• Carregando...
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto: autoridade monetária indicou que pode reduzir ritmo de queda da Selic, a taxa básica de juros.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto: autoridade monetária indicou que pode reduzir ritmo de queda da Selic, a taxa básica de juros.| Foto: Isaac Fontana/EFE

O aumento nas incertezas domésticas – como a manutenção de um mercado de trabalho mais aquecido – e internacionais levou o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) a adotar uma postura mais cautelosa para as próximas reuniões. A sinalização consta da ata divulgada na manhã desta terça-feira (26) pelo BC.

Em sua última reunião, na semana passada, o Copom reduziu a taxa Selic de 11,25% ao ano para 10,75%. No entanto, o colegiado admitiu a possibilidade de um ritmo mais lento nos cortes dos juros de agora em diante.

“O cenário-base não se alterou substancialmente, mas, diante das incertezas do cenário, julgou-se apropriado ter maior flexibilidade de política monetária”, destaca o documento no parágrafo 22.

A ata também ressalta que alguns membros do Copom argumentaram que, se a incerteza prospectiva permanecer elevada no futuro, um ritmo mais lento de corte de juros se mostraria mais apropriado, independentemente da taxa final que se deseja atingir.

O ponto médio (mediana) das expectativas de mercado para o fim do ano está em 9%, conforme aponta o boletim Focus, também publicado nesta terça.

Dados mostram mercado de trabalho aquecido

O mercado de trabalho interno é uma das principais preocupações internas do Copom. Os últimos dados divulgados mostram um mercado extremamente aquecido.

Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), foram criados 180,4 mil postos de trabalho com carteira assinada em janeiro, mais do que o dobro registrado no mesmo mês de 2023.

A taxa de desemprego em janeiro estava em 7,6%, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar de ter havido uma ligeira alta em comparação a dezembro (7,4%), esse indicador é o menor para o primeiro mês do ano desde 2016.

A Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) identificou um reajuste real dos salários de 2% em janeiro, o mais alto para esse mês desde 2007 e o melhor resultado desde 2013. Além disso, uma prévia para fevereiro indica que 94,6% dos reajustes salariais superaram o INPC, principal índice utilizado para correção dos salários.

O Comitê expressou preocupação com os efeitos da ampliação dos ganhos reais no período mais recente e com a aceleração do crescimento da massa salarial, destacando a dinâmica prospectiva da inflação de serviços.

Diante desse cenário, o órgão da autoridade monetária ressalta que permanece atento à dinâmica dos rendimentos, conduzindo pesquisas para avaliar o grau de ociosidade no mercado de trabalho e seus possíveis impactos sobre a inflação de serviços.

Setor de serviços está sob olhar atento do Copom

O Comitê de Política Monetária (Copom) também expressa preocupação com o setor de serviços, que registrou um crescimento de 2,4% nos últimos 12 meses até janeiro, em comparação com o mesmo período anterior. Esse aumento é ainda mais elevado nos serviços prestados às famílias, com um crescimento de 4,2%.

No entanto, o Copom destaca que a inflação de serviços apresenta desafios. Especificamente, os componentes subjacentes dessa inflação, que excluem choques temporários, bem como itens intensivos em trabalho, têm gerado surpresas inflacionárias recorrentes. Essa dinâmica levanta questionamentos sobre a velocidade do ritmo de queda da inflação.

O órgão da autoridade monetária avalia que o mercado de trabalho, com reajustes salariais acima da meta de inflação e sem ganhos de produtividade correspondentes, pode potencialmente atrasar a convergência da inflação à meta, que é de 3% com uma tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]