando a cada trimestre, o mercado de pontos no Brasil está em ascensão. Mas o ritmo de crescimento deve diminuir nos próximos trimestres em função da crise e do delay que há no setor, explica Felipe Martins, analista de mercado de Coinvalores.

Os resultados deste ano, por exemplo, são reflexos de 2015, já que as pessoas demoram meses para acumular pontos e milhas e fazer o resgate. Como a crise diminuiu o consumo neste ano, é natural que as pessoas passem a acumular menos pontos e que o resgate comece a cair.

Martins também afirma que o caixa das companhias deve ser impactado pela queda dos juros. Uma das formas de ganhar dinheiro das empresas de fidelidade é com os juros do montante que fica parado enquanto os clientes não fazem o resgate.

Apesar das previsões, Roberto Medeiros, presidente da Abemf e CEO da Multiplus, afirma que há muito espaço para crescer no país. Segundo ele, o alcance dos programas não chega a 10% da população no Brasil, enquanto em países mais maduros é de 40%.

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