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Gripe aviária: medidas são tomadas em estado que é grande produtos e exportador
No Paraná, setor produtivo pede reforço em medidas de biosseguridade| Foto: Gilson Abreu/AEN

Depois de a proposta sobre criação de região autônoma para prevenção de riscos econômicos contra a gripe aviária não ter prosperado nas tratativas com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), os três estados do Sul do país definiram, em conjunto com o governo federal, que todos terão condições autônomas ou interdição de forma municipalizada. Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul respondem por 60% da avicultura comercial do Brasil.

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Segundo o presidente do Fórum de Sanidade do Brasil (Fonesa) e da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Otamir Cesar Martins, no caso de casos de influenza aviária (H5N1) de alta patogenicidade (IAAP) serem detectados em criações domésticas ou comerciais, o município onde houve o registro ficará impedido de realizar exportações.

Segundo Martins, a posição clara adotada por países que são grandes compradores da carne de frango brasileira, como Japão e Coreia do Sul, reforçaram a tomada desta decisão, que já está valendo. “O Japão nos sinalizou que, no caso de registro de influenza em aviculturas comerciais, que se interdite o município e o restante do estado está livre (para vender)".

Cerca de 70% do frango consumido no Japão têm origem no Brasil, pontua Martins. "A Coreia também aceitou (essa metodologia) e isso nos deixa um pouco mais aliviados do ponto de vista comercial, mas o alerta em biosseguridade segue”, reiterou ele, ao lembrar que, com isso, estados inteiros não ficariam impedidos de enviar seus produtos a países que aderiram ou possam compartilhar dessa posição.

Paraná está eliminando aves no litoral

O Paraná, maior produtor avícola do Brasil. tem registro de 12 casos de gripe aviária, todos em animais silvestres e em municípios litorâneos. O estado concentra 27% de todos os plantéis (450 milhões de cabeças), de acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral), e responde por 39% das exportações desta carne brasileira.

Por lá, o primeiro registro de gripe aviária foi em maio. Como medida preventiva, o estado iniciou uma força-tarefa em parceria com o Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar) para remoção de todas as aves caseiras em municípios litorâneos. A ação, chamada de despopulação, está ativa 24 horas por dia e todas as famílias estão sendo indenizadas.

“As famílias estão sendo indenizadas para que, por seis meses, não se tenha avicultura caseira nessa região por onde chegaram os animais infectados”, esclareceu Martins.

Segundo o presidente do Fórum de Sanidade, assim, só permanecerão no litoral as aves silvestres migratórias, que não há como controlar. No caso de chegarem doentes, a não existência de plantéis caseiros diminui o risco de proliferação a aves domésticas, com perigo potencial às granjas comerciais. “Quando se pensa em aves migratórias, o fluxo é sempre pelo litoral. Acreditamos que os casos sigam então nesta região, como na maioria dos estados, e com medidas que possam conter o avanço das aves e da doença”, reforçou. Uma portaria do estado do Paraná também proíbe a entrada e saída de aves desta na região.

Para Martins, um dos aspectos positivos é o fato de a maior concentração as granjas comerciais paranaenses estar muito longe de cidades banhadas pelo mar, o que segundo ele dificulta o avanço de espécies migratórias. Praticamente toda avicultura comercial do estado está concentrada entre as regiões sudoeste e oeste, que têm distância média de 600 quilômetros do litoral.  “Mas é importante reforçar que há outras medidas em curso. Tendo qualquer registro na avicultura caseira, o estado vai regionalizar por município (...) a biossseguridade será um desafio constante pelos próximos anos e décadas”.

Caso de gripe aviária em granja caseira de SC coloca setor em alerta

No fim do mês passado, Santa Catarina confirmou um caso de influenza aviária em uma granja caseira no município de Maracajá, no sul catarinense. Na semana passada, o estado adotou a medida de interdição municipalizada, segundo informou o presidente do Fórum de Sanidade Brasil.

Assim que a infecção foi confirmada, a Secretaria de Agricultura de SC destacou que o registro não comprometia a condição do estado e do país como livre da doença. “Mas desde sexta passada houve a interdição do município”, completou Martins.

Para dar corpo a essa medida e garantir mais detalhes sobre ela, um encontro envolvendo representantes do Mapa e de toda a cadeia produtiva está agendado para o dia 31 em Porto Alegre (RS). O evento também deve ser focado no principal período da migração de aves que está se aproximando, com a chegada dos meses mais quentes do ano. “A biosseguridade nas granjas é o que vai segurar (a chegada da doença) para plantéis comerciais”, alertou.

O secretário da Agricultura do Paraná, que também é o coordenador do Conselho Nacional dos Secretários de Agricultura, Norberto Ortigara, destacou que as medidas preventivas precisam ser reforçadas e adotadas por todos. “Sanidade (animal) sempre é um desafio, pela mobilização, pela estratégia técnica, pela ciência. Superamos a febre aftosa, isolamos a peste suína, aprendemos e estamos em processo de conviver com a ferrugem asiática há 13, 15 anos e, mais recentemente, com a ameaça da gripe aviária, que, por muita sorte, foram apenas alguns casos em aves da natureza. Mas há dois registros no Brasil, no Espírito Santo e em Santa Catarina, detectados em aves domésticas. Isso provocou um estresse no mercado”, reconheceu.

No Paraná, segundo o secretário, as mais de 60 empresas comerciais da avicultura, dentre elas pouco mais de 30 que exportam, estão com protocolos intensos e adequações constantes, reforçando as necessidades de adoção rigorosa das boas práticas preventivas, em toda a cadeia.

Para o presidente da Cortiguaçu Cooperativa Central e diretor-presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, a gripe aviária está no topo das listas de preocupação do mercado de proteínas. “É um assunto de extrema preocupação. Está controlada, há o cuidado de toda a cadeia, mas seguimos em alerta constante. Toda a cadeia está extremamente envolvida  com todas as práticas de biosseguridade para evitar que os casos cheguem aos nossos plantéis comerciais”, explicou.

O registro em granjas comerciais representaria uma catástrofe financeira ao setor. A Cotriguaçu congrega, entre outras do segmento, quatro grandes cooperativas que atuam no mercado de frangos: a Coopavel, com sede em Cascavel (PR), a LAR, situada em Medianeira (PR), a C.Vale, no município de Palotina (PR) e a Copacol, que fica em Cafelândia (PR). Juntas, as quatro exportaram no primeiro semestre mais de US$ 500 milhões somente da cadeia aves, segundo a Secretaria de Comércio Exterior.

Em todo o Brasil, há a confirmação de 85 focos de gripe aviária. O Espírito Santo segue sendo o estado com mais casos: 29. No Sul são 12 focos no Paraná,  nove em Santa Catarina e um no Rio Grande do Sul.

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