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Danny Jordaan corresponde, na Copa de 2010, ao que foi Franz Beckenbauer no Mundial da Alemanha, em 2006. Embora não tenha o magistral retrospecto futebolístico do kaiser, é Jordaan, chefe executivo do Comitê Organizador, quem responde pelos preparativos da África do Sul para receber a primeira edição do torneio no continente africano. A dois meses do jogo de abertura, o dirigente atualiza os ajustes para a competição. A entrevista, exclusiva para a Gazeta do Povo, foi concedida ao jornalista sul-africano Tiyani wa ka Mabasa, repórter da Kick Off, a principal revista do país sobre futebol.

Segurança garantida

Muito tem sido escrito na imprensa mundial sobre os alarmantes índices de criminalidade da África do Sul. O ministro de Segurança Nathi Mthethwa, na tentativa de arrefecer os temores dos turistas que virão ao país para o torneio, disse que uma força policial adicional de 41 mil oficiais foi recrutada para garantir a segurança dos 450 mil visitantes esperados durante a Copa.

A África do Sul registra uma média de 50 assassinatos por dia, segundo as estatísticas, fazendo dela o país mais violento no mundo.

No entanto, R$ 490 milhões têm sido investidos em segurança e Jordaan confia que o país tem feito o suficiente para convencer os potenciais visitantes de que a segurança está garantida.

"Não temos sido mais questionados sobre criminalidade. Estive com o presidente Jacob Zuma no Reino Unido e não nos foi perguntado sobre isso. Apenas sobre transportes e hotelaria. Em conjunto com o Reino Unido, temos trabalhado por maior segurança e acho que atingimos isso agora. Os visitantes podem ter certeza de que estarão seguros no nosso país", diz Jordaan.

Campo de jogo

Craques do futebol mundial como Kaká, Wayne Roo­ney e Cristiano Ronaldo estão vindo para a África e, segundo Jordaan, encontrarão no país as mesmas condições para desenvolver seu jogo que estão acostumados em suas ligas.

"Nós temos alguns dos melhores hotéis no mundo e estamos em condições de oferecer aos jogadores as melhores condições de jogo, não só nos estádios principais, mas também com reformas de campos de treinamento", assegura.

Pesadelo encerrado

Os africanos vinham sofrendo para se adaptar ao sistema on-line de venda de ingressos da Fifa. A metodologia foi modificada e os 700 mil tíquetes restantes serão vendidos de maneira mais ágil a partir do meio de abril.

"A última etapa começa dia 15 de abril, em centros de venda por todo o país. As pessoas vão até lá e comprarão os ingressos diretamente no balcão, o que é muito mais fácil para todos. Estou confiante de que todos os ingressos serão vendidos", diz o dirigente. "Iremos às regiões de Polokwane e Mbombela/ Nelspruit dizer às pessoas que, como anfitriãs, elas têm a responsabilidade de adquirir os ingressos. Esperamos que as vendas no balcão ajudem a amenizar as dificuldades com a comercialização via internet."

Elefantes-brancos

A África do Sul investiu uma fortuna construindo e reformando dez estádios por todo o país, o que, como se diz por aqui, custou ‘um braço e uma perna’ aos contribuintes. A conta inclui R$ 1,2 bilhão em estádios, R$ 1,2 bilhão na melhoria dos aeroportos e R$ 800 milhões para benfeitorias em toda a rede de transporte terrestre. A preocupação geral é de que os estádios se transformem em elefantes-brancos depois da Copa.

"Temos dez estádios, quatro deles em uso: Loftus Versfeld, Ellis Park, Free State e Royal Ba­­fo­­keng. Todos são antigos e sempre seguiram o conceito de multiuso, recebendo jogos de futebol e rúgbi, concertos e protestos políticos. Isso é um bom augúrio de que os novos estádios serão utilizados da mesma maneira após a Copa do Mundo. O Estádio Moses Mabhida, em Durban, por exemplo, tem um restaurante no seu interior, o que significa que as pessoas vão frequentá-lo não apenas pelo futebol", diz Jordaan.

União nacional

Infelizmente, a África do Sul sofreu com o regime do apartheid. Em 1995, um ano após a primeira eleição democrática, a seleção sul-africana de rúgbi conquistou a Copa do Mundo da modalidade em casa e apesar da opressão do governo branco ao povo negro no passado, a nação uniu-se em glória. O futebol é o mais popular esporte da África do Sul e Jordaan acredita que o jogo pode unir o país muito mais que o rúgbi.

"Não há comparação entre uma Copa do Mundo de futebol e uma de rúgbi. Nós esperamos mais de 70 mil torcedores por partida e o rúgbi levava 30 mil. Haverá 32 seleções de futebol competindo e no rúgbi eram 16. Temos países da Ásia, África, América do Norte e do Sul e ou­­tras regiões que o rúgbi não atinge. Os fãs sul-africanos vão surpreender durante a Copa. Já ve­mos mais gente vestindo a camisa dos Bafana no futebol de sexta-feira, algo que não acontece com o rúgbi. Isso aconteceu apenas depois de eles terem vencido a Copa do Mundo", disse.

Legado para o futebol

Jordaan ainda revela que haverá muitos outros benefícios para o país. O mais importante, se­­gundo ele, será o crescimento do futebol local, especialmente no aspecto administrativo. "O que queremos como legado é o seguinte: se pudermos ter muitos funcionários da nossa liga e da nossa confederação trabalhando na Copa, isso significa que eles terão a experiência de ter trabalhado em uma Copa do Mundo. Portanto, eles devem ser capazes de levar à melhoria na organização do futebol no país e mais tarde no mundo", aposta.

Crescimento econômico

A economia sul-africana também deve colher be­­nefícios expressivos e ser imensamente grata à Copa do Mundo com a geração de empregos e o crescimento do país. O ponto de referência é um recente estudo da consultoria Grant Thornton, que aponta uma injeção de R$ 5,2 bilhões na economia sul-africana, sendo R$ 3,1 bilhões em in­­vestimentos diretos e a criação de 159 mil novos empregos. Há, ainda, a expectativa do imensurável ganho na imagem do país pelo mundo, o que pode atrair novas oportunidades de investimento e abertura de mercados. O futuro apresenta-se brilhante para a África do Sul e, potencialmente, para o restante do continente.

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