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Carlos Alberto Parreira voltou à África do Sul para encarar a missão de levar a instável seleção local pelo menos até a segunda fase do Mundial | Rogan Ward Reuters
Carlos Alberto Parreira voltou à África do Sul para encarar a missão de levar a instável seleção local pelo menos até a segunda fase do Mundial| Foto: Rogan Ward Reuters

O maior desafio de Carlos Alberto Parreira na África do Sul será evitar o fiasco de jogar em casa e não chegar sequer à segunda fase, algo inédito para um anfitrião de Copa do Mundo. O treinador, de 67 anos, vai para o seu sexto mundial co­­mo técnico, a primeira dirigindo o país-anfitrião, e aposta na experiência de ter comandado o Brasil no tetracampeonato em 1994 para superar um grupo com México, França e Uruguai.

Quais as chances de a África do Sul superar o melhor desempenho do continente em Copas, as quartas de final de Camarões em 1990?

A seleção da África do Sul não está entre as melhores do continente africano. Tanto é que ela é apenas a 85ª colocada no ranking da Fifa. Não se classificou para a última Copa Africana de Nações e existem quatro ou cinco seleções africanas que estão, no momento, tecnicamente na frente. Viemos ao Brasil para aprender e ganhar experiência [a seleção está treinando na Granja Comary, em Teresópolis]. Nenhum dos que jogam na Europa veio, somente os que atuam na África, para fazer um trabalho final de praticamente três meses. Um período no Brasil, outro na Ale­ma­nha e o final na África do Sul já com quem joga no exterior.

Como avalia o Grupo A da Copa do Mundo?

Talvez o grupo mais difícil da Copa. Temos o México, que sempre está presente em Copas, com jogadores experientes. O Uruguai, que tem a tradição de campeão do mundo. E a França, que não está em uma fase técnica excepcional, mas tem ótimos jogadores e também é campeã mundial. Tudo isso só nos dá ânimo para trabalhar muito, lutar, brigar e aproveitar da melhor forma possível o período de preparação para ver se jogando em casa, com o apoio do torcedor, nós conseguimos o objetivo de pelo menos passar para a segunda fase.

Esta será a sua sexta Copa do Mundo como treinador, mas a primeira na qual o senhor treinará o país- anfitrião. Há muita diferença na atual situação?

Tem diferença. Embora a seleção que dirijo não esteja entre as melhores da África e não seja uma das favoritas, sempre existe uma expectativa muito grande. O torcedor pensa com o coração e quer que o time se classifique. Tem uma cobrança e uma pressão grande. Não tenha dúvida de que a responsabilidade é enorme.

Quais semelhanças vê entre o futebol brasileiro e o sul-africano?

Os sul-africanos são bem pequeninhos. Então, a gente tem de usar o melhor que eles têm, que é a qualidade técnica, bola no chão e habilidade. Sem querer comparar com os brasileiros, mas essa é a melhor coisa que eles têm.

O que a Copa significa para a África do Sul?

A Copa será ótima e será uma surpresa para todo mundo. O nível dos estádios, dos hotéis, transportes... Não haverá problema de segurança, posso garantir que estão trabalhando muito em cima disso. O país é bonito e muito desenvolvido. Quem for para a Copa ficará surpreso positivamente. E sem dúvida que a Copa é muito importante para o povo. É a maneira de se divulgar o país no exterior.

Como é a relação entre brancos e negros na seleção? No futebol do país o racismo ainda é presente?

A gente não percebe tanto. Moro lá há três anos e evidentemente se fala muito do racismo, mas eu, por exemplo, moro numa área muito boa, rica de Jo­han­nesburgo. Tem shoppings, restaurantes e com uma quantidade grande de brancos e negros frequentando os mesmos ambientes. Portanto não se percebe uma coisa tão agressiva. Evidentemente que existem os guetos. Como por exemplo o Soweto, onde só vivem os negros, e condomínios de luxo onde há apenas brancos. Tem o rúgbi, que é um esporte predominantemente de brancos, e o futebol, que é predominantemente de negros. Na seleção, por acaso, só tem um branco jogando. Mas não é porque existe racismo. Tinha outros três, quatro bons, mas que saíram.

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