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A greve dos professores universitários federais completa três meses nesta semana. A paralisação prolongada deve fazer com que o calendário acadêmico deste ano seja estendido para 2013 na maioria das 57 instituições que aderiram ao movimento. Mesmo sem previsão para o retorno das aulas, assim que elas voltem, o conteúdo do primeiro semestre deverá ser retomado a partir do ponto em que foi interrompido. Só depois disso é que poderá ser iniciado efetivamente o segundo semestre letivo.

Enquanto a Federação de Sindicatos de Professores de Instituições Federais de Ensino Superior (Proifes) aceitou, no começo do mês, a proposta do governo federal para a categoria, as outras três entidades sindicais nacionais rejeitaram o acordo e prometeram intensificar a paralisação. Os professores das três universidades federais do Paraná – UFPR, UTFPR e Unila – também foram contrários ao projeto governista, que prevê reajustes de 25% a 40% até 2015 e diminuição do número de níveis de carreira de 17 para 13.

Na terça­-feira passada, 197 docentes da UFPR decidiram, em assembleia, pela manutenção da greve. De acordo com a Associação dos Professores da Universidade Federal do Paraná (Apufpr), apenas um professor votou pelo fim da paralisação. No mesmo dia, 93 professores da UTFPR também participaram de uma assembleia – 85 deles optaram pela continuidade do movimento.

Na Universidade Federal da Integração Latino­Americana (Unila), os docentes pretendem se reunir mais uma vez nesta semana para discutir as pautas locais e nacionais. "Precisamos que o governo sinalize a retomada da discussão, avance na reestruturação da carreira docente e envolva questões de infraestrutura. Nossa sede nova está longe de ficar pronta e estamos em situação precária", afirma a presidente Gisele Ricobom, presidente da Associação dos Docentes da Unila (Adunila). Segundo ela, há cursos sem laboratório e faltam salas de aula.

Sem previsão

O presidente da Apufpr, Luís Allan Künzle, diz que uma nova audiência foi solicitada ao governo federal, mas prevê que as aulas não devem voltar nas próximas semanas. "Os estudantes têm de entender que a luta por condições de trabalho é uma luta para oferecer uma boa universidade. Neste contexto, a gente não tem perspectiva de curto prazo. Vai atrasar o semestre e prevejo um agravamento na situação, pois não vemos postura de negociação do governo federal. É uma pena."

>>>Brasil afora

Confira o que professores federais de vários estados brasileiros estão fazendo durante a greve e o que eles pensam dela:

"Sou diretor da Associação dos Docentes da Unila (Adunila) e membro do comitê local da greve. O movimento por aqui tem outro formato. Os docentes se reúnem periodicamente para contribuir com o avanço da instituição. Sou professor com dedicação exclusiva e, quando não estou lidando com questões da greve, faço somente os demais trabalhos de pesquisa e extensão dentro da própria universidade, além de orientações e planejamento para melhoria institucional."Gilson Oliveira, professor de economia da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila).

"Com o indicativo de greve, parei as minhas atividades na graduação, no mestrado, em pesquisa e extensão. Apenas continuei a participar de congressos científicos. No Ceará, estamos em paralisação desde 12 de junho. acredito que a greve se faz necessária por questões salariais, plano de carreira docente e estrutura das universidades. No meu caso, sou doutor com dedicação exclusiva, mas o salário está muito aquém do investimento que fiz na carreira." Paulo Eduardo Lins Cajazeira, professor de Comunicação Social da Universidade Federal do Ceará (UFC).

"Não participei da greve. Finalizei minhas atividades de sala de aula do primeiro semestre normalmente. Agora estou orientando estudantes de pós-graduação, participando de bancas diversas, elaborando pareceres, escrevendo artigos para serem publicados e preparando apresentações a serem feitas em congressos. todas as atividades típicas e esperadas de um docente. Só não poderei iniciar minhas atividades de sala de aula do segundo semestre porque este não teve início na UnB. Na verdade, o primeiro semestre não terminou." Jairo Eduardo Borges-Andrade, professor de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB).

"O professor que está efetivamente compromissado com sua profissão não para nunca. A aula é parte das suas atribuições, mas o bom professor universitário tem outras tarefas [inclusive aquelas chatérrimas, as funções administrativas]. Eu continuei lendo, pesquisando e escrevendo dois livros. Considero a greve justa, houve uma enorme expansão das instituições sem o aumento no número de docentes, de funcionários e da infraestrutura."Marco Antonio Villa, historiador e professor de Ciências Sociais na Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR).

"Por aqui, todos os docentes aderiram ao movimento de greve e agora só tem alguns atendimentos na pós-graduação. Sou professor de um curso extracurricular que tem duração de uma semana e costuma ter uma boa procura. Com a greve, ela está maior ainda, principalmente entre os alunos de graduação, que estão parados e ansiosos pela falta de atividades regulares." Gilson Nunes Maia, físico e tecnólogo em automobilística, técnico administrativo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

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